Novak Djokovic, campeão sérvio de ténis. (Paul Childs/Reuters)
A polêmica envolvendo Novak Djokovic, acusado de entrar na Austrália sem vacina em aberta violação das leis locais, poderia custar muito caro ao campeão de tênis. Até US$ 30 milhões por ano.
Djokovic, número 1 do mundo no ranking ATP, já ganhou 20 Glandes Slams, e foi o único atleta da história a ter ganho pelo menos uma vez em sua carreira os nove Masters 1000.
O sérvio assinou acordos comerciais com empresas líderes como Hublot (relógios), Lemero (toner), NetJets (jatos particulares), Peugeot, Raiffeisen Bank International e Ultimate Software Group.
A Asics lhe fornece tênis adaptados ao seu jogo em todos os detalhes, enquanto desde 2001 Djokovic joga com raquetes da Head.
Somente em 2021, além dos US$ 4,5 milhões em prêmios dos torneios, o campeão sérvio registrou um faturamento com patrocinadores de cerca de US$ 30 milhões.
Um montante que fez dele o jogador de tênis mais bem pago do mundo e o número 46 entre os esportistas mais bem remunerados. Seu patrimônio pessoal seria de US$ 220 milhões.
Todavia, esse fluxo de caixa poderia se reduzir consideravelmente nos próximos meses por causa da polêmica com as vacinas.
O campeão mundial desencadeou um caso diplomático internacional com a decisão de participar do Australia Open aproveitando uma "isenção" médica à vacina covid-19 por motivos que não foram revelados.
A decisão do governo australiano de expulsá-lo do país, à qual os advogados de Djokovic responderam com um recurso judicial, deu origem a uma verdadeira disputa entre governos.
O presidente e o primeiro-ministro sérvio defenderam abertamente Djokovic, convocando o embaixador australiano em Belgrado.
Enquanto isso, nas redes sociais começaram a chover comentários ferozes contra o tenista que não quer se vacinar.
Desde o fim da parceria com a Uniqlo em 2017, Djokovic veste a marca francesa Lacoste.
Alguns meses atrás, o patrocínio foi estendido até 2025, quando o campeão sérvio terá 38 anos. Um recorde, já que é considerada uma idade muito avançada para um atleta.
Mas o verdadeiro recorde seria o valor do patrocínio: cerca de US$ 10 milhões.
No dia da assinatura do contrato, o CEO da Lacoste, Thierry Guilbert, declarou que "Novak não é apenas um atleta excepcional, mas também um daqueles grandes campeões que têm um caráter maravilhoso dentro e fora de campo. Nosso encontro em 2017 foi amor à primeira vista. Sua audácia, tenacidade e gentileza me impressionaram, e estou orgulhoso de poder continuar nossa aventura juntos e acompanhá-lo em seus novos desafios".
Palavras que hoje aparecem, no mínimo, fora do lugar, considerando a tempestade midiática que atingiu Djokovic nos últimos dias.
Claro, o escândalo sobre a isenção de vacinas e a reação da opinião pública internacional e do governo australiano não eram previsíveis para as empresas que apoiam o tenista sérvio.
Entretanto, suas posições contrárias às vacinas já eram públicas e notórias. Tanto que nas redes sociais ele já é chamado de "Novax Djokovid"
No ano passado, Djokovic havia organizado um torneio, o Adrian Tour, entre Sérvia, Croácia, Montenegro e Bósnia-Herzegovina, que se tornou um surto de covid-19 devido à falta de cumprimento dos protocolos de segurança sanitária.
Neste período de crise pandêmica, nenhum dos patrocinadores mais importantes se dissociou abertamente de Djokovic, provavelmente devido às altas penalidades previstas nos contratos em caso de rescisão unilateral dos acordos.
A indignação social que pipocou sobre o tenista por sua participação "isenta de vacinas" no torneio Australia Open, no entanto, mexeu com a sensibilidade de centenas de pessoas em todo o mundo, especialmente por quem passou pelo covid-19.
Isso induzindo os gerentes de marketing das empresas ligadas a Djokovic a sérias reflexões sobre a oportunidade de continuar ao lado do campeão.