O zagueiro David Luiz chora diante do trágico placar na partida contra a Alemanha (Reuters/Ruben Sprich)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 21h12.
São Paulo - Um dos principais craques do bicampeonato de 1962, Amarildo estava inconformado com a derrota do Brasil para a Alemanha.
"Foi um pesadelo. Tomar sete gols é uma coisa que nenhum de nós brasileiros pensaria, é impossível. Parecia um jogo de profissionais contra um time de bar, de fábrica. É uma coisa tão massacrante", disse, emocionado, momentos após o jogo.
Quando Neymar se machucou, ele foi usado como exemplo porque, na época, substituiu Pelé, que se contundiu, e ajudou o Brasil a chegar ao título. Ou seja, havia uma esperança de que a seleção pudesse mostrar um bom futebol mesmo sem seu craque.
Só que isso não ocorreu. Mesmo assim, Amarildo defende os atletas. "Não devemos sacrificar os jogadores, são coisas que acontecem no futebol. Algo que será inesquecível para a seleção".
O ex-atacante também apontou a decadência do futebol brasileiro, que tem mostrado um futebol distante do que tornou a seleção famosa no mundo todo.
"Só ter o Neymar para desequilibrar é complicado. É difícil falar do futuro. Vamos sofrer para formar uma seleção de valor como foram as equipes de 58, 62, 70 e 82. O futebol brasileiro teve uma caída muito brusca", lamentou.
O ex-zagueiro Julio Cesar concorda com Amarildo. Ele esteve nesta terça-feira no Mineirão e viu, de perto, o fracasso da equipe. Para ele, o Brasil, pelo que mostrou na Copa, não tinha condições de chegar ao título.
"A seleção não tem conjunto, não tem esquema tático, não tem uma jogada. Já a Alemanha não erra passes, faz triangulações e tem jogadas em profundidade. A gente está muito mal preparado, não dava para ser campeão desse jeito", afirmou.
Ele até acha que o time alemão diminuiu o ritmo no fim do jogo, evitando uma tragédia maior ainda em Belo Horizonte. "Não tem muito o que falar. O Brasil foi muito mal, era para ter sido mais. Sorte que a Alemanha tirou o pé no segundo tempo", continuou.
Outro jogador que fez sucesso no futebol alemão, Paulo Sérgio criticou a forma como o Brasil entrou em campo. Para ele, Felipão não deveria ter escalado Bernard como titular.
"Poderia ter colocado Willian ou Hernanes. O jeito era montar um time com muita marcação no meio para tomar a bola e partir no contra-ataque, mas a gente também não tinha esse jogador. Tudo isso somado, mais as falhas individuais, deu nessa lavada", explicou, lembrando que já imaginava que o Brasil sofreria bastante diante de um rival muito bem preparado.
O abismo entre as duas seleções também foi percebido pelo ex-zagueiro Mauro Galvão, que defendeu o Brasil nas Copas de 1986 e 1990. Para ele, o Brasil não estava preparado para enfrentar a Alemanha.
"Quando você vai jogar com uma grande seleção, precisa saber tudo sobre ela. Entramos de uma forma muito aberta em campo, contra uma seleção forte. Tomamos sete gols e poderia ter sido pior. Eles estudaram a gente, investiram no lado esquerdo, que a seleção tem mais dificuldade, atacavam sempre com o Müller por ali e concluíam por dentro", analisou.