Casual

"Estou muito decepcionado", diz Djokovic após ser deportado da Austrália

Sem comprovar vacinação contra a Covid-19, tenista foi obrigado a deixar a Austrália e pode ser proibido de voltar ao país pelos próximos três anos

Novak Djokovic chega ao escritório de seu advogado em Melbourne para a audiência de emergência online do Tribunal Federal, que considerará sua investida final contra a deportação (AFP/AFP)

Novak Djokovic chega ao escritório de seu advogado em Melbourne para a audiência de emergência online do Tribunal Federal, que considerará sua investida final contra a deportação (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 16 de janeiro de 2022 às 11h01.

Novak Djokovic deixou a Austrália, neste domingo (16), depois que a Justiça rejeitou seu recurso contra sua deportação ordenada pelo governo, que considerou que o número um do mundo no tênis representava um "risco para a saúde" por não ter-se vacinado contra a covid-19.

Tomada por unanimidade pelos três juízes do tribunal, a decisão pôs fim às esperanças do sérvio, de 34 anos, de conquistar seu 21º título de Grand Slam, no Aberto da Austrália, que começa nesta segunda-feira (17).

"Estou muito decepcionado", disse Djokovic em um comunicado.

Sonha em ingressar no mercado de marketing digital? Clique aqui e descubra como dar o primeiro passo! 

"Respeito a decisão do tribunal e vou cooperar com as autoridades competentes em relação à minha saída do país", afirmou, pouco antes de deixar Melbourne, às 22h51 locais (8h51 em Brasília), segundo uma jornalista da AFP a bordo do avião.

"Agora vou tirar um tempo para descansar e me recuperar", disse o jogador, cuja carreira pode se ver seriamente afetada, após a decisão.

Djokovic foi autorizado a deixar o centro de detenção para imigrantes, onde estava detido desde sábado, e assistiu online, dos escritórios de seus advogados em Melbourne, à audiência de quatro horas de duração.

Em suas argumentações finais ao tribunal no sábado, o ministro da Imigração, Alex Hawke, argumentou que a presença de Djokovic no país era, "provavelmente, um risco para a saúde".

Segundo o ministro, fomentava o "sentimento antivacina", podendo dissuadir os australianos de receberem doses de reforço, no momento em que a variante ômicron se espalha rapidamente pelo país.

"Distúrbios civis"

A presença do campeão na Austrália poderia até "provocar um aumento dos distúrbios civis", acrescentou o ministro.

Embora tenha considerado como "insignificante" o risco de o próprio Djokovic infectar os australianos, o ministro disse que seu "menosprezo" pelas normas sanitárias contra a covid-19 era um mau exemplo.

Hoje, no tribunal, os advogados de "Djoko" classificaram a detenção e a possível deportação de seu cliente como "ilógicas", "irracionais" e "nada razoáveis".

Eles não conseguiram, porém, convencer os três juízes do Tribunal Federal, que rejeitaram o recurso por unanimidade, sem possibilidade de apelação.

Novak Djokovic foi preso em sua chegada à Austrália, em 5 de janeiro, e posto, inicialmente, em detenção administrativa.

O jogador, que disse ter contraído covid-19 em dezembro, esperava uma isenção para entrar no país sem estar vacinado. A alegação foi considerada insuficiente pelas autoridades.

Em 10 de janeiro, o governo australiano sofreu um revés humilhante, quando um juiz bloqueou a deportação de Djokovic, restabeleceu seu visto e ordenou sua libertação imediata.

Na sexta-feira, o ministro da Imigração contra-atacou e cancelou seu visto pela segunda vez, em virtude de seus poderes discricionários, alegando "razões de saúde e de ordem pública".

Em um comunicado publicado na última quarta-feira (12), o tenista admitiu ter preenchido incorretamente sua declaração de entrada na Austrália.

O 86 vezes campeão da ATP, que foi visto na Sérvia e na Espanha duas semanas antes de seu desembarque na Austrália, responsabilizou sua equipe, afirmando que houve um "erro humano".

"Incompetência"

Há quase dois anos, os australianos enfrentam algumas das restrições mais duras do mundo contra a covid-19. Além disso, com a perspectiva de eleições em maio, o contexto político ficou ainda mais carregado.

Nos últimos dias, aumentou a pressão sobre o primeiro-ministro conservador Scott Morrison, a quem a oposição trabalhista acusou de "incompetência".

Hoje, domingo, o governo australiano comemorou sua vitória legal.

"A sólida política de proteção de fronteiras da Austrália nos manteve a salvo durante a pandemia", declarou o ministro da Imigração, Alex Hawke, em um comunicado.

"Os australianos fizeram grandes sacrifícios para chegar a este ponto, e o governo de Morrison está firmemente comprometido com proteger essa posição", completou.

A reação do presidente sérvio, Aleksandar Vucic, foi bem diferente.

"Acham que, com dez dias de maus-tratos, humilharam Djokovic. Eles humilharam a si mesmos. Djokovic pode voltar para seu país de cabeça erguida e olhar para todo mundo olho no olho", rebateu.

Para a ATP, que administra o circuito profissional de tênis masculino, a decisão da Justiça "encerra uma série de eventos profundamente infelizes".

O lugar no quadro final do Grand Slam da Austrália será ocupado pelo italiano Salvatore Caruso, 150º no ranking mundial.

Acompanhe tudo sobre:AustráliaPandemiaTênis (esporte)vacina contra coronavírus

Mais de Casual

Literatura, streaming e exposição: confira as novidades culturais em setembro

Zegna reabre loja no JK Iguatemi com conceito 'luxo casual'

SP Boat Show: vendas podem superar R$ 500 milhões com embarcações de R$ 90 mil a R$ 15 milhões

Montblanc e Zinédine Zidane anunciam collab com acessórios de viagem