Matheus Cunha: estreia do atacante do Hertha Berlin (Lucas Figueiredo / CBF/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 9 de outubro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 20h31.
Vai ter Copa. Ou pelo menos as eliminatórias já estão acontecendo. A seleção brasileira começa hoje a disputa por uma vaga no Mundial do Catar, em 2022. O primeiro jogo será contra a Bolívia, às 21h30, na Neoquímica Arena, novo nome do estádio do Corinthians, em São Paulo. Na etapa classificatória sul-americana, dez seleções disputam quatro vagas diretas e uma na repescagem.
A seleção brasileira se reuniu durante a semana na Granja Comary, em Teresópolis. Na terça-feira da semana que vem, o mesmo grupo enfrenta o Peru, em Lima. Uma coisa é certa: não haverá vaias. Não por mérito do desempenho da seleção, ainda uma incógnita, mas porque a torcida estará ausente como medida preventiva à propagação do novo coronavírus.
O que se pode esperar do desempenho do time? Algumas novidades – e curiosidades – podem definir esses primeiros resultados do Brasil na corrida pela vaga da Copa.
Estreia de Matheus Cunha
A icônica camisa 9 tem um novo dono, ainda pouco conhecido para a maioria dos brasileiros: Matheus Cunha, do Hertha Berlin. Ele foi convocado pelo técnico Tite devido à lesão de Gabriel Jesus, do Manchester Ciy.
Cunha disputou o prêmio Puskas de 2019, concedido ao gol mais bonito da Europa. Não venceu, mas ganhou projeção. Nascido na Paraíba, filho de um professor de química, foi jogar nas categorias de base do Coritiba. Não sem antes receber um alerta da mãe: por ser negro, dizia ela, sofreria preconceito.
Cunha foi, jogou com destaque a Dallas Cup e chamou atenção de olheiros do FC Sion, na Suíça. Foi transferido com 18 anos e lá aprendeu quatro idiomas – ele fala fluentemente alemão, francês, inglês e espanhol. Do time suíço, foi negociado para o RB Leipizig, na Alemanha. Estava na equipe quando disputou o prêmio Puskas.
Pelas seleções de base do Brasil, foi artilheiro na campanha do pré-Olímpico, disputado na Colômbia, com 5 gols. No começo deste ano, nova transferência, desta vez para o Hertha Berlin, por 20 milhões de euros. No clube alemã, tem atualmente a média de 7 gols em 14 jogos.
Neymar é dúvida
Neymar sentiu dores na região lombar na quarta-feira, durante os treinos na Granja Comary, e ainda é dúvida. Tite decidiria hoje pela manhã. Caso não tenha condições, deve ser substituído por Éverton Ribeiro.
As dores não têm relação com as seguidas lesões dos últimos dois anos. O problema mais recente foi na panturrilha, no mês passado, pelo PSG. Na véspera da decisão da Champions League, Neymar chegou a comemorar a boa fase. "Dois anos seguidos sofrendo lesões em momentos cruciais, importantes para mim e para nossa equipe. Hoje eu inteiro, sem lesão, podendo ajudar meus companheiros da melhor forma possível. Estou feliz demais", escreveu então.
Um bom ou um mau desempenho do Brasil sem Neymar podem ser indicativos na dependência do craque.
O novo estádio do Corinthians
Será o primeiro jogo da seleção brasileira no novo estádio. Ou no estádio com novo nome. Em setembro, a Hypera Pharma fechou um acordo de 300 milhões de reais pelo direito de nomenclatura exclusiva da Arena Corinthians.
Pelos termos do acordo, a empresa pagará o montante total em 20 parcelas anuais de igual valor, para explorar, por 20 anos, os naming rights da arena, que passará a se chamar Neo Química Arena.
Localizada na zona leste da cidade de São Paulo, a arena poderá receber, além dos jogos de futebol do Corinthians, também outros eventos esportivos, espetáculos e shows.
Casemiro é o capitão
Sem Daniel Alves, que está se recuperando de uma lesão, o volante Casemiro será o capitão. O volante do Real Madrid será o dono da braçadeira, mas apenas para o jogo contra a Bolívia. Para as demais partidas, Tite deixou o posto em aberto.
Na Copa América do ano passado, última competição disputada pela seleção brasileira, Daniel Alves vestiu a braçadeira foi o líder do time. Antes dele, Neymar tinha a função. Até que o atacante atacou um torcedor na final da Copa da França, no ano passado.
Quando Tite assumiu o posto, instituiu o rodízio de capitães. No fim da Copa do Mundo de 2018, Neymar foi nomeado capitão fixo da equipe. Casemiro tem experiência para o posto. Foi convocado 60 vezes, jogou 46 partidas e marcou três gols com a camisa verde amarelo.
A fuga de Danilo
O time da Juventus havia instaurado uma quarentena a partir do sábado passado, devido a dois casos de covid-19 entre os funcionários. Mas alguns atletas romperam o isolamento, como o português Cristiano Ronaldo e o brasileiro Danilo. O lateral-direito do Brasil se juntou ao time em Teresópolis para a preparação dos jogos contra a Bolívia e o Peru.
Segundo o jogador, como seus testes deram negativo, ele se sentiu seguro para viajar. Preferiu não abrir mão da convocação e perder prioridade nos próximos jogos. “Isso vai ter que ser conversado após o meu retorno. Meu foco agora é na seleção”, disse no intervalo dos treinos em Teresópolis.
A pandemia do novo coronavírus tem causado situações inusuais na partida eliminatória. Será o primeiro jogo da seleção brasileira sem torcida, o que pode ser bom para a audiência da TV Globo. Galvão Bueno, do grupo de risco, também não fará a locução. Curioso que o formato de eliminatórias continue o mesmo, com as mesmas viagens para disputa de jogos de sempre. Dos 23 convocados, 18 atuam no exterior.