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Evino aproxima pequeno produtor brasileiro do consumidor

E-commerce prolonga a ação de venda de vinhos de pequenos nacionais

Vinhos: o comércio de vinhos online é um dos poucos setores que cresceu no período da quarentena (Don Guerino/Divulgação)

Vinhos: o comércio de vinhos online é um dos poucos setores que cresceu no período da quarentena (Don Guerino/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 7 de julho de 2020 às 10h21.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 17h27.

O comércio de vinhos online é um dos poucos setores que cresceu no período da quarentena. Com isso, a  Evino, que só trabalha com e-commerce, viu-se numa situação bastante privilegiada. O número de garrafas vendidas no segundo trimestre de 2020 pela empresa ficou 57% acima do planejado para o período. O número de garrafas importadas  janeiro e abril deste ano aumentou 72% entre em comparação ao mesmo período de 2019. “Então, sentimos que tínhamos de devolver para a sociedade de alguma forma”, diz o co-CEO Ari Gorenstein. “Distribuímos máscaras, álcool gel, como todo mundo fez. Mas aí pensamos: ‘Qual a nossa missão?’. ‘Democratizar o vinho’. Então, surgiu a ideia de dar apoio para pequenas vinícolas nacionais.”

A ação, que começou no início de junho, deu tão certo que será prorrogada até o final de julho pelo menos. No início, envolvia três vinícolas: Vinícola Cainelli, de Bento Gonçalves, Vinícola Don Giovanni, de Pinto Bandeira, e Vinícola Bertolini, de Encruzilhada do Sul, todos municípios do Rio Grande do Sul. Todas vinícolas pequenas, que produzem entre 3 mil e 100 mil garrafas ao ano. E, em julho, o site decidiu acrescentar mais um produto de outra vinícola: o bag in box da Vinícola Don Guerino, de Alto Feliz, também no Rio Grande do Sul. Uma empresa um pouco maior, que produz 500 mil garrafas ao ano.

Vinícola Don Guerino: vinhos no e-commerce crescem na quarentena

Vinícola Don Guerino: vinhos no e-commerce crescem na quarentena (Don Guerino/Divulgação)

A escolha passou pela curadoria usual, mas teve como critério também a dificuldade que o produtor estava encontrando para chegar até o consumidor. “Os pequenos produtores, em especial os gaúchos, têm grande parte de seu faturamento associado às atividades de enoturismo e à compra na loja da vinícola”, Gorenstein. “Muitos deles não vendem em supermercado. Com a quarentena, eles viram sua fonte de receita cessar da noite para o dia. Pensamos, então, em ajudar quem estivesse precisando. Claro, qualquer pequeno produtor pode abrir um e-commerce. Mas esses sites não têm o tráfego e a demanda do nosso.” Segundo ele, as margens de lucro praticadas nessa ação são menores do que as que o site tem costume de aplicar.

Precisar de ajuda não é demérito nenhum, ainda mais neste momento. São todos vinhos de muita qualidade dentro das suas categorias, com até três opções por  produtor e rótulos entre R$ 48,90 e R$ 109,90 (segundo Gorenstein, preços um pouco abaixo dos preços de mercado). Na compra de três garrafas, o frete é grátis. A aceitação por parte do público foi tão grande que durante junho a Evino precisou repor de três a quatro vezes os estoques de cada rótulo. Por isso, em alguns momentos, pode acontecer de faltar um produto ou outro cuja reposição ainda não chegou.

Muito conhecida pela qualidade de seus espumantes, a Vinícola Don Giovanni também é famosa pelo charme de sua pousada, que se divide entre um casarão antigo e alguns chalés próximos aos vinhedos, pela boa comida de seu restaurante e pela simpatia do casal de proprietários, Dona Bita e senhor Ayrton (na verdade, já passaram a empresa para os filhos, mas continuam frequentando o local). A vinícola produz 100 mil garrafas de vinho por ano. Mesmo assim, o turismo para eles costuma representar 35% do faturamento anual. E a venda na loja da vinícola 20% das vendas totais.

