Modelo Gigi Hadid: Em duas capas, uma estrelada pela refugiada somali Halima Aden e outra pela modelo Gigi Hadid, ambas usam trajes que evocam equipes de resgate (@gigihadid/Twitter/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 15h58.
Em tempos de moda com propósito em ascensão, a mais nova edição da CR Fashion Book, a publicação de moda e luxo editada por Carine Roitfeld, investe num drama real em sua mais nova edição: imigração e refugiados.
Em duas capas, uma estrelada pela refugiada somali Halima Aden e outra pela modelo Gigi Hadid, uma das mais populares de hoje - com mais de 42 milhões de seguidores no Instagram, ambas usam camisetas da Unicef sob casacos utilitários da Calvin Klein, que evoca os trajes de bombeiros e equipes de resgate - Halima arremata o look usando um capuz/hijab de leopardo na cabeça.
As duas trabalham em parceria com a Unicef, órgão das Nações Unidas que atua para promover a defesa dos direitos das crianças e criaram um fundo de arrecadação de doações em crowdrise.com/UNICEFuprooted.
Ao jornal dedicado à indústria da moda, o WWD, a editora afirma que queria promover a missão da Unicef com a nova edição, "especialmente em um ano tão desafiador para crianças e refugiados globalmente". "Queria celebrar essas duas jovens mulheres apaixonadas, homenageando suas conquistas e a promessa do que elas ainda vão trazer para esta respeitada organização".
Caryl Stern, presidente da Unicef norte-americana comemora o projeto. "A indústria da moda tem um poder real de acender discussões. Já há mais crianças em fuga hoje em dia do que em qualquer ponto da história desde a Segunda Guerra Mundial e é crucial que iluminemos aqueles que estão ajudando a fazer o mundo um lugar melhor", afirma. O mais recente relatório da instituição sobre refugiados e crianças migrantes contabiliza cerca de 50 milhões refugiados no mundo.
Na nova edição da revista, Gigi que é filha é de palestino e Halima contam mais de sua relação com a migração e refugiados. Somali, Aden nasceu num campo de refugiados no Quênia. Ela conta como tomou contato com integrantes da Unicef pela primeira vez. "Esqueço os nomes, mas nunca poderei esquecer como eles me fizeram sentir", diz. Os primeiros meses em solo norte-americano não foram fáceis. Sua mãe não falava inglês e ela diz que chegou a sentir saudades da familiaridade que tinha com o antigo �lar� no campo de refugiados. "Não é insano, isso?", questiona. "Minha mãe costumava dizer que nossa casa nos expulsou e não vai permitir que retornemos", lembra. "É por isso que todos os refugiados buscam aceitação. Serei recebida de braços abertos ou serei mandada de volta ou vou ter que suportar algo ainda pior [que de onde eu fugi]?".