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Enólogo chileno descobre o segredo para conquistar o mercado de vinhos brasileiro

O Brasil se mostra um porto seguro para a venda de vinhos, especialmente em um cenário global marcado por guerras, dificuldades logísticas e aumento no custo de produção

Felipe Müller, CEO e enólogo chefe da vinícola Tabali. (Divulgação/Divulgação)

Felipe Müller, CEO e enólogo chefe da vinícola Tabali. (Divulgação/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 1 de abril de 2025 às 15h02.

Última atualização em 15 de abril de 2025 às 10h49.

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Houve um tempo em que vender vinho de alta gama para o mundo seguia uma fórmula simples. Bastava criar um rótulo no estilo "Parker", com forte presença de madeira, e as vendas se tornavam astronômicas. A popularização do uso de barricas de carvalho, que conferem ao vinho características marcantes de madeira, está intimamente ligada ao célebre crítico de vinhos Robert Parker, cujas preferências pessoais influenciaram decisivamente a indústria.

Contudo, o que antes era regra já não se aplica, especialmente no Brasil. Não que o uso de barricas tenha desaparecido, longe disso, mas ele se tornou cada vez menos predominante nos vinhos que chegam ao país, incluindo os chilenos, onde o uso das barricas se tornou quase uma marca registrada. Com a mudança no mercado e nos gostos dos brasileiros, as vinícolas também se adaptaram.

Hoje, os vinhos mais frescos e frutados, que buscam a expressão máxima do chamado terroir, têm conquistado os paladares brasileiros. Esse é o segredo que Felipe Müller, CEO e enólogo-chefe da vinícola chilena Tabali, tem usado para conquistar o mercado brasileiro. "O mais importante é a qualidade da uva", afirma o especialista, que foi eleito Melhor Enólogo do Ano em 2020 pelo Guia Descorchados, um dos mais respeitados do mundo.

A vinícola elaborou seu primeiro vinho em 2002 e atualmente produz 1 milhão de garrafas por ano. Após o mercado interno, os Estados Unidos são o segundo maior destino para seus vinhos, seguidos pelo Brasil. No entanto, a meta é ultrapassar o mercado americano ainda neste ano. Para trazer seus rótulos ao país, a Casa Flora | Porto a Porto foi escolhida como importadora, distribuindo o portfólio da vinícola tanto para restaurantes quanto para o varejo.

Uma das apostas da vinícola para conquistar o paladar brasileiro é o Talinay Sauvignon Blanc 2024, eleito um dos melhores vinhos brancos do Chile pelo Guia Descorchados deste ano. O rótulo apresenta uma salinidade e sabores mais minerais. Segundo Felipe Müller, normalmente a uva tem sabores mais frutados, mas o vento que vem do mar traz essa salinidade, que harmoniza perfeitamente com frutos do mar. "É a essência do terroir", conclui o enólogo.

Mercado brasileiro: porto seguro

O Brasil se mostra um porto seguro para a venda de vinhos, especialmente em um cenário global marcado por guerras, dificuldades logísticas e aumento no custo de produção. Europa e Estados Unidos enfrentaram uma queda no consumo de vinho de 2% a 4% entre 2017 e 2022. A China registrou uma queda ainda mais acentuada, de 17%.

Em contrapartida, o Brasil teve um crescimento de 8%, segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho. “O Brasil está bem posicionado e tem espaço para crescer, pois o consumo por aqui ainda é baixo”, diz Rodrigo Lanari, fundador da Winext. Além disso, o mercado de vinhos de luxo continua a ser imune a crises.

Esse movimento tem também impulsionado o surgimento de novas vinícolas em todo o Brasil, especialmente em terroirs emergentes, como o interior de São Paulo e Minas Gerais, além da criação de uma indicação geográfica para vinhos no sul de Minas. As vinícolas que adotaram a técnica da poda invertida, responsável por elevar a qualidade dos vinhos elaborados fora do Rio Grande do Sul, se uniram em uma associação que já conta com cerca de 50 produtores, consolidando a força do setor e do mercado brasileiro.

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