“Para a Don Giovanni, essa ação foi de grande valia, pois foi aberta uma porta que manteve nosso faturamento com números satisfatórios”, diz Daniel Panizzi, diretor. “A Evino tem um grande número de clientes ativos, e isso se reflete diretamente em vendas! E quando se trata de pequenos produtores, esses números são muito representativos”. Mesmo, assim, a vinícola decidiu pisar um pouco no freio e adiou as obras de reforma da pousada e de instalação do Garden, uma área aberta para eventos e piqueniques.

“ O setor está apresentando um resultado positivo nestes primeiros cinco meses, comparado com 2019”, diz Panizzi. “Mas isso é reflexo das grandes vinícolas que representam mais de 90% do mercado de vinhos do Brasil. Logicamente, este cenário não pode ser aplicado aos mais de 500 pequenos produtores, que não estão no varejo e nos e-commerces e, dependem, praticamente do turismo. Ações como esta são de vital importância para o setor do vinho brasileiro, e para uma mudança cultural do consumidor”.

Vinícola Don Giovanni (Adriana Franciosi/Divulgação)

Vinhos Cainelli

Vinhos Cainelli (Cainelli/Divulgação)

O consumidor brasileiro desconhece a qualidade e a diversidade da produção nacional. Na maioria das vezes, conhece apenas meia dúzia de marcas grandes. Os pequenos têm dificuldade de chegar até ele. A distribuição de qualquer produto num país do tamanho do nosso é complicada. “O principal problema é a logística”, diz  Paula Guerra Schenato, enóloga-consultora da Vinícola Bertolini, um micro vinícola que produz 3 mil garrafas por ano. O advento do comércio online diminuiu um pouco o problema, mas não solucionou. “O valor do frete costuma inviabilizar as vendas para fora do Rio Grande do Sul”.

Schenato conta que a Bertollini tinha aumentado sua produção, contando com um crescimento nas vendas em restaurantes, que é o seu canal principal. “Acabamos tendo de vender a granel”, diz. Mas surgiu um novo canal. “Essa ação da Evino tem sido sensacional. Além de ajudar (e muito) financeiramente, permitiu que nossos vinhos chegassem a todos os cantos do Brasil. Temos recebido muitos comentários positivos sobre a ação e sobre nossos vinhos também”.

O canal de vendas é tão bom que a maioria dos produtores gostaria de continuar vendendo pelo site. “Gostaríamos de ampliar o portfólio”, diz Maicon Motter, da vinícola Don Guerino. “Assim cresceríamos muito!”. Os consumidores também gostariam.

Rótulos para todos os bolsos

Bag in Box Don Guerino Tinto - Um corte bordalês de cabernet sauvignon, merlot e tannat, é um vinho jovem, que acompanha bem comida. Um vinho frutado no nariz, mas seco na boca. Com taninos suaves. É uma grande pedida para a quarentena, especialmente para quem mora sozinho ou com alguém que não bebe vinho. O bag in box de 3 litros equivale a 4 garrafas, mas, como é a vácuo, dura semanas depois de aberto. A recomendação é, no máximo, 30 dias. Custa R$ 97,90, na Evino.

Don Giovanni Nature - Produzidos em Pinto Bandeira, a primeira Indicação de Procedência (IP)  do Brasil para espumantes, um terroir muito especial, os espumantes da Don Giovanni impressionam pelo equilíbrio e pela complexidade. O Nature é completamente seco, mas tem cremosidade. Feito pelo método tradicional, o corte de chardonnay com pinot noir passa no mínimo 24 meses na garrafa em contato com as borras finas. Isso traz a complexidade e também uma boa complexidade aromática. Sai por R$ 79,90, na Evino.

Origem 1929 Marselan 2014 - Um vinho potente, mas de taninos finos, bastante redondos, produzido pela Cainelli, uma vinícola familiar de Bento Gonçalves. Com aromas de frutas vermelhas e escuras sotto spirito, algo de flores secas, especiarias e uma leve baunilha de fundo. Um vinho de guarda, que já tem 6 anos mas deve aguentar ainda uns tantos anos. Fica em R$ 109,90, na Evino.

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