Samsung revela detalhes sobre novo smartphone com tela dobrável (Samsung/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 1 de setembro de 2020 às 11h00.
Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 14h27.
A segunda versão do Z Fold, o smartphone que vira um tablet da Samsung, está sendo apresentada por alguns poucos veículos de mídia selecionados, entre esses a EXAME, ao mesmo tempo, na manhã da terça-feira 1 de setembro. Alguns poucos jornalistas puderam assistir a uma apresentação virtual do produto nos dias anteriores, depois de assinar um termo de confidencialidade, de que nenhuma informação iria vazar antes disso.
O segredo se justifica. Esse é o lançamento mais importante do ano para a Samsung. Se a Apple revolucionou o mercado de smartphones com o iPhone, em 2007, a Samsung quer se apropriar do conceito das telas dobráveis, apesar de não ter sido a pioneira na tecnologia. A categoria está agrupada na chamada família Z – seria uma referência à geração Z, jovens nascidos a partir da segunda metade dos anos 1990?
A empresa coreana tem hoje dois modelos dobráveis no mercado. Primeiro veio o Z Fold, lançado em 2019, praticamente um tablet que fica do tamanho de um smartphone normal. No começo deste ano foi apresentado o Z Flip, do tamanho de um celular normal, e que fica bastante reduzido ao ser dobrado. A segunda versão do Z Fold era bastante aguardada, até pelo que os especialistas apontaram de melhorias necessárias.
O princípio do aparelho é simples. Com o celular aberto, a funcionalidade fica similar a de um tablet. Assim como seu antecessor, quando é fechado o Z Fold 2 ativa a segunda tela na parte de trás.
Antes de entrar na apresentação do Z Fold 2, vale uma reflexão sobre a estratégia da Samsung. Este será o celular mais caro do mercado brasileiro, superando justamente o antecessor Z Fold, que estava sendo vendido no Brasil por 12.999 reais – no momento está esgotado. Com isso, o recado parece claro: a marca coreana é capaz, sim, de entregar não apenas um item de muita qualidade, mas um objeto de desejo, como o iPhone se tornou.
A Apple fez uma parceria com a Hermès, que forneceu uma pulseira de couro para uma versão premium do Apple Warch. A Samsung agora entra no mercado da alta moda com uma collab com a grife americana Thom Browne. A versão do Z Fold 2 vem com as tradicionais listras em vermelho, azul e branco no modelo prata metálico. A linha também contempla versões do Samsung Watches e os fones sem fio.
Será um celular premium, voltado para profissionais qualificados e executivos C-Level, que cumpre a função de um tablet com a praticidade de um smartphone. Apesar das novas funcionalidades e do design futurista, há um quê de vintage em um celular em que você fecha e guarda no bolso.
Alguns usuários reclamaram de funcionalidades do Z Fold, como o encaixe da dobra, que deixa o aparelho com largura excessiva e um pequeno espaço quando fechado, e a marca no meio da tela, quando está aberto. Com relação à dobra, o tamanho foi reduzido, para 13,8 milímetros. Vai ser suficiente? Só com o manuseio será possível responder. Com respeito à marca da tela, os vídeos mostram uma superfície completamente lisa. Novamente, será preciso comprovar na prática.
O preço final e as condições de venda no Brasil serão divulgadas na quarta-feira, 2 de setembro. Introdução feita, vamos à apresentação do Z Fold 2.
Design
A experiência começa pela embalagem. Por fora está a letra Z, como indicação da família dos telefones dobráveis. Dentro está a caixa com abertura para os lados, simulando o desdobrar do celular, com os mesmos grafismos do bloqueio de tela inicial.
Por fora, as curvas estão mais arredondadas, facilitando o encaixe da mão. O celular pode ser dobrado em até 180 graus. Com o celular aberto, no formato de tablet, a área de trabalho cresceu de 7,3 para 7,6 polegadas em relação ao primeiro Z Fold. E isso com um tamanho ligeiramente menor ao antecessor, de 15,9 por 6,8 centímetros quando fechado. Como? Apenas eliminando espaços não aproveitados nas bordas das telas. O peso é de 282 gramas.
