Jayda G se apresenta no palco durante o Panorama Music Festival de 2017. (Ilya S. Savenok/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 15 de abril de 2021 às 06h00.
O Spotify atraiu centenas de milhões de pessoas ao streaming sem atingir sua outra grande ambição: quebrar o domínio das grandes gravadoras e permitir que os artistas vendam seus trabalhos diretamente aos fãs.
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O veterano da indústria musical sueca Joel Broms Brosjo, que co-fundou o aplicativo Soundtrack Your Brand, apoiado pelo Spotify, e fez parte da equipe que fundou a plataforma de streaming Beats Music, está instigando a criatividade mais uma vez, desta vez no campo de shows transmitidos ao vivo.
Milhares de músicos têm feito shows online em seus quartos, estúdios e garagens para tentar sobreviver ao colapso na receita de turnês e shows, levantando dinheiro por meio de ferramentas de engajamento de fãs, como Bandcamp e Patreon. Broms Brosjo diz que o hábito permanecerá após a reabertura econômica.
Ele está lançando um serviço chamado Doors para que os artistas organizem e façam shows online, se comuniquem com os fãs e gerenciem a venda de ingressos e royalties em um só lugar. Ao abordar um problema que atormentou a indústria incipiente, a falta de shows em alta qualidade que possam ser acessados por milhares de espectadores simultaneamente, Broms Brosjo espera resolver outro: convencê-los a pagar por isso.
“Não havia nenhuma plataforma realmente séria que possibilitasse a inevitável transformação digital do mercado de eventos”, disse Broms Brosjo, que é presidente-executivo da Live Doors AB, em entrevista.
O serviço fará pré-estreia na quarta-feira e vai ao ar oficialmente em 19 de abril depois de levantar US$ 1,8 milhão em novembro com artistas, empresários e produtores musicais. O cofundador da Pinterest, Evan Sharp, foi um dos primeiros a apoiar, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. A iniciativa planeja levantar fundos adicionais para desenvolver o serviço durante o verão.
Os músicos ganham cerca de três quartos de sua receita com a venda de ingressos, de acordo com Broms Brosjo, e a receita com ingressos de shows ao vivo foi próxima a US$ 23 bilhões em 2019. Os consumidores dos EUA gastaram US$ 610 milhões em shows virtuais em 2020, mais do que com downloads e CDs, de acordo com pesquisa da MusicWatch.
É fácil realizar uma transmissão ao vivo no Facebook, Twitch ou YouTube para chamar a atenção para o seu trabalho, mas também é mais difícil ter uma renda decente com isso.
No momento, costuma ser muito parecido com uma apresentação improvisada, com artistas incentivando doações dos fãs caso gostem da música. Se a audiência atinge um nível que deveria gerar royalties de streaming significativos, recuperar esse dinheiro pode ser difícil, pois as grandes plataformas tecnológicas financiadas por anúncios geralmente não têm os direitos de transmissão das músicas.
Broms Brosjo diz que o Doors vai dar um passo além das plataformas de transmissão ao vivo, oferecendo uma bilheteria mais avançada e permitindo que os artistas vendam em todo o mundo com base em relatórios de impostos e direitos autorais, além de ter ferramentas de mediação e design de evento personalizável.
O Doors enviará 70% de sua receita para os artistas, após pagar os direitos de execução e as organizações de gestão coletiva, segundo Broms Brosjo.
Grandes empresas de música, como os grupos Universal Music e Warner Music, ainda dominam a indústria, mas a ideia de colocar os músicos no controle total de sua produção e distribuição tem ganhado terreno graças a novas ferramentas que permitem que artistas independentes distribuam seus trabalhos e coletem royalties.
No mês passado, a Apple liderou uma rodada de investimento de US$ 50 milhões na UnitedMasters, uma startup que permite que os artistas façam upload de suas músicas em serviços de streaming enquanto driblam as gravadoras. Em janeiro, a Live Nation Entertainment comprou a maior fatia de ações da rival do Doors, a Veep, por uma quantia não revelada.