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Florença celebra os 500 anos de "O Príncipe", de Maquiavel

Cidade comemora 500 anos de redação da obra fundadora da ciência política, com uma exposição que explora sua gênese no contexto da época

Palazzo Vecchio, na cidade italiana de Florença, é visto em 8 de março de 2010 (Filippo Monteforte/AFP)

Palazzo Vecchio, na cidade italiana de Florença, é visto em 8 de março de 2010 (Filippo Monteforte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 16h44.

Roma - Florença comemora, nesta terça-feira, os 500 anos de redação de "O Príncipe", de Maquiavel, obra fundadora da ciência política, com uma exposição que explora sua gênese no contexto da época.

Concluído em 10 de dezembro de 1513 e dedicado a Lorenzo II de Médici, duque de Urbino, o célebre tratado de Nicolau Maquiavel (1469-1527), redigido em apenas dez meses, se tornou, com o passar dos séculos, um substantivo (maquiavelismo) e um adjetivo (maquiavélico), que explica a doutrina de que os fins justificam os meios.

Juntamente com "Pinocchio", de Carlo Collodi, o livro de Maquiavel é o texto de um autor italiano mais traduzido no mundo, afirmou Valdo Spini, presidente do Comitê florentino para as comemorações dos 500 anos da obra do escritor, durante uma coletiva de imprensa realizada em Roma.

"Maquiavel foi o fundador da ciência política, aquele que entendeu primeiro que o poder não foi concedido por Deus, mas que é temporal", explicou Spini, elogiando "a modernidade" do texto do teórico político.

Para homenagear uma das personalidades mais importantes do Renascimento, que foi diplomata e filósofo, foi organizada uma exposição com o lema "O caminho do Príncipe".

O comitê organizador quer desfazer também o estereótipo que foi propagado pelo mundo de que o italiano "é dúbio e oportunista", como sugere o livro, ao desnudar as verdadeiras práticas do poder.

Pertencente a uma família nobre de Florença, Maquiavel, um advogado, esteve a cargo de um escritório público, viajou a várias cortes em França, Alemanha e outras cidades-estado italianas para cumprir missões diplomáticas.

Durante a República Florentina (1494-1512), colaborou com o austero Girolamo Savonarola, antes do retorno ao poder de Lorenzo de Médici, o Magnífico, amante do esplendor.


Acusado de conspiração, ele foi torturado e teve que se exilar em seguida, período em que desenvolveu a atividade literária, ganhando influência crescente.

No entanto, morreu a poucas semanas da queda dos Médici, em 21 de junho de 1527, aos cinquenta e oito anos, sem ter recuperado seu cargo no serviço público, após ter sido chanceler e secretário da Segunda Chancelaria.

"'O Príncipe' é fruto de sua experiência e de suas reflexões", resumiu Spini.

A exposição, que ficará em cartaz até fevereiro de 2014, inclui 90 documentos assinados por Maquiavel, o manuscrito "A Arte da Guerra", assim como cartas codificadas, pinturas e retratos, explicou Silvia Alessandri, vice-diretora da Biblioteca Nacional de Florença.

Maquiavel, que defendeu sempre a República Florentina, dedicou o livro a Lorenzo de Médici, com a esperança de que lhe desse a graça que nunca alcançou.

À Florença daquela época corresponde também o magnífico "David" de Michelangelo, elaborado entre 1501 e 1504, encarregado pelas autoridades republicadas para "representar a resistência ao tirano", explicou Francesca de Luca, responsável do Museu dos Ofícios para o século XVI.

Outro florentino célebre na época era Leonardo da Vinci, que será lembrado através do enorme afresco perdido "La batalla de Anghiari" (Tavola Doria), elaborado entre 1503 e 1504 e descoberto em 2012 atrás de um falso muro no salão do Palazzo Vecchio, sede da prefeitura de Florença.

A pintura, que acreditava-se ter sido destruída em meados do século XVI, será exposta pela primeira vez em Florença antes de voltar ao museu de Tóquio, que a adquiriu sem saber que tinha sido roubada, em virtude de um acordo bilateral.

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