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Envelhecimento sem filtros: as lições da influenciadora Adri Coelho

Aos 50 anos, ao encarar a menopausa, Adriana Coelho decidiu expandir as conversas que tinha com amigas sobre envelhecimento, saúde e bem-estar, para a internet

A criadora de conteúdo Adriana Coelho. (Divulgação/Divulgação)

A criadora de conteúdo Adriana Coelho. (Divulgação/Divulgação)

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Julia Storch

Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 13h25.

Para ter um bom envelhecimento, em sua apresentação no TEDx, Adriana Coelho Silva diz que é preciso ter "SACO". Um acróstico para as palavras saúde, autoestima, coragem e ousadia. Aos 50 anos, ao encarar a menopausa, Adri decidiu expandir as conversas que tinha com amigas sobre envelhecimento, saúde e bem-estar, para a internet.

Com um site e um perfil no Instagram com 115 mil seguidores, em 2018 foi ao ar o Viva a Coroa. Enquanto coroa se refere ao apelido às mulheres com mais de 50 anos, para Coelho o adjetivo também celebra o acessório usado por reis e rainhas.

Em conversa à Casual, a influenciadora de 56 anos conta sobre o projeto, a discriminação etária e feminismo.

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Como foi o processo de se descobrir “coroa”?

Aconteceram várias coisas ao mesmo tempo. Primeiro eu fechei uma loja de decoração que eu tinha. Eu estava chegando perto dos cinquenta anos e fiquei bastante baqueada, pois era um sonho que eu tinha. O segundo ponto é que os meus filhos já estão grandes, na época já estavam acima dos 18 anos e não precisavam muito de mim. Além disso, eu estava chegando aos 50 anos com vários sintomas de menopausa, e assim como a gravidez, a menopausa mexe muito com seus hormônios.

Para me reerguer, fui fazer um curso de fotografia. E aí percebi a distância que a gente fica quando você tem essa idade e precisa se reciclar, porque dentre os meus colegas, a mais velha tinha 29 anos. A gente não pega tão rápido algumas questões de tecnologia como os jovens. Nas aulas de Photoshop eu não tinha tanta destreza quanto eles, mas nas aulas de história da arte, de história da fotografia eu tinha bastante para oferecer.

Como foi o desenvolvimento das pautas para o Viva a Coroa?

Conversando com uma amiga em um almoço com várias outras mulheres, eu falei que havia resolvido o meu problema de ‘calorões noturnos’, ao dormir com o braço esquerdo e a perna esquerda para fora da cama. Todas começaram a rir e uma delas falou que fazia a mesma coisa. E eu estava me achando louca. Então me dei conta de que não falamos sobre estas questões, quando falamos sobre envelhecimento quase sempre é focado no lado estético, na pele e no cabelo, por exemplo.

Comecei a fazer as postagens com medo de fracassar, me autossabotando e pensando que já existiam tantos perfis de influenciadores no Instagram, e que uma influenciadora com mais de 50 anos seria uma coisa ridícula. Mas, depois pensei que o pior que poderia acontecer era não dar certo.

Como foi a receptividade?

Eu tive uma super receptividade, mas no início as pessoas não conseguiam entender exatamente sobre o que que eu falaria. Mas começaram a se identificar ao verem publicações sobre mulheres inspiradoras, assuntos interessantes e incômodos, por exemplo o escape de xixi.

Quais assuntos que são considerados tabus você trouxe para a conversa?

Acho que libido assunto bastante discutido, e para mim foi uma novidade porque eu achava importante ter uma vida sexual ativa, mas aprendi que existem pessoas que nunca gostaram muito de sexo e não é porque agora estão entrando nessa fase, que vão passar a gostar.

A questão da reinvenção é incrível, a maior gratificação que eu tenho é a quantidade de mensagens que eu recebo das pessoas que mudaram a vida. E não são mudanças necessariamente radicais, mas entrar em curso de dança ou ir viajar sozinha pela primeira vez, que também é considerado um tabu.

Quais mudanças no assunto sobre etarismo você percebeu nos últimos três anos?

Acredito que as mulheres passaram a se reconhecer umas nas outras e que as mulheres com mais de 50 anos podem tudo. Acho que essa é a principal mudança. Também acho que começou a cair aquela crença que sempre existiu em alguns algumas rodas, de que as mulheres são inimigas umas das outras.

Hoje em dia vemos campanhas com mulheres mais velhas, mas ao mesmo tempo este movimento é natural e faz parte da cultura de empresas?

Algumas empresas estão acordando para esse assunto e começando a levar a sério o fato de que a população com mais de 50 anos tem um poder aquisitivo maior, e agora já é mais ou quase tão numerosa quanto a população jovem. Mas claro, algumas marcas têm iniciativas “para inglês ver”. Até porque ainda existem alguns cremes rotulados como anti-idade, como se pudessem apagar a idade.

Agora vemos várias modelos com mais de 50 anos nas passarelas de marcas muito reconhecidas. Elas eram descartadas até pouquíssimo tempo atrás.

Quais dicas você daria para as mulheres se prepararem para o envelhecimento?

Acho que cuidar da saúde mental é superimportante assim como o autoconhecimento, porque existem armadilhas que a sociedade vai te impondo, que te fazem se sentir descartável. Então, se você não estiver preparado emocionalmente, psicologicamente, você vai comprar isso. Acredito ser fundamental fazer terapia ou atividades mais holísticas. Além disso, aconselho os exercícios físicos, para um fortalecimento muscular e fazer alguma coisa que você ame, seja no lado profissional ou pessoal. Com a idade você vai deixando para traz coisas que não são tão importantes, e você aprende a ligar o “botão do foda-se”.

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