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Europa começa a derrubar divisão de gênero no transporte

Na Alemanha com uso intensivo de automóveis, homens viajam quase o dobro da distância de carro em comparação com as mulheres, que têm maior probabilidade de caminhar e usar o transporte público

Janina Albrecht na rua de ciclismo Taunusstrasse em Offenbach. (Alex Kraus/Bloomberg)

Janina Albrecht na rua de ciclismo Taunusstrasse em Offenbach. (Alex Kraus/Bloomberg)

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Julia Storch

Publicado em 7 de julho de 2021 às 16h32.

Para chegar às lojas e restaurantes do outro lado do rio Main em Offenbach, os pedestres do lado leste de Frankfurt precisam se esquivar de bicicletas e se apertar em um caminho que é um pouco mais largo do que um carrinho de bebê.

Em períodos de maior movimento, o problema muitas vezes força mães e filhos a pisarem momentaneamente na rua. Os motoristas de automóveis, por outro lado, têm duas faixas generosas, um sinal de prioridade desproporcional no planejamento urbano que favorece o uso de opções de mobilidade preferidos tradicionalmente pelos homens. É um conceito que está sendo repensado.

“Precisamos encontrar uma abordagem inclusiva e universal”, disse Janina Albrecht, designer de mobilidade que ajudou a introduzir ciclovias que conectam blocos residenciais em Offenbach com escolas e áreas comerciais. “Precisamos de lugares inclusivos, sensíveis ao gênero e sem barreiras.”

À medida que cidades da Europa buscam tornar os transportes mais ecológicos, também abordam questões de gênero. Na Alemanha com uso intensivo de automóveis, homens viajam quase o dobro da distância de carro em comparação com as mulheres, que têm maior probabilidade de caminhar e usar o transporte público. O planejamento urbano agora está sob pressão para tornar estradas menos focadas em torno dos homens que se deslocam para o trabalho.

Paris, Barcelona e Viena estão implementando políticas para desencorajar o tráfego de automóveis e favorecer pedestres e ciclistas. A capital francesa busca garantir que residentes tenham todos os serviços necessários em 15 minutos a pé, de bicicleta ou de transporte público. Barcelona está restringindo o tráfego nas principais estradas, enquanto a Áustria este ano está implementando acesso nacional ao transporte público por uma taxa anual fixa de 3 euros (US$ 3,60) por dia.

A questão é mais complexa do que carros versus bicicletas. Em algumas cidades, as mulheres pedalam menos, provavelmente porque as pistas não são largas ou seguras o suficiente, especialmente com carrinhos de crianças acoplados -- ressaltando a importância do design no transporte. Mas não há como negar que sistemas centrados em carros enfrentam pressão.

Numerosas iniciativas estão exigindo restrições a veículos pessoais. Uma dos mais radicais está em Berlim, onde ativistas pressionam por um plebiscito que proibiria automóveis particulares no centro da cidade em favor do transporte público, a pé e de bicicleta.

Ressaltando as diferentes demandas de gênero no transporte, as atividades diárias de mulheres envolvem vários locais ligados a creches, tarefas domésticas e empregos, criando demandas de transporte mais complexas do que um trajeto trabalho-casa tradicional.

Quando a diversidade é incorporada ao processo de planejamento, mudanças são perceptíveis. Em Oslo, as estações de compartilhamento de bicicletas foram inicialmente colocadas apenas em áreas centrais, com escritórios dominados por homens. A aceitação entre as mulheres foi limitada até que também foram adicionadas em áreas periféricas, perto de zonas residenciais.

Repensar o transporte vai além do gênero. Vieses de planejamento semelhantes desafiam migrantes, deficientes e pessoas que não podem comprar carros.

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