Equipes dos atletas paralímpicos brasileiros posam para foto no encerramento das competições, em Londres (Peter Macdiarmid/Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2012 às 06h58.
Rio de Janeiro - A delegação paralímpica brasileira, que ficou em sétimo lugar nos Jogos de Londres, com a conquista de 43 medalhas, desembarcou no fim da noite de ontem (10) no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão). O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, disse que a iniciativa privada ainda não se deu conta da ferramenta de comunicação e marketing que pode ser o movimento paralímpico.
"Espero que os resultados dos nossos atletas levem à percepção da necessidade de investimento privado. Os governos nas três esferas já fazem bastante. Agora eu acho que é hora de a iniciativa privada entender o seu papel no esporte brasileiro".
Parsons disse ainda que a Lei Agnelo Piva destina 85% ao Comitê Olímpico Brasileiro e 15% ao Comitê Paralímpico. "O que, na verdade, o CPB busca é que esse percentual de 15% seja aplicado em qualquer orçamento esportivo do Brasil. Que um governo do estado aloque, dentro do seu orçamento, 15% para o esporte entre as pessoas com deficiência. Isso serve para cada município, cada estatal, ou cada empresa que decida investir no esporte".
Na entrevista, as autoridades apresentaram como símbolo de garra a jogadora de tênis Natália Mayara, de 18 anos, que participou das Paralimpíadas de Londres. Perguntada sobre o que falta para maior inclusão das pessoas com necessidades na sociedade brasileira, Natália disse que "uma das partes mais importantes é a adaptação da cidade para que a pessoa com deficiência seja aceita em toda parte. Tem de ter rampa, tem de ter elevador e tudo isso eu tenho certeza que não vai faltar em 2016 no Rio. Lá em Londres mesmo, tinha gente todo dia conosco acompanhando e perguntando quais as nossas dificuldades e quais as mudanças que a gente queria, então creio que a acessibilidade estará perfeita daqui a quatro anos no Rio".
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que há muito o que fazer e vários passos precisam ser dados para que as pessoas com necessidades especiais conquistem mais acessibilidade. Ele informou que vai implantar, a partir deste ano, o Programa Calçada Lisa, para melhor mobilidade. Paes citou o acesso da população do Rio, de modo geral, ao sistema de transportes urbanos. Ele disse "que os ônibus do Rio não são ônibus. São chassi de caminhão com carroceria de ônibus, ou seja, é impossível subir aquela escada. A gente já colocou 50% da frota com elevador, mas aquilo é feito para não funcionar".
Paes disse ainda que iniciou negociações para que pelo menos 60% da frota de ônibus sejam adaptados às pessoas com deficiência. Outro aspecto importante diz respeito aos prédios públicos ou privados, cuja legislação já está propondo um conjunto de exigências. Esses prédios - segundo o prefeito - "nem sempre são fiscalizados com a eficiência que a prefeitura deveria ter para o cumprimento da legislação.
A inspiração das Paralimpíadas deve servir para que a população fiscalize e que a prefeitura obrigue os estabelecimentos públicos e privados a adotar mecanismos de acessibilidade".
Para o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, o movimento paralímpico no Brasil cresce muito mais do que a estabilidade do movimento olimpíco. Ele disse que em 2016, no Rio, os Jogos Paralímpicos serão a grande diferença. Será a grande celebração da população brasileira".