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E a Barbie? Como a Itália saudou o feminismo com um filme em preto e branco

O longa apresenta um patriarcado em que as mulheres suportam estoicamente

Filme foi o grande destaque da Itália no ano passado (DIVULGAÇÃO)

Filme foi o grande destaque da Itália no ano passado (DIVULGAÇÃO)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 11h31.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 14h45.

No ano passado, o feminismo rosa-choque de "Barbie" arrecadou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias do mundo todo. Na Itália, no entanto, "Barbie" foi superado por outro filme, uma comédia dramática feminista com um claro aceno ao neorrealismo italiano ambientado na Roma do pós-guerra. As informações são do New York Times.

"Ainda temos o amanhã" foi um sucesso de bilheteria e com os críticos italianos, que quase unanimemente o saudaram como uma revelação. Em maio, no David di Donatello Awards, o Oscar italiano, ganhou seis prêmios de 19 indicações.

O filme apresenta um patriarcado em que as mulheres suportam estoicamente e simbolicamente. E no final, alerta de spoiler, conseguem um grande avanço na sociedade ao votarem.

Então, como uma parábola feminista em preto e branco dos anos 1940 se tornou um fenômeno? Pelo menos parte da resposta está no fato de que "Ainda temos o amanhã" é um filme ambientado em um mundo muito binário.

A trama segue Delia, uma mulher devotada à família e dominada por seu marido violento e machista, Ivano, ele próprio filho de um pai violento e machista. Delia e Ivano têm três filhos, dois meninos pequenos e uma filha mais velha, Marcella, que os pais esperam que "se case bem" — isto é, se case com um cara rico, a única chance de uma mulher escapar da pobreza.

Parte do sucesso do filme se deve à popularidade de Paola Cortellesi, que coescreveu, dirigiu e estrelou, e que é uma figura muito popular na Itália. Mas outra razão importante pela qual o filme foi tão bem-sucedido é que é a história de um feminismo com o qual todos podem concordar e aproveitar. Cortellesi descreveu o filme como "um filme contemporâneo ambientado no passado", mas deslocar a luta do feminismo para o passado permite que seja visto em termos de batalhas vencidas sem ter que confrontar aquelas que ainda serão travadas, ou aquelas dentro do próprio feminismo.

Onde assistir ao filme?

O filme "Ainda temos o amanhã" está em cartaz no cinema Belas Artes em São Paulo.

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