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Estética e funcional: conheça a marca de casaco que virou queridinha dos bilionários

Banqueiros, políticos e famosos são algumas das categorias que adotaram os casacos Berkowitz, que fez sucesso até mesmo no fórum de Davos

Casacos: além de um acabamento fino, esta marca de casacos se preocupa com a funcionalidade das peças, aguentar baixas temperaturas.  (Simbarashe Cha/The New York Times)

Casacos: além de um acabamento fino, esta marca de casacos se preocupa com a funcionalidade das peças, aguentar baixas temperaturas. (Simbarashe Cha/The New York Times)

MD

Matheus Doliveira

Publicado em 9 de março de 2021 às 06h40.

Última atualização em 12 de março de 2021 às 17h57.

Sete anos atrás, quando negociava commodities em Nova York, Michael Berkowitz, de 34 anos, descobriu que a melhor hora para falar com seu chefe ocupado era durante uma caminhada. "Se ele estivesse indo a uma reunião e eu precisasse de um tempo com ele, eu o acompanhava até lá", disse Berkowitz.

No inverno, porém, ele enfrentou um dilema. Berkowitz sempre acreditou no poder da vestimenta. "Sua altura, sua voz, são coisas fora do seu controle, mas a maneira como você se veste, não, e as pessoas julgam você com base nisso", afirmou.

Ele tinha dois casacos de inverno. Um era folgado e, segundo ele, "fazia parecer que eu estava em uma missão ártica". O outro era estruturado, chique e poderoso, mas não esquentava o suficiente e o deixava desconfortável pelo resto do dia.

(Simbarashe Cha)

Por que, ele se perguntou, não poderia comprar um casaco que aquecesse como sua jaqueta de esqui e que tivesse o corte e o design de seu casaco de lã?

Depois de muita pesquisa, Berkowitz descobriu o problema. Estilistas na Itália, onde não é especialmente frio, faziam os casacos mais bonitos, mas achavam que as temperaturas na casa dos cinco graus eram insuportáveis. Os casacos mais eficientes estavam vindo de países como o Canadá e a Escandinávia, onde os estilistas se importavam muito mais com a função. "Pensei: 'Precisamos misturar essas coisas.'" Nasceu então a Norwegian Wool.

Em 2014, o primeiro inverno da empresa, Berkowitz vendeu cem casacos em dois estilos diferentes para algumas lojas especializadas pelo nordeste dos Estados Unidos. Agora, vende 39 estilos em mais de cem lojas na América do Norte e na Europa, incluindo Saks, Bloomingdale's e Neiman Marcus. A empresa adicionou uma linha feminina em setembro de 2020, e também uma jaqueta esportiva mais casual para homens. Todos os itens custam de US$ 1.000 a US$ 3 mil.

Além disso, a Norwegian Wool rapidamente se tornou uma favorita entre o pessoal do mercado financeiro, os âncoras de televisão e os atores. Joe Kernen, apresentador do "Squawk Box", da CNBC, usou uma peça na apresentação ao vivo do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Patrick Dempsey também, em uma filmagem na gelada Nova York de sua nova série, "Ways and Means".

Richard Sharp, presidente da BBC e ex-banqueiro do Goldman Sachs, comprou dois para seus filhos, agora com 28 e 26 anos, e investiu na empresa depois que experimentou seu primeiro casaco. "Meu filho que está em Nova York usou durante todo o inverno, mesmo sendo muito antimaterialista, anticapitalista. É bastante discreto."

(Simbarashe Cha)

Josh Berger, presidente da Warner Bros. Grã-Bretanha, Irlanda e Espanha, também caiu de amores: "Quando estou no set usando meu casaco de lã azul da Norwegian Wool, e todos os outros parecem estar usando um tamanho extragrande exagerado, confesso que acho minha versão muito melhor."

Os clientes de Berkowitz podem estar testando seu casaco no número 10 da Downing Street, residência do primeiro-ministro britânico, onde Sharp usou o dele em uma reunião – "Alguém lá me disse que pareço mais jovem com ele" –, mas o fundador da Norwegian Wool experimentou seu primeiro na seção de freezers do Fairway Market, na 125th Street, em Manhattan. "Passei cerca de 20 minutos andando para lá e para cá", disse ele.

No início de 2015, Berkowitz deixou seu emprego em finanças para se dedicar à nova empresa. Antes disso, passou todos os dias de suas férias tentando criar o casaco de inverno perfeito.

Ele viajou à Noruega para se reunir com especialistas de empresas de roupas, além de alunos de design de moda em Oslo. Estes o ensinaram a mudar o ângulo dos bolsos para que as mãos tenham dez centímetros extras para deslizar e ficar aconchegantes. Também significa que os punhos não vão ficar desprotegidos. "É basicamente um bolso que simula uma luva. Tem uma entrada estreita e fica cada vez mais largo", contou.

Ele também aprendeu a criar a gola com zíper que começa na área do peito e tem lapelas separadas. Essa técnica alonga o pescoço, e você não se sente como se estivesse sufocando. As duas características são assinaturas de todos os produtos da Norwegian Wool.

Na Toscana, a cerca de uma hora de Florença, ele contratou uma fábrica com um designer-chefe chamado Gilles Soulard, que era especialista em produtos de luxo, mas também metade norueguês e acostumado com o frio. "Quando conheci Michael, ele me disse que queria uma coisa elegante que não prejudicasse a parte técnica e vice-versa. Com alguns clientes, leva tempo para entender sua visão, mas essa compreendi imediatamente", disse Soulard.

Juntos, eles resolveram detalhes técnicos. Como encher um casaco com pluma de ganso sem o tornar extralargo? Como impermeabilizar uma peça sem comprometer a maciez do material? Que tipos de botões, zíperes e fechos podem suportar rajadas de vento no topo das montanhas, mas que parecem sofisticados o suficiente para uma reunião de negócios?

Soulard se lembra das longas conversas sobre o capuz, que poderia ser escondido na gola. Eles descobriram como usar caxemira por dentro da tradicional peça de nylon dobrável. Ela garante maciez, mas ainda é fina o bastante para não comprometer a forma da gola.

A empresa também deu muita ênfase aos tecidos. "Eu me lembro de que no início estávamos usando um tecido de lã, mas lã normal. Agora usamos até cem por cento caxemira, cem por cento seda, a seda quente de inverno que é muito boa", revelou Soulard.

Sharp, um dos primeiros investidores da empresa, está otimista com a marca porque não houve muito gasto com marketing. "Já vende bem sem uma marca por trás. Vamos ver o que acontece quando investirmos em marketing."

Uma pergunta persiste sobre o futuro da Norwegian Wool. Os casacos são projetados para ser usados sobre ternos formais, mas alguém vai mesmo usá-los depois da pandemia?

Berkowitz dirá que já tem a única coisa que precisa para crescer: a abundância de tempo frio em todo o país, especialmente em Nova York: "Vamos apenas dizer que minha filha de quatro anos e eu olhamos pela janela quando neva com o mesmo sorriso no rosto."

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