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Feira de Frankfurt será marcada por questões políticas

"Este ano estamos com uma situação especial. O mundo está revoltoso", disse o presidente da Associação de Livreiros Alemães, Heinrich Riethmüller


	Feira do livro de Frankfurt: "Nosso dever não é tolerar tudo, mas mostrar a tolerância", disse, antes de frisar que os livros podem desempenhar um papel importante neste sentido
 (Getty Images)

Feira do livro de Frankfurt: "Nosso dever não é tolerar tudo, mas mostrar a tolerância", disse, antes de frisar que os livros podem desempenhar um papel importante neste sentido (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 15h01.

Berlim - A Feira do Livro de Frankfurt, a maior do mundo no setor e que será inaugurada oficialmente nesta terça-feira, espera uma edição marcada pela política e por temas como a defesa da liberdade de expressão, o diálogo com o mundo islâmico e a crise dos refugiados.

"Este ano estamos com uma situação especial. O mundo está revoltoso", disse o presidente da Associação de Livreiros Alemães, Heinrich Riethmüller, durante a entrevista coletiva de abertura.

Riethmüller acrescentou que as crises que afetam o mundo encontram atualmente sua expressão na Europa com a chegada de centenas de milhares de refugiados "em busca de paz e liberdade e de uma vida digna".

Por outro lado, ele lembrou o atentado contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo no começo do ano com o qual, disse, "os editores e livreiros alemães viram quão necessário é reforçar a defesa da liberdade de palavra".

Nesse contexto, Riethmüller comemorou a presença, na feira, do escritor Salman Rushdie, para muitos um ícone da luta pela liberdade de expressão por ter sido condenado à morte pelo regime iraniano após a publicação de seu livro "Os Versos Satânicos" (1988).

Falando em inglês, Rushdie disse que, quando se perde a liberdade de expressão, todos os outros direitos desaparecem, e que embora a literatura seja forte, os autores são frágeis, e depois abandonou a entrevista sem responder perguntas.

O caso de Rushdie, segundo Riethmüller, não é o único que mostra que a liberdade de expressão não é algo que possa ser considerado óbvio em todas as partes do mundo e citou uma série de exemplos de escritores que foram alvo de perseguição por causa de suas obras.

São casos como o da poetisa mexicana Susana Chávez Castillo, que deu voz às mulheres assassinadas em Ciudad Juárez em seu poema "Sangue nuestra" ("Sangue nosso", em tradução livre) e há quatro anos foi encontrada estrangulada.

Mais recente foi o do jornalista saudita Raif Badawi, preso em seu país e a quem é aplicada desde janeiro, a prazo, "uma bárbara condenação a mil golpes de chicote", como lembrou Riethmüller.

Após citar esses dois casos e outros, Riethmüller voltou ao tema dos refugiados e o desafio que representa conseguir sua integração à sociedade europeia.

"Nosso dever não é tolerar tudo, mas mostrar a tolerância", disse, antes de frisar que os livros podem desempenhar um papel importante neste sentido.

"A literatura constrói pontes e prepara o terreno para a tolerância", argumentou.

O país convidado de honra desta edição é a Indonésia, que se apresenta com o lema "17.000 ilhas da imaginação".

"Somos um país pouco conhecido na Europa e queremos abrir uma porta para que as pessoas aqui tenham uma imagem da diversidade de nosso arquipélago", disse o diretor do comitê organizador da apresentação indonésia, Goenawan Mohamad

A feira será inaugurada hoje à noite, mas abrirá as portas ao público de amanhã a domingo, quando o escritor alemão de origem iraniana Navid Kermani receberá o Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães.

No total, cerca de 7 mil expositores de 100 países estarão no evento em Frankfurt.

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