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Equador inaugura turismo em cemitério repleto de obras de arte

O cemitério em Guayaquil ocupa cerca de 15 hectares, um terço dos quais foram declarados Patrimônio Cultural da Nação graças a suas mais de 200 peças tombadas

A iniciativa na necrópole situada no coração de Guayaquil utiliza o turismo cultural e educacional como ferramenta para conservar o patrimônio (Instituto Nacional de Patrimônio Cultural/Efe)

A iniciativa na necrópole situada no coração de Guayaquil utiliza o turismo cultural e educacional como ferramenta para conservar o patrimônio (Instituto Nacional de Patrimônio Cultural/Efe)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2011 às 08h24.

Quito - Monumentos, túmulos e mausoléus onde descansam políticos e artistas estão entre os roteiros turísticos que o Equador oferece pela primeira vez em um cemitério de quase 170 anos e com 700 mil mortos.

O cemitério fica em Guayaquil, a maior cidade do país, e ocupa cerca de 15 hectares, um terço dos quais foram declarados Patrimônio Cultural da Nação graças a suas mais de 200 peças tombadas.

Os estilos arquitetônicos greco-romano, neoclássico, barroco e mudéjar, entre outros, que decoram o cemitério foram criados por artistas europeus que chegaram a Guayaquil no final do século 19 e princípios do 20.

As mãos de artistas locais também adicionaram ao cemitério ruas, escadas, palmeiras e dezenas de belas esculturas de beijos e abraços de anjos, efígies femininas repousando sobre túmulos evocando paz, outras fundidas em um abraço de dor, resignação e contemplação.

A transcendência histórica, artística, cultural e popular da necrópole está entre as rotas turísticas temáticas, cujo passeio dura 90 minutos e será inaugurado nesta sexta-feira.

No percurso, os turistas poderão contemplar belas esculturas, grande parte delas em mármore, elaboradas em tal grau de perfeição que parecem pessoas cobertas de branco em uma galeria ao ar livre marcada pelo silêncio.

A rota para lembrar e saber mais sobre os presidentes do país se chama 'Entre a grandeza e a pegada eterna', e o passeio 'Após as sombras do último verso' é relacionado à arte, literatura e música.

'Memória e o voo de Los Angeles' convida o visitante a conhecer esculturas, enquanto um último passeio se concentra em personagens ilustres da cidade e do país.

Entre os moradores eternos do cemitério está Eloy Alfaro (1895-1924), líder da revolução liberal e duas vezes presidente do Equador.

O túmulo de Julio Jaramillo, conhecido como o 'rouxinol da América', será passagem obrigatória nas rotas turísticas, pois, embora tenha morrido há 33 anos, sua voz continua fazendo sucesso.

No cemitério também jaz José Vicente Rocafuerte, o segundo presidente do país e o primeiro a ser equatoriano, pois seu antecessor, Juan José Flores, era venezuelano.

A obra literária de Medardo Angel Silva, Enrique Gil Gilbert, Joaquin Gallegos Lara, José de la Cuadra Vargas e Demetrio Aguilera Malta combinam passeios, cultura e história.

Para Érika Espin, coordenadora das rotas, o cemitério de Guayaquil é um dos mais belos da América Latina pelas esculturas, algumas de 200 anos, assim como por sua infraestrutura e simbologia.

'Há mausoléus imensos que parecem casas. Dentro há amplos espaços, quase igrejas', disse Érika, uma das responsáveis pela elaboração das visitas.

Para os que reclamem da tristeza e melancolia que evoca um cemitério, Espin responde: 'É um tema de memória e lembrança' e a visita deve ser realizada 'com respeito'.

Ela menciona também o cemitério do Pere-Lachaise, o maior de Paris e um dos mais conhecidos no mundo, onde as pessoas visitam os túmulos do romancista Honoré de Balzac, do poeta e vocalista da banda The Doors, Jim Morrison, e do escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde, entre outros.

A iniciativa na necrópole situada no coração de Guayaquil utiliza o turismo cultural e educacional como ferramenta para conservar o patrimônio, como há também em Medellín, Buenos Aires e Santiago do Chile.

Por isso, convencido de que o patrimônio ajuda a cultivar os valores e a identidade do povo, o Ministério de Patrimônio do Equador capacitou turismólogos e funcionários do cemitério para que ajudem a reforçar a cultura deste museu ao ar livre que emoldura a história do país. EFE

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