O ator Sean Penn em cena do filme "Gangster Squad", de Ruben Fleischer (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2013 às 06h21.
Los Angeles - A violência estilizada de "Gangster Squad", que chega nessa sexta-feira às telas dos Estados Unidos, encontra um clima de alta sensibilidade, algumas semanas após o massacre em uma escola de Newtown (Connecticut) e após adiar vários meses sua data de estreia original pelo massacre de Aurora (Colorado).
A fita dirigida por Ruben Fleischer, com um elenco de estrelas como Josh Brolin, Ryan Gosling, Emma Stone e Sean Penn, tinha estreia inicialmente prevista para 7 de setembro, mas a Warner Bros. decidiu adiar o lançamento pela proximidade da tragédia em um cinema de Aurora, onde em julho morreram 12 pessoas e 58 ficaram feridas, e, de quebra, eliminar uma cena que lembrava muito a tragédia.
A estreia, no entanto, acabou sendo agendada para outro momento de luto, desta vez pelo ataque em Newtown, onde morreram 27 pessoas - incluindo 20 crianças -, que provocou um forte debate na sociedade ao que os integrantes da fita não são alheios.
"Somos apenas atores. Não tenho armas em casa e fico nervoso quando preciso filmar com elas", disse Brolin em uma coletiva de imprensa da equipe do filme em Los Angeles. "Certamente existe uma sensibilidade especial. Mas é preciso observá-la de um ponto de vista universal", acrescentou.
"Há os videogames, as drogas, o desemprego, os pais que não ficam em casa... Há tantos e tantos fatores! Como a "CNN", que enfoca o pior dos fatos. Não existe uma razão única. Sempre houve violência nos filmes e sempre haverá. Se isso pode levar um psicótico a cometer coisas horríveis sempre será um mistério", acrescentou.
Na versão original havia uma cena dentro do mítico Teatro Chinês de Hollywood, em que mafiosos abriam fogo contra o público por trás da tela. Os atores precisaram retornar às gravações para rodar uma sequência em Chinatown que a substitui.
"Estou orgulhoso de ter feito isso, e de que não tenha comprometido o filme. Todos devemos respeitar a tragédia e não criar associações de nossa fita com esses fatos", disse Fleischer.
O filme se passa em Los Angeles, em 1949. A cidade vive sufocada pelo domínio do mafioso Mickey Cohen (Sean Penn, com forte sotaque nova-iorquino), que controla a venda de as drogas e armas, a prostituição e inclusive o mercado das apostas sob a proteção das autoridades e de políticos.
Mas um grupo de policiais que agem à margem da lei se reúne para pôr fim ao legado de Cohen, incluindo o sargento Jerry Wooters (Gosling), indeciso quanto à proposta do sargento John O"Mara (Brolin) já que mantém uma relação sentimental com a principal garota de programa de Cohen, encarnada com ares de "femme fatale" por Emma Stone.
É a segunda vez que Gosling e Emma atuam juntos, dois dos rostos jovens mais solicitados de Hollywood, após a comédia "Amor a Toda Prova" (2011).
"Ela me deve dinheiro e continuar trabalhando com ela é a única maneira que tenho de tentar recuperá-lo", brincou o canadense. "E eu quero continuar trabalhando com você, mse você deixar", respondeu a atriz.
O filme, além de seu argumento, propõe uma sugestiva recriação dos anos dourados de Hollywood, cheios de glamour e luxo, tarefa nada fácil para um diretor especialista até hoje em comédias ("Zumbilândia", de 2009 e "30 Minutes ou Menos", de 2011).
"A transição foi tranquila pelo elenco (filme) que temos, que garantiu uma grande autenticidade (ao filme). Queríamos fazer uma espécie de declaração de amor à cidade e acho que o filme transporta o espectador a essa época. Eu, como diretor, me limitei a pôr (as coisas) em ordem, era como o professor na sala", definiu Fleischer, que destacou o trabalho de Penn como coadjuvante.
"É um dos melhores atores vivos e um grande diretor, então não dormi muito nas noites antes de lhe dar ordens. Foi muito generoso, com seu talento", elogiou.