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Escritor italiano cancela viagem a Paraty por caso Battisti

Antonio Tabucchi temia que sua visita pudesse gerar discussões em torno da cidadania concedida ao ex-ativista da Itália

Antonio Tabucchi: escritor considera absolvição de Battisti como "uma piada" (Rebeca Yanke/Wikimedia Commons)

Antonio Tabucchi: escritor considera absolvição de Battisti como "uma piada" (Rebeca Yanke/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2011 às 15h01.

Roma - O escritor italiano Antonio Tabucchi anunciou nesta segunda-feira que desistiu de participar da Festa Literária de Paraty depois da decisão do governo brasileiro de conceder residência ao ativista de extrema-esquerda Cesare Battisti, condenado por vários assassinatos cometidos durante os chamados "Anos de Chumbo" na Itália.

"O fato de terem concedido permissão de cidadania honorária a Battisti é uma piada que me levou a desistir, com profundo pesar, do convite para o Festival de Paraty", escreveu no jornal italiano La Repubblica.

"Não é exatamente por protesto que desisto. É que não tenho vontade de tipos que cheguem ao Brasil (...) que confundam um festival literário com uma sala da justiça para discutir seu caso judicial com um escritor italiano", enfatizou.

Em meados de junho o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) brasileiro autorizou a residência no Brasil por prazo indeterminado de Battisti, cuja extradição para a Itália foi negada pelo Superior Tribunal Federal (STF).

Com esse visto, Battisti passará a dispor de todos os direitos e deveres dos cidadãos brasileiros, já que em seu pedido ao Cnig mostrou que tem condições de se manter financeiramente com sua atividade de escritor e a cobrança de direitos autorais de seus livros já publicados.

Condenado na Itália por sua suposta participação em quatro assassinatos na década de 1970, quando era integrante de um grupo armado de extrema-esquerda, Battisti foi preso no Rio de Janeiro em 2007, e permaneceu detido em uma prisão nas imediações de Brasília até a sua libertação na madrugada de 9 de junho.

A Itália considera que o Brasil violou os tratados internacionais firmados entre ambos os países e anunciou que recorrerá ao Tribunal Internacional de Haia por este caso.

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