Casual

Em cidade, Frank Sinatra é lembrado como "criança mimada"

No centenário de seu nascimento, a cidade natal de Frank Sinatra, Hoboken, em Nova Jersey, ainda mantém viva a lembrança do jovem "Franky"


	Cantor Frank Sinatra no palco: "os moradores nunca o perdoaram por se achar mais importante do que a própria cidade", diz especialista
 (Joe Bangay/Getty Images)

Cantor Frank Sinatra no palco: "os moradores nunca o perdoaram por se achar mais importante do que a própria cidade", diz especialista (Joe Bangay/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2015 às 07h31.

Hoboken - No centenário de seu nascimento, neste sábado, a cidade natal de Frank Sinatra, Hoboken, em Nova Jersey, ainda mantém viva a lembrança do jovem "Franky", o único aluno que chegava à escola de Cadillac durante os anos da Grande Depressão nos Estados Unidos.

Filho da imigrante italiana mais influente da pequena cidade que tem vista para a imponente ilha de Manhattan, Sinatra é lembrado como uma criança "mimada" que se esqueceu rapidamente de suas origens quando se transformou na voz mais reconhecida de todos os tempos, disseram os moradores das ruas que o viu crescer à Agência Efe.

"Cada vez há, naturalmente, menos pessoas na cidade que o conheceram pessoalmente, mas a lembrança passada adiante é a de um menino que tinha uma família para quem as coisas não iam mal, que era muito mimado e que era o menino dos olhos de sua mãe", contou à Efe Robert Foster, diretor do Hoboken History Museum, que pelo centenário do cantor dedicou a Sinatra uma exposição especial.

"Os moradores nunca o perdoaram por se achar mais importante do que a própria cidade. Este é um lugar relativamente pequeno e é difícil digerir que seu vizinho seja Sinatra", justificou Foster sobre a lembrança "agridoce" dos habitantes sobre o cantor.

"Se queria algo só tinha que pedir a sua mãe, uma mulher italiana capaz de conseguir qualquer coisa", explicou Valery, veterana voluntária do museu, fonte de conhecimento popular sobre a obra de Sinatra, que explicou a importância de Dolly, como sua mãe era conhecida, no desenvolvimento da personalidade de Frank.

"Dolly" Garaventa, que chegou menina de um povoado de Gênova a Nova Jersey e se casou com Marty Sinatra contra a vontade de seus pais, por sua forte personalidade e determinação se tornou a pessoa mais influente da comunidade italiana em Hoboken, onde o governo local estava dominado pelos irlandeses na época.

Parteira do hospital local, mas que praticava abortos clandestinos, Dolly media apenas um metro e meio e não pôde mais ter filhos após Frank, que nasceu pesando quase seis quilos, o que o tornou um raro filho único em meio a uma comunidade italiana local em que haviam famílias enormes.

Os pais de Frank, ele um bombeiro asmático que, ao contrário de sua mulher não sabia ler, assumiram um bar clandestino em plena Lei Seca, o que tornou o ambiente em que Frank vivia em um entorno em que tudo era possível, contou Eileen Lynch, outra assessora do museu.

"Logo após ele foi viver em Manhattan e depois, quando começou a fazer cinema, foi para Los Angeles, para voltar só em vezes que se podiam contar nos dedos a Hoboken, onde ainda viviam seus pais", explicou Lynch.

Da casa onde nasceu Franky, na rua Monroe, já não há nada. Um incêndio destruiu há décadas o lar onde nasceu, e no solar há uma placa em forma de estrela que lembra que ali o cidadão mais famoso da cidade viveu seus primeiros 21 anos ali.

Neste sábado, o 100º aniversário de Frank Sinatra, acontece um baile especial em Hoboken, e ao cair da noite o Empire State se vestirá de azul, "azul Sinatra", a hipnotizante cor dos olhos do cantor.

Em Hoboken, a jovem Grace, neta de um dos melhores amigos de Sinatra, prepara para o grande dia um menu especial no restaurante Leo's Grandevouz, onde há centenas de fotografias do cantor e onde suas canções são as únicas que tocam na JukeBox.

Grace contou que aquele lugar foi testemunha de noites de jogo e álcool clandestino. Foi exatamente o gosto de Sinatra pelo jogo que o levou a abrir um hotel-cassino em Nevada, o que consolidou os rumores de sua ligação com a máfia.

"Disseram muitas coisas, é difícil saber a verdade", declarou Foster, que sustenta que hoje o legado musical de Frank Sinatra está apagando a lembrança amarga que talvez os mais velhos guardassem do lugar e as novas gerações de moradores de Hoboken tendem mais a lembrar da lenda em vez da pessoa.

"Muitos dos que se aproximam como turistas ou novos moradores de Hoboken o fazem porque admiram a voz de Sinatra e se sentem inspirados pela história do (filho de) imigrante que chegou a um novo lugar para perseguir seu sonho", destacou Foster, que lembrou um verso de "New York, New York": "If I can make it here, I can make it anywhere" (Se posso fazer aqui. posso fazer em qualquer lugar").

Acompanhe tudo sobre:ArteEntretenimentoEstados Unidos (EUA)Indústria da músicaMetrópoles globaisMúsicaNova YorkPaíses ricos

Mais de Casual

50 Best: Don Julio é melhor restaurante da América Latina; veja lista

Os melhores livros de 2024, segundo o Financial Times

Armani Ristorante: o encontro entre moda e culinária italiana

Mais de 100 etapas de trabalho artesanal são necessárias para a construção de uma caneta Montblanc