A arquitetura única AxEMU é evolutiva, escalável e adaptável para missões na superfície lunar e em órbita baixa da Terra (Divulgação/Axion Space)
Agência de notícias
Publicado em 16 de outubro de 2024 às 09h29.
Última atualização em 16 de outubro de 2024 às 09h29.
Os americanos pretendem mandar o homem de volta à Lua daqui a dois anos, mais de cinco décadas depois da última viagem tripulada ao satélite da Terra. E os astronautas que farão parte da missão histórica, a Artemis III, já tem roupa, desenvolvida em parceria com a marca de luxo Prada. O traje foi apresentado oficialmente nesta terça-feira, pela Axiom Space, no Congresso Internacional de Astronáutica em Milão, na Itália.
O design da Axiom Extravehicular Mobility Unit (AxEMU), o traje espacial que será usado na missão Artemis III da NASA, já havia sido revelado com uma camada externa escura para fins de exibição, ocultando a tecnologia proprietária do traje. Mas agora, o design final foi revelado: o traje usado na superfície lunar será feito de um material branco, que reflete calor e protege os astronautas de altas temperaturas extremas e da poeira lunar.
Segundo a empresa, a experiência da Prada em materiais e processos de produção apoiou o trabalho inovador na camada externa do traje espacial. A equipe de design da Prada trabalhou com engenheiros da Axiom Space para recomendar materiais e características que protegessem os astronautas e inspiraram visualmente a exploração espacial futura.
Avançando o design do Exploration Extravehicular Mobility Unit (xEMU) da NASA, o AxEMU oferece maior flexibilidade, desempenho e segurança, além de ferramentas especializadas para ajudar na exploração do polo sul lunar. O traje atende a uma ampla gama de tripulantes e suportará temperaturas extremas no polo sul lunar, permitindo caminhadas espaciais por até oito horas.
O traje incorpora sistemas redundantes e diagnósticos a bordo para garantir a segurança dos tripulantes. Inclui também tecnologias avançadas de resfriamento e um sistema regenerável de remoção de dióxido de carbono. O design da arquitetura do traje é escalável e adaptável tanto para missões na superfície lunar quanto em órbita baixa da Terra (LEO).
O AxEMU já passou por extensivos testes e simulações com astronautas e engenheiros nos laboratórios da Axiom Space, SpaceX e NASA. O traje está na fase final de desenvolvimento, com a conclusão bem-sucedida de simulações pressurizadas com parceiros da missão Artemis III e continuará sendo testado até entrar na fase de revisão crítica em 2025.
Superfaturado, o projeto Ártemis passou mais de uma década em desenvolvimento — seu embrião é de 2010 —, em meio a críticas de que se trata de uma perda de dinheiro. A previsão inicial era que a primeira missão fosse lançada em 2016, data que depois foi adiada para 2019. A Ártemis 1 foi finalmente lançada em novembro do ano passado, após uma série de tentativas abortadas por problemas.
A missão inaugural era de teste, e foi bem-sucedida. O Sistema de Lançamento Espacial (SLS, sigla em inglês), o mais poderoso foguete de propulsão já construído, levou a cápsula Orion, desta vez tripulada apenas por três manequins batizados de Helga, Zohar e comandante Moonikin Campos.
Helga e Zohar tinham modelos de plástico de órgãos sensíveis à radiação, como o útero e os pulmões, para que os cientistas possam estudar como a radiação no espaço pode afetar futuros astronautas. O objetivo da cápsula era justamente protegê-los.
A segunda missão do programa, a Ártemis 2, antes programada para 2024, será um voo tripulado que orbitará a Lua, mas sem pousar, similar ao que fez a Apolo 8. A viagem levará os tripulantes a cerca de 7.402 quilômetros acima do astro — dependendo da posição do satélite terrestre durante a missão, pode ser a maior distância no sistema solar que astronautas já viajaram.
Já a Ártemis 3 será a primeira a colocar astronautas na Lua desde a Apolo 17, em dezembro de 1972. A nave tripulada pousará no polo sul da Lua, onde foi detectada água em forma de gelo. Entre os integrantes, a primeira mulher e a primeira pessoa negra a pisarem no satélite terrestre.
O polo sul da Lua é lar de misteriosas crateras permanentemente sombreadas que não veem a luz do Sol há bilhões de anos. Os produtos químicos congelados podem ajudar os cientistas a entender mais sobre a história da Lua e do sistema solar.
Em junho do ano passado, a agência selecionou duas empresas privadas, a Axiom e a Collins Aerospace, para construir os trajes para a Lua e para a Estação Espacial Internacional. O custo pode chegar a US$ 3,5 bilhões até 2034, e as duas empresas foram as únicas que apresentaram projetos completos para a licitação.
Em setembro, a Axiom foi escolhida para a primeira etapa, recebendo US$ 288 milhões pelo desenvolvimento das roupas. A Nasa detalhou os critérios necessários para a elaboração e deu à empresa acesso ao seu trabalho e experiência com as roupas antigas, inclusive a atrasada. A empresa privada, contudo, manterá a patente.
Segundo a Axiom, cerca de metade do design da veste nova é baseada no xEMU. Entre eles, bota, capacete e a parte do torso superior. Aspectos adicionais vieram de ideias usadas nos setores automotivos, do petróleo e gás e no teatro.