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E-bikes estão tendo seu momento merecido

A magrela movida a bateria se tornou uma alternativa atraente para aqueles que preferem não usar transporte público e Uber

Dois modelos de e-bikes (Jim Wilson/The New York Times)

Dois modelos de e-bikes (Jim Wilson/The New York Times)

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Daniel Salles

Publicado em 24 de outubro de 2020 às 06h05.

Muitos de nós estamos entrando em uma nova fase de luto pandêmico: a adaptação. Estamos nos perguntando: como viver com essa nova realidade?

Para muitos americanos, parte da solução foi comprar uma bicicleta elétrica. A magrela movida a bateria se tornou uma alternativa atraente para aqueles que preferem não usar transporte público e Uber. Para outros, ela é garantia de ar fresco após meses de confinamento.

Portanto, não é surpresa que as e-bikes sejam agora difíceis de comprar, tanto quanto um frasco de álcool em gel há algumas semanas. Em março, as vendas de e-bikes saltaram 85 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com a empresa de pesquisa NPD Group. Amazon, Walmart e Specialized estão com a maioria de seus modelos esgotados. Mesmo marcas menores como Ride1Up e VanMoof têm listas de espera.

É uma mudança notável. Durante muitos anos, as e-bikes carregaram o estigma de ser veículos para ciclistas preguiçosos e idosos. Elas usam energia de uma bateria e motor para facilitar significativamente o pedalar. Você também pode acelerar simplesmente apertando um botão, transformando o ciclismo de um exercício extenuante em um passeio tranquilo.

"Eu estava convencido de que as e-bikes mudariam completamente as cidades em todo o mundo nos próximos dez anos, mas parece que, por causa dessa crise, de repente tudo está acontecendo em três ou quatro meses", disse Taco Carlier, executivo-chefe da VanMoof, com sede em Amsterdã.

Se você está pensando em comprar uma e-bike, há pontos a considerar. Além de a bateria e o motor fazerem volume, seu visual ostensivo pode atrair ladrões.

Para descobrir se o investimento vale a pena, testei duas e-bikes nas ruas e colinas íngremes de San Francisco. Ambas podem ser encomendadas on-line: a S3 de US$ 1.998 da VanMoof, uma bicicleta inteligente conectada à internet, e a 700 Series da Ride1Up, de US$ 1.495, que é mais como uma bicicleta normal com bateria e motor.

Depois dos testes, fui conquistado. Concluí que as e-bikes são para pessoas que querem se locomover rapidamente com o mínimo de esforço – e essa parcela da população é grande. Aqui está o que você precisa saber.

Comparando as e-bikes
As e-bikes podem ter muitas formas e várias características. Elas também variam amplamente em preço: há as que custam algumas centenas de dólares, enquanto outras podem chegar a dezenas de milhares de dólares. Em geral, porém, elas se encaixam em dois campos:

– E-bikes com assistência de pedal. Estas usam um sistema motorizado e sensores para detectar com que rapidez ou dificuldade você está pedalando e determinar quanta energia fornecer. Então, se você está sofrendo em uma subida, o motor usará mais energia para ajudá-lo. As marcas mais conhecidas incluem Trek, Specialized e Fuji.

– E-bikes com acelerador. Funcionam como o acelerador de torção das motocicletas. Para acelerar, pressione um gatilho ou torça o guidão. Muitas e-bikes modernas com acelerador também têm assistente de pedal. As marcas incluem Rad Power, Luna Cycle e Aventon.

Repórter Brian Chen anda de bike elétrica em São Francisco (Jim Wilson/The New York Times)

A S3 da VanMoof, que foi lançada no fim de abril, é uma e-bike com assistente de pedal. Em vez do acelerador, ela tem um botão Turbo Boost no guidão direito, que eleva sua potência imediatamente. Sua velocidade máxima é de cerca de 32 km/h e pode ser usada por cerca de 145 quilômetros com uma carga completa.

As e-bikes da VanMoof são conhecidas por sua segurança antirroubo. Um botão no freio traseiro ativa um bloqueio eletrônico, o que imobiliza a roda traseira. Tentar pegar a bicicleta bloqueada dispara um alarme alto. Além disso, ela vem com uma conexão celular para ajudá-lo a encontrá-la se for roubada, usando o aplicativo para smartphone da VanMoof.

