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Família "Bozo" armada em pôster do show do Dead Kennedys causa polêmica

Banda americana de punk rock nega que pôster era oficial, enquanto ilustrador diz que arte era oficial até a banda se assustar com a repercussão

Pôster promocional para anunciar shows do Dead Kennedys no Brasil: banda fará quatro shows no país (Facebook/Divulgação)

Pôster promocional para anunciar shows do Dead Kennedys no Brasil: banda fará quatro shows no país (Facebook/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 24 de abril de 2019 às 10h18.

Última atualização em 27 de abril de 2019 às 00h10.

São Paulo - Um suposto pôster promocional dos shows no Brasil da banda americana de punk rock Dead Kennedys, compartilhada no perfil oficial da banda no Instagram, causou polêmica.

Em clara provocação aos eleitores do presidente Jair Bolsonaro, a ilustração mostra uma família, vestida com camisas da seleção e maquiagem de palhaço, empunhando armas e dizendo: "Eu adoro o cheio de pobre morto pela manhã", uma clara referência à frase icônica do filme Apocalypse Now: "Eu adoro o cheiro de Napalm pela manhã" (em referência às bombas incendiárias empregadas na Guerra do Vietnã).

A ilustração mostra ainda tanques do Exército com uma bandeira similar à do nazismo, mas com um cifrão no lugar da suástica. Ao fundo, uma comunidade em um morro é incendiada. Também faz menção à corrupção "subterrânea" dos políticos.

Pôster polêmico anuncia shows do Dead Kennedys no Brasil

Pôster polêmico anuncia shows do Dead Kennedys no Brasil (Facebook/Divulgação)

Após o pôster viralizar, ele foi apagado do perfil da banda na rede social. A banda então divulgou o comunicado abaixo no perfil, desautorizando o pôster e negando que a arte tenha sido oficial:

"Chegou ao conhecimento do Dead Kennedys que um pôster foi publicado promovendo os shows que a banda fará no Brasil. Este pôster foi publicado para promover os shows sem o conhecimento do Dead Kennedys e não é autorizado. O Dead Kennedys é uma banda punk americana icônica, conhecida por suas declarações políticas e por possuir uma forte postura antifascista e anti-violência.  No entanto, a banda sente que não pode presumir saber o bastante sobre as situações em outros países para divagar sobre suas políticas específicas. O pôster divulgado não reflete uma declaração política ou o posicionamento do Dead Kennedys. A mensagem básica da banda tem sido, e ainda é, pedir às pessoas que pensem por elas mesmas, não dizer a elas o que pensar."

Contudo, o ilustrador do pôster, o brasileiro Cristiano Suarez, chegou a postar em um story que a arte era oficial, mas a banda se assustou com a repercussão. O comunicado foi posteriormente apagado do perfil da banda. Cristiano também retirou o pôster e a postagem do seu feed após a polêmica.

A polêmica e a suposição de que a banda voltou atrás na provocação rendeu protestos dos fãs brasileiros no perfil da banda no Facebook e também memes.

Também deu a deixa para músicos brasileiros, como João Gordo, vocalista da banda punk Ratos de Porão, adotarem o pôster "renegado":

A banda de punk rock se apresenta no Circo Voador, no Rio de Janeiro, no dia 23 de maio, e no Tropical Butantã, em São Paulo, no dia 25 de maio. No dia 26 de maio, faz um show em Brasília, enquanto no dia 28 de maio se apresenta em Belo Horizonte. Os ingressos custam até 350 reais.

Os shows marcam uma turnê de homenagem aos 40 anos da banda, conhecida pelo hit "Holiday in Cambodia". A música fala sobre o genocídio de cerca de 2 milhões de pessoas, perpetrado no país asiático por Pol-Pot e seu partido comunista entre os anos de 1975 e 1979.

O ícone da banda, o vocalista Jello Biafra, famoso por seu discurso anárquico e contra guerras, deixou o grupo no começo dos anos 2000, quando perdeu o controle do catálogo da banda na Justiça, após uma briga com os outros integrantes por direitos autorais.

Em um show que a banda fez no Brasil em 2001, já sem o vocalista, Biafra chegou a apontar que os músicos estavam sendo gananciosos e fazendo shows para "enganar" os fãs latinos. "Os fãs têm de decidir se querem ou não fazer parte dessa farsa", chegou a declarar, à época.

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