Dia do Orgulho Nerd, comemorado hoje (25): entenda a trajetória do conteúdo geek no cinema (Lucasfilm/Warner Bros./Sony/Reprodução)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 25 de maio de 2020 às 12h20.
Última atualização em 25 de maio de 2020 às 12h21.
Mais de 40 anos depois do lançamento do primeiro “Star Wars”, os nomes Luke Skywalker, Darth Vader e Leia Organa ainda são as principais referências para o universo de ficção científica e nerd.
O que George Lucas criou em 1977 se tornou, além de um marco para o desenvolvimento narrativo e tecnológico no cinema, o principal produto responsável pelo sucesso de um gênero cinematográfico focado em conteúdo geek. E a data do Dia do Orgulho Nerd, comemorado hoje (25), é justamente em homenagem ao primeiro filme da franquia, "Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança", lançado em 25 de maio de 1977.
Como consequência, a saga de filmes que se passa em uma galáxia muito, muito distante acabou influenciando e deixando sua marca em diversas produções que vieram após. “Toy Story”, “Alien”, “Battlestar Galactica” e “Phineas e Ferb” são alguns exemplos de produções que utilizaram de conceitos vistos em “Star Wars” em alguma parte de sua história, seja como homenagem ou parte essencial da narrativa.
E, embora o sucesso da franquia dos Skywalker – que conta com filmes, séries, quadrinhos, livros, brinquedos, músicas, jogos, um parque temático e serve até como referência para nomes de objetos científicos – seja incomparável, esse foi apenas o começo do mundo geek no cinema.
Ainda no século 20, a trilogia de “De Volta para o Futuro” também brincou com elementos da ficção científica e angariou uma base de fãs robusta, que tem o viajante do tempo Marty McFly como referência até os dias atuais. Mas o que marcou a virada do século foi "Matrix", primeiro filme da trilogia pensada pelas irmãs Lily e Lana Wachowski.
Com sua realidade alternada, o universo de Matrix foi o responsável por estabelecer o que de fato significava um produto multimídia: para entender completamente a história, os fãs precisavam ir além do filme e conhecer as histórias em quadrinhos, os curtas-metragens e os jogos feitos após os filmes, além de estar por dentro das teorias criadas por internautas na época.
Essa interação fez com que se iniciasse uma cultura de completo envolvimento entre os fãs e o filme/série, e estes nunca mais foram produtos únicos. Essa relação se intensificou com a chegada do ano 2001, que marcava também o início efetivo das adaptações de livros para o cinema.
Ainda que não sejam voltados unicamente para o público nerd como se é conhecido – isto é, o público consumidor de quadrinhos, fantasia e ficção científica –, “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” e “Harry Potter e a Pedra Filosofal” conquistaram seu espaço. Abordando um lado mais mitológico, mágico e menos científico do que as obras anteriormente citadas, as franquias foram responsáveis por ressignificar o que é a cultura pop e trouxeram um novo – e ainda maior – público para esse universo cada vez mais vasto.
Mesmo com tudo isso, ainda tinha espaço para os super-heróis se destacarem. Se no século 20 o gênero não alcançou o esperado, a partir de 2000 seria diferente: quem não tem a cena do beijo de Homem-Aranha e Mary Jane Watson gravada na cabeça? A primeira trilogia de Peter Parker, que teve seu primeiro filme em 2002 – muito antes do Universo Cinematográfico Marvel –, é até hoje considerada uma referência para o gênero. Foi, para muitos, um dos primeiros indícios do forte apelo que um super-herói mais humano tinha com o público.
Algumas adaptações depois – diversos filmes de sucesso dos X-Men e, também, filmes que foram mal na crítica, como “Elektra", “Motoqueiro Fantasma”, “Demolidor” e mais – a Marvel encontrou a fórmula do sucesso: selecionar uma equipe de heróis não tão conhecida e criar um universo compartilhado entre seus filmes. Foi assim que Homem de Ferro, Capitão América, Viúva Negra, Hulk, Thor e Gavião Arqueiro entraram para a lista dos super-heróis mais conhecidos do mundo – o que resultou em seis filmes da Marvel Studios estarem na lista dos vinte filmes com a maior bilheteria do mundo, sendo “Vingadores: Ultimato” o primeiro, com mais de US$ 2 bilhões de bilheteria.
Mas a Marvel não foi a única a também garantir sucesso no cinema: enquanto o Universo do estúdio era criado, a editora DC Comics conseguiu seu prestígio com “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, filme que levou o gênero para as principais categorias do Oscar e elevou as expectativas de todos. Como Coringa, o ator Heath Ledger (1979-2008) se eternizou no papel do filme de Christopher Nolan. A trilogia Batman por Nolan é, até hoje, a série de filmes do gênero mais bem avaliada.
Mulher-Maravilha, Arlequina, Superman, Doutor Estranho, Pantera Negra, Deadpool e Wolverine também são grandes referências do universo dos quadrinhos das últimas duas décadas. A "era de ouro" dos heróis e vilões é evidente e contribuiu – ainda mais – para um crescimento do público que consome conteúdo nerd, independente da mídia de preferência.
O triunfo dos heróis não impede, porém, que os outros gêneros também tenham sucesso. Da parte distópica, mágica e mitológica, as franquias Percy Jackson, Jogos Vorazes e Crepúsculo se destacaram nesta década e já prometem um retorno - seja com livros ou conteúdo audiovisual novo. Star Wars, a razão para a existência da data de hoje, também não perdeu espaço: a franquia está cada vez mais presente com filmes, séries, quadrinhos, livros e jogos novos, além de ter um parque sempre atualizado no território de Orlando da Disney.
Como uma das indústrias mais movimentadas do mundo, o mundo nerd é cada vez mais lucrativo. Em 2019, a CCXP, em São Paulo, bateu seu recorde de público e faturou 52 milhões de reais. Ainda em 2019, 4 dos 10 maiores filmes em termos de bilheteria eram sobre super-heróis, e arrecadaram mais de 6 bilhões de dólares globalmente.
Seja qual for a referência que surge em sua mente, os universos fantasiosos, científicos, heroicos, mitológicos e mágicos estão se expandindo cada vez mais. Pelo décimo quarto ano seguido, o Dia do Orgulho Nerd é uma forma de comemorar estes e muitos outros mundos fictícios que fizeram - e fazem - parte da infância, adolescência, fase adulta e velhice dos fãs.