Painel da Art Basel (Harold Cunningham/Getty Images)
Guilherme Dearo
Publicado em 18 de junho de 2020 às 10h13.
Um quadro de US$ 5,5 milhões de Cecily Brown, uma estreia com quadros esgotados em Nova York da artista emergente Katja Farin e muitas outras obras de arte encontraram compradores on-line durante as paralisações.
O mercado de arte de US$ 64 bilhões, o epítome da elite viajada, navegou pelas quarentenas melhor do que o previsto. Agora, com a reabertura de galerias de Hong Kong a Berlim, os maiores desafios ainda podem estar por vir.
“Será um ano difícil para todas as categorias de galerias - de médio porte, novas e grandes”, disse Thaddaeus Ropac, um negociador de arte destacado com espaços em Salzburgo, Paris e Londres, onde as galerias tiveram permissão para reabrir na segunda-feira.
Compradores exigem descontos de até 30% em novas obras e 50% no mercado secundário, segundo negociadores de arte. A moratória, incluindo empréstimos de resgate do governo ou reduções de aluguel, desaparecerá. E as feiras de arte, uma das maiores fontes de receita para galerias, não voltarão em breve. A mostra Art Basel, onde mais de US$ 3 bilhões em obras de arte geralmente estão em jogo, cancelou sua edição anual na Suíça.
Algumas reaberturas não foram tranquilas. Galerias em Seul tiveram que ser novamente fechadas depois do ressurgimento de casos do Covid-19 na Coreia do Sul no mês passado. Pelo menos uma galeria em Berlim foi fechada e multada após não cumprir regras de distanciamento social.
“As pessoas estão nervosas e ansiosas”, disse Heather Hubbs, diretora-executiva da New Art Dealers Alliance, uma associação de Nova York. “Ainda existem muitas incógnitas.”
Os meses de verão são tradicionalmente lentos. E, embora as vendas on-line tenham sido uma tábua de salvação durante as medidas de isolamento social, não serão suficientes para sustentar um setor que prospera em encontros pessoais com a arte. Mais de 150 galerias nos Estados Unidos disseram que previam uma queda média de 73% da receita do segundo trimestre em relação a 2019, de acordo com pesquisa realizada de 15 de abril a 4 de maio.
Grandes nomes não foram poupados. A Hauser & Wirth, uma das maiores galerias do mundo, teve que adiar a inauguração de seu carro-chefe em Chelsea até o outono.
Larry Gagosian, o meganegociador original, conseguiu realizar um jantar em uma de suas unidades no Chelsea para comemorar a exibição de uma escultura monumental de Donald Judd - pilhas de madeira compensada - na véspera da quarentena.
“Foi como a Última Ceia”, disse Gagosian, proprietário de 18 galerias no mundo inteiro. O público nunca chegou a ver a peça.
As feiras de arte também se tornaram virtuais, com resultados diversos. O site da Art Basel Hong Kong saiu fora do ar logo depois de ser lançado em meados de março. Mas, quando a Frieze New York foi aberta on-line em maio, a Hauser & Wirth encontrou um comprador para um quadro de US$ 2 milhões de George Condo, segundo Marc Payot, presidente da galeria.
No outro extremo do espectro, a galeria Lubov, em Nova York, vendeu todos os novos quadros de Katja Farin, de 24 anos, com preços entre US$ 1 mil a US$ 4 mil. O sucesso foi impressionante, porque a artista de Los Angeles havia perdido o emprego como preparadora de arte, pois galerias e museus demitiram trabalhadores freelancers.
“Que oportunidade incrível de comprar obras que você ama que também ajuda alguém a sobreviver”, disse Jeremy Kost, artista e colecionador que comprou dois quadros.
Com a colaboração de Andrew Blackman.