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Editora brasileira mira na literatura de entretenimento com fantasia e thrillers

Focado apenas em livros de fantasia e thrillers, a editora Trama pretende alcançar os leitores novos e também os vorazes

 (Jovan_epn/Getty Images)

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Julia Storch

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 13h34.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 13h35.

Um dos maiores grupos editoriais do País, que publica desde clássicos, pela Nova Fronteira, a passatempos, pela Coquetel, e é ainda dona dos selos Pixel e Agir, entre outros, a Ediouro mira agora na ficção comercial e prepara os primeiros lançamentos de seu novo selo, o Trama.

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No catálogo, que está sendo criado com a consultoria da editora argentina Trini Vergara, haverá apenas livros de fantasia e thrillers e a ideia principal, explica o editor André Marinho, é alcançar os leitores. Os novos e também os vorazes.

"Queremos conquistar as pessoas que ainda não têm muito o hábito da leitura e querem conhecer mais. Por isso, esperamos que os livros sejam uma porta de entrada para esse público. Mas também queremos publicar livros para quem já gosta muito de ler - e leitores de thrillers e de fantasia têm o costume de emendar uma leitura depois da outra. Queremos, enfim, levar entretenimento de qualidade, em boas edições, para as pessoas e assim fomentar a leitura e a cultura" diz Marinho.

O nome do selo, que vem sendo preparado há dois anos e teria sido lançado em 2020 não fosse a pandemia, remete à ideia de que o público entre nos livros, se sinta um agente investigativo e descubra o que há por trás do "tecido do texto".

Neste primeiro ano, o Trama prevê lançar, a partir de março, um thriller por mês e uma fantasia a cada dois meses. A estreia será com dois livros. Onde Está Daisy Mason?, da escritora Cara Hunter, que vive em Oxford, é a investigação, por parte do detetive Adam Fawley (que aparece em outros livros da autora), do desaparecimento de uma menina de 8 anos em uma festa de família. "O livro é interessantíssimo, difícil de largar. Ele parte da premissa de que o leitor é parte da investigação." Segundo a editora, foram vendidas 500 mil cópias desse livro no mundo todo.

O segundo título é O Último Sorriso na Cidade Partida, uma fantasia urbana de Luke Arnold - a estreia literária deste ator e roteirista americano, que é centrada na figura de um ex-soldado do Exército Humano e conta ainda com grifos, dragões, elfos, vampiros, lobisomens e monstros. "É como se fosse um romance noir misturado com fantasia e o autor se inspirou em Raymond Chandler", comenta Marinho.

 

Na capa dos livros, conta o editor, haverá a indicação do subgênero em que aquela obra se situa - por exemplo, se é crime thriller ou psychological thriller e magic realism ou high fantasy, tudo em inglês mesmo.

Outro lançamento que o editor destaca, previsto para setembro, é Os Reis do Wyld, uma fantasia épica bem-humorada. "Os protagonistas são uma espécie de boy band da Idade Média, que, já velhos, estão tendo que se reunir novamente. É muito divertido."

Estão previstos ainda Eles Querem a Minha Morte, de Michael Koryta, cuja adaptação cinematográfica com Angelina Jolie chega à HBO Max e aos cinemas em maio; Uma Bruxa no Tempo, de Constance Sayers; O Julgamento de Miracle Creek, de Angie Kim; Longo e Claro Rio, de Liz Moore; Objetos Sublimes, de Janelle Brown; O Hacker de Hong Kong, de Chan Ho-Kei; e Maldição: Uma Antologia dos Melhores Contos de Fada Sinistros, organizada por Marie O’Regan e Paul Kane.

 

Trini Vergara, uma das criadoras da VR Editora e que está começando uma nova casa na Argentina, a Trini Vergara Ediciones, é parceira da Ediouro no projeto. "Escolhemos criar uma editora para atender ao leitor que busca na leitura, antes de tudo, entretenimento", diz Trini Vergara. Ela concorda com André Marinho - os dois gêneros podem ser uma porta de entrada para a literatura - e comenta o poder que essas obras têm de prender a atenção do leitor. "Este é o melhor antídoto contra a obsessão generalizada que se vive com a pandemia e com o vírus. Um livro da Trama significa pelo menos 10 horas sem falar sobre o vírus ou sem ouvir nada sobre ele. Temos certeza de que isso é muito saudável."

Trini reconhece que o novo selo encontrará forte concorrência, mas a notícia boa é que há muitos leitores que adoram esse tipo de obra e que cada livro representa um mundo e uma experiência - não havendo, assim, competição entre eles. "Além disso, creio que os thrillers, e as histórias de crime em especial, têm hoje um atrativo poderoso, talvez relacionado com o espetáculo do crime desnudado que vemos diariamente nos meios de comunicação e na realidade. No caso da fantasia, há uma geração de leitores na casa dos 30 anos ou mais que começou a ler com Harry Potter e O Senhor dos Anéis e que seguem buscando histórias mágicas - mas, agora, com temas e problemáticas adultas", explica a editora.

Para Trini Vergara, a literatura de entretenimento é coisa muito séria. Para cada livro escolhido para o catálogo, outros 30, 40 foram lidos e recusados. "Queremos surpreender o leitor com uma nova voz, um tema que vá além do argumento puro e nos apresente temáticas sociais, dilemas psicológicos, dramas humanos como a imigração, o racismo e a discriminação, e até o cuidado com o mundo em que vivemos", finaliza a editora.

 

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