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Férias da pandemia: como 2020 influenciou as tendências de viagem para 2021?

Agências Somos e Novelo lançam pesquisa exclusiva à Casual EXAME sobre o turismo na pandemia em 2020 e quais tendências de viagem permanecem em 2021

Viagens (Stefan Cristian Cioata/Getty Images)

Viagens (Stefan Cristian Cioata/Getty Images)

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Julia Storch

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 13h53.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 09h41.

O turismo foi um dos setores que mais sofreu os efeitos da pandemia do Covid-19. Sem passageiros, visitantes e hóspedes, a cadeia turística sofreu, em especial entre os meses de março e junho, quando os números de mortes pelo coronavírus estavam no pico da primeira onda. Ainda com o isolamento social, como diversas pessoas aproveitaram o trabalho remoto? E, mesmo com o início da vacinação, como a pandemia mudou para sempre o mercado de turismo? As agências Somos e Novelo com o Airbnb respondem a essas perguntas e revelam as tendências de viagem para 2021, em pesquisa exclusiva à Casual EXAME.

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As restrições impostas pela pandemia tiveram efeito direto na economia do país e, consequentemente, no dinheiro que o brasileiro guarda. Segundo o Banco Central, o saldo na poupança atingiu o maior número desde 1995. Pela primeira vez, são mais de 1 trilhão de reais guardados na poupança. O que revela que o brasileiro está economizando seu dinheiro pelo adiamento ou cancelamento de planos atingidos diretamente pela pandemia, um deles o setor de turismo.

Em termos brutos, o mercado de turismo movimentou 12,8 bilhões de reais em setembro de 2020, triplo do valor registrado em abril, pior momento do setor, mas ainda longe dos 19,9 bilhões de reais registrados em setembro de 2019, segundo a pesquisa. 

A pesquisa das agências, feita com análise de dados da ANAC, Google Trends, DER-SP, e com entrevistas com 25 brasileiros de classe A e B, com idades entre 25 e 50 anos, revelou que, desde abril de 2020 os brasileiros abandonaram as viagens de caráter etnográfico - em que consumir a cultura local e explorar o turismo em seus diversos aspectos era a prioridade. A pandemia ressignificou o termo “viajar”: como restabelecer a saúde mental e a dos relacionamentos. Muitas pessoas se juntaram com familiares e amigos, saíram de suas casas e partiram para o campo e o litoral em casas isoladas das multidões. 

Alterar a rotina familiar ao mudar de endereço, mesmo que temporariamente, foi uma das principais motivações para viajar durante a pandemia, revelou a pesquisa. “A gente não aguentava mais aquela rotina em casa, todo mundo se esbarrando. Nossa relação estava desgastada, então começamos a planejar viagens com amigos que viajávamos antes”, contou o gaúcho André, de 38 anos, que em agosto alugou uma casa em Ibiraquera para passar cinco dias com um casal de amigos.

Fazer as malas e alugar uma casa com amigos, foi um jeito de mudar a rotina na quarentena. (Thomas Barwick/Getty Images)

Segundo dados do Google Trends, a taxa de interesse pelo Airbnb no Brasil caiu em meados de março (início da pandemia) e começou a crescer novamente na segunda semana de junho, quando a curva de infecção e mortes no Brasil ainda estava subindo. Já na terceira semana de agosto, as buscas pelo site foram três vezes maiores que no mesmo período de 2019.

O que o brasileiro procura quando planeja viajar?

Na praia ou na montanha? Os gostos pelos destinos mudaram com a pandemia. De acordo com a pesquisa qualitativa realizada, as praias ainda são destinos desejados e procurados entre aqueles que desejam locar um imóvel, mas perderam o posto nas buscas, já que a maioria dos entrevistados preferiu partir para o interior das grandes capitais, como as serras, por terem menos aglomerações que as praias.

Além disso, o contato com a natureza foi uma forte influência para a escolha das viagens. “Pois, gera a percepção de que quanto mais próximos estão da natureza, mais distantes se sentem da possibilidade de contrair o vírus”, revelou a pesquisa que também descobriu que  trabalhar na praia, no campo e na serra, trouxeram mais produtividade no trabalho ou na educação dos filhos.

Dos sites de aluguel de casas temporárias, o Airbnb foi a plataforma mais procurada. A pesquisa revelou que o site é reconhecido como a plataforma mais confiável para a locação de quartos e imóveis, “pois tem um status construído a partir de sua imagem internacional e experiências positivas prévias”.

À pesquisa, a professora gaúcha Renata, de 36 anos, afirmou que a confiança na plataforma aumentou após experimentar a política de cancelamento de uma viagem no início da pandemia, porque estava com medo de viajar. “Eu tinha reservado um apartamento em Bombinhas antes da Páscoa e estava um pouco preocupada em perder o dinheiro da reserva. O valor foi estornado rapidamente. Gostei muito da política de cancelamento”. A experiência positiva fez com que ela retornasse ao site menos de um mês depois, quando reservou um chalé em São Francisco de Paula para ir com o marido em maio.

Outro ponto que faz com que o Airbnb seja confiável, é o contato com o anfitrião. “Todos os entrevistados atribuíram grande parte do sucesso na experiência ao anfitrião, e isso inclui sua disponibilidade e acessibilidade antes da reserva”, revelou a pesquisa. 

Pelo asfalto ou pelo ar. Como o brasileiro pretende viajar?

Viajar para locais perto de casa impactou o sistema aéreo brasileiro. Dados da pesquisa mostram que o último dia em que o sistema viário brasileiro manteve a média de 330 mil passageiros transportados foi em 13 de março. No dia seguinte, caiu para 265 mil. No pior dia, o Brasil transportou apenas 9.615 passageiros em 25 de abril.

FINANCAS 2

Locadoras de carros tiveram crescimento com a pandemia, enquanto a taxa de passageiros em aeroportos diminuiu. (Germano Lüders/Exame)

Ainda com poucos voos, a pesquisa da Novelo investigou quais rotas foram mais frequentes durante o ano passado. “Houve um aumento na relevância de voos mais longos, principalmente entre Sudeste e Norte/Nordeste, e movimentos interestaduais saindo de aeroportos menos conhecidos para as capitais, principalmente da rota Recife para o Rio de Janeiro (com aumento de quase 250 vezes)”. 

Com o esvaziamento do aeroporto de Congonhas em São Paulo, os voos acabaram se concentrando em Guarulhos e Viracopos, em Campinas. “Logo, a ponte aérea Congonhas (SP) - Santos Dumont (RJ), trecho mais popular do Brasil, despencou na popularidade, o que sugere também um uso maior do carro para trechos do tipo”. 

As viagens de carro, de fato, cresceram. No terceiro trimestre de 2020, a demanda por carros alugados foi tão grande que as locadoras registraram recordes financeiros. “Na Movida, a taxa de ocupação dos veículos chegou a 82,7%, o maior número da história da empresa.” Revelando que os dados da queda de passageiros nos aeroportos refletiu nas viagens de carro, “o brasileiro está preferindo carros a aviões para trajetos de curta e média distância”, segundo a pesquisa. 

A maioria dos entrevistados das agências afirmam ter planos de viagem próximos. Porém, para o feriado do carnaval, nenhum entrevistado tinha reservas de viagem. “Eu não sei o que vou fazer, mas acho que vou passar em casa mesmo, com minha família. Dá medo, as estradas estão muito cheias”, afirmou Jorge, 46 anos, carioca da Vila Isabel que completou com esperança, “mas eu sei que quando a vacina chegar, vou viajar muito”.

Veja também: Como será o turismo pós-pandemia? | EXAMINANDO

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