O Z Fold 2 vem em duas cores principais. Uma delas é a Mystique Bronze – aliás, bastante similar a dos novos MacBooks, apresentados no ano passado. A outra cor é a Mystique Black, um preto fosco, muito elegante. Existem ainda as versões customizadas, em quatro cores: azul, vermelho, dourado e prata.
Câmeras
Assim que o usuário tira uma foto, ele pode ver a anterior, sem precisar acessar o rolo da câmera. Quando uma pessoa tira foto da outra, o sujeito consegue se ver por uma das lentes e pode orientar o fotógrafo. Uma função ainda permite acionar o disparador da câmera ao simplesmente levantar a mão.
Um dos grandes atrativos do Z Fold 2 são as múltiplas combinações de enquadramento e exposição das três câmeras de trás, uma angular com abertura f1.8, uma super angular f2.2 e uma tele de aproximação f2.4. Os números significam que todas recebem bastante luz. As três câmeras têm 12 MP.
Quando o celular está dobrado, a metade de apoio funciona como um tripé, para fotos de longa exposição em ambientes com pouca luz no Night Mode, por exemplo. Uma combinação de 30 fotos permite destacar as cores com nitidez e realçar detalhes que antes não apareciam.
Com uma das metades apoiada em uma superfície também é possível assistir vídeos com conforto, sem precisar segurar o aparelho na mão na mão. Na tela que fica sobre a mesa aparecem os comandos. Ou seja, não é preciso mais passar o dedo sobre a tela de exibição para dar pausa ou voltar uma cena.
Quando o celular está dobrado, os sensores reconhecem a posição do celular, e o vídeo sempre vai passar na tela de cima. Se você virar novamente o celular, a imagem passa automaticamente para a tela superior.
Com uma metade apoiada em uma superfície também é possível gravar vídeos sozinho, com facilidade. A função de Auto Framing identifica corpos e rostos e permite fazer o enquadramento automática da pessoa. Se entra mais alguém, o foco é ajustado automaticamente nos dois sujeitos. Tudo pensado, como diz a apresentação da Samsung, no jovem que tem um vlog.
O som é capturado da frente ou de trás do celular, ou até de ambas as direções.
Também pensando no momento atual, a Samsung desenvolveu com o Google uma interface mais amistosa para o Google Meets, com uma distribuição mais simétrica dos espaços de cada participante.
Multitarefa
Uma pesquisa da Samsung apontou que 70% dos usuários do Z Fold, entre os que possuíam tablet, passaram a concentrar as tarefas no celular. A ideia com a segunda geração, além de aperfeiçoar o primeiro modelo, foi tornar o gadget mais intuitivo.
Uma outra pesquisa com donos do Z Fold na Coreia e nos Estados Unidos apontou que 34% usam dois aplicativos ao mesmo tempo, contra 4% dos usuários de outros smartphones. Com o celular dobrável, 71% as pessoas passaram a ver mais vídeos e 35% a jogar mais games. Ao mesmo tempo, 76% preferem usar apenas um dispositivo.
Assim como no Fold, aqui é possível navegar em três aplicativos ao mesmo tempo, na vertical e na horizontal. Basta configurar o modo de exibição. Com o dedo, pode-se arrastar os conteúdos, desde que os aplicativos abertos sejam compatíveis. Por exemplo, levar um dado de uma planilha Excel para o Outlook ou para o Power Point. Os ícones do aplicativo ficam escondidos em uma barra lateral, que é acionada também com o toque na tela. Na parte de experiência do usuário, pode-se minimizar o efeito do touch screen ao manusear a tela.
A Samsung garante ainda que o novo Fold vem com alto-falantes de alta qualidade e placas de vibração melhoradas, que dispensam o uso de caixas de som adicionais acionadas por Bluetooth.
Sobre as espeficações, vale dizer que a capacidade interna é de 256 GB, memória RAM de 12 GB e compatibilidade com rede 5G.
Em certo momento da apresentação comenta-se que o Z Fold 2 não é mais um dispositivo para ajudar na relação com a tecnologia, "e sim para ajudar a navegar as mudanças aceleradas que acontecem este ano".