Painel de azulejos imita o quadro 'Guernica', de Picasso: pintor viveu e trabalhou no local de 1937 até depois da Segunda Guerra Mundial (Papamanila via Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2013 às 14h45.
O Comitê Nacional para a Educação Artística (CNEA) da França, que ocupa o ateliê onde Pablo Picasso pintou, em 1937, "Guernica", recebeu nesta quinta-feira uma ordem de expulsão, mas disse que continua esperando uma "solução amigável" do proprietário.
O famoso sótão onde Picasso viveu e trabalhou é propriedade desde 1925 da Câmara de Oficiais de Justiça de Paris, que pediu para o CNEA abandonar o local.
"Nós nos sentimos como em uma montanha-russa, não sabemos muito bem o que vai acontecer", declarou à AFP o responsável por esta associação cultural, Alain Casabona, que disse que espera que a ordem de expulsão não seja executada.
"Queremos ter a garantia solene de que a Câmara de Oficiais de Justiça de Paris não executará este decreto", afirmou Casabona.
O local em litígio, onde Picasso (1881-1973) viveu e trabalhou de 1937 até depois da Segunda Guerra Mundial, está localizado no número 7 da rua de Grands Agustins, perto da avenida Saint Germain des Près.
O CNEA ocupa desde o início do século o ateliê de forma gratuita, em troca de se responsabilizar por mantê-lo. Em 2002, este comitê, que organiza ali atividades artísticas, realizou obras para renovar o local, que esteve abandonado durante anos.
Mas os proprietários exigiram que o CNEA abandone o local e diante da negativa recorreram ao Tribunal de Grande Instância de Paris, que ordenou no dia 4 de julho a expulsão da associação.
Decidido a resistir, o CNEA apelou da decisão e organizou nesta quinta-feira uma coletiva de imprensa no ateliê, que contou com a presença da atriz Charlotte Rampling e do violinista Didier Lockwood, que participam das atividades da associação.
Nesta coletiva de imprensa, Casabona disse que é analisada "uma solução amistosa com um herdeiro de Picasso que negocia atualmente com a Câmara de Oficiais de Paris".
Ele não revelou o nome do herdeiro envolvido para não colocar em risco as negociações, mas indicou que a ideia seria criar uma fundação.
Mas quando a coletiva de imprensa terminou, um oficial de justiça chegou e entregou a Casabona a ordem de expulsão". "Temos 15 dias para deixar o local", advertiu Casabona.