A 700 Series da Ride1Up tem assistente de pedal e aceleração. No guidão esquerdo há uma pequena tela com botões para permitir que você selecione o nível de auxílio do pedal; no direito, há um câmbio. Com um motor maior e mais rápido que o da VanMoof, a Ride1Up tem uma velocidade máxima de 45 km/h e pode viajar cerca de 80 quilômetros com uma carga completa.

Teste, teste
Durante duas semanas, alternei entre a VanMoof e a Ride1Up. Descobri que, de fato, a qualidade está ligada ao preço: US$ 1.500 podem comprar uma e-bike simpática, mas que leva tempo para você se acostumar, como a Ride1Up, e US$ 500 a mais lhe garantem uma VanMoof, mais inteligente e extremamente simples de usar.

O sistema do motor da VanMoof fez as pedaladas parecerem mais naturais e suaves, como andar de bicicleta normal, mas com certo vigor. O motor também é muito silencioso, e houve momentos em que me esqueci de que estava andando de e-bike. Em áreas onde pedalar era mais desafiador, como as subidas, apertar o botão Turbo Boost garantiu força extra.

A Ride1Up é menos intuitiva. O painel de controle no guidão permite que você escolha entre nove níveis do assistente de pedal. O nível 3 parecia suficiente para me levar pelas ruas, mas o nível 5 pareceu melhor para subidas. Às vezes, ao tentar sair pedalando, eu me esqueci de baixar o pedal do nível 5, o que fez com que a bicicleta desse um solavanco para a frente. Isso foi meio assustador.

A Ride1Up oferece um tutorial do YouTube sobre configurações avançadas para as pessoas ajustarem a potência de cada nível de assistência. Acabei reduzindo a potência para os níveis 4 e 5, o que suavizou as pedaladas.

Quanto ao acelerador do Ride1Up, que é um gatilho no guidão esquerdo, foi bom ter a opção de acelerar sem pedalar quando eu estava ficando exausto. Mas parecia trapaça.

As desvantagens
Testar as duas e-bikes evidenciou algumas considerações.

– As e-bikes são pesadas. A VanMoof pesa cerca de 18 kg e o Ride1Up cerca de 25 quilos – mais que o dobro da bicicleta média, que pesa cerca de 9 kg. Você provavelmente não vai querer uma e-bike se tiver de carregá-la regularmente escada acima.

– A manutenção pode ser complicada. A VanMoof e a Ride1Up disseram que suas bicicletas foram projetadas para ser consertadas pelo usuário, e qualquer mecânico de bicicleta local também deve ser capaz de reparar peças menores, como pastilhas de freio.

Mas, em geral, você pode precisar buscar ajuda do fabricante se algo der errado com componentes eletrônicos proprietários. É uma opção mais segura comprar sua e-bike de uma loja local que possa consertá-la.

– Elas podem atrair assaltantes. Estacionar a VanMoof me deixou ansioso. Sempre que eu a trancava, chamava muita atenção dos transeuntes – ela parece um produto tecnológico elegantemente projetado.

Um porta-voz da VanMoof disse que cerca de 20 de suas bicicletas são roubadas todos os meses em todo o mundo, e que 70 por cento delas são encontradas em duas semanas. Portanto, certifique-se de ter um seguro que cubra o roubo de e-bikes. (A VanMoof oferece seu próprio seguro de três anos por US$ 340.)

– As baterias são caras. Como os smartphones, as e-bikes usam baterias que a certa altura precisam ser substituídas. Com o uso regular, a bateria da VanMoof e a da Ride1Up podem se esgotar entre três e cinco anos. As substituições custam cerca de US$ 350.

Mas os prós superam os contras
Apesar de algumas dúvidas, minha experiência com as e-bikes me fez perceber que os benefícios são muito maiores que as desvantagens.

E o mais importante: as e-bikes me afastaram do meu carro. Sempre que eu precisava sair – como ir ao supermercado ou deixar algo na casa de um amigo –, preferia ir de e-bike.

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