O ator John C. Reilly é abraçado pelo personagem de "Detona Ralph": durante suas aventuras, Ralph vai descobrir mundos muito diferentes do seu (©AFP/Getty Images / Christopher Polk)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 16h00.
Los Angeles - Os estúdios da Disney abandonam neste inverno as princesas e contos de fadas para mergulhar no mundo dos videogames com "Detona Ralph", um filme que une a nostalgia dos jogos arcade dos anos 1980 com o entusiasmo pelos jogos hiper-realistas modernos.
A Disney confiou a produção do filme, que estreia sexta-feira nos cinemas brasileiros e americanos, a Rich Moore, um veterano da animação que assinou vários episódios das séries animadas "Os Simpsons" e "Futurama".
Esta não é a primeira vez que os estúdios do criador de Mickey Mouse se interessam pelo universo dos jogos eletrônicos. Foi um pioneiro nesta área nos anos 1980 com o filme de ação "Tron", que ganhou uma sequência em 2010.
Mas tentar sintetizar este mundo com o cinema de animação é uma novidade para a Disney, que trabalha na ideia há mais de dez anos.
Em vez de adaptar jogos já existentes, como havia tentado sem sucesso outros estúdios, a Disney decidiu inventar. "Queríamos representar diferentes tipos de jogos de videogame. Aqueles que amamos e aqueles que acreditamos que as pessoas podem se identificar", explicou à AFP Rich Moore.
A história, onde podemos sentir a influência da Pixar - de propriedade da Disney -, segue as aventuras de Ralph, o "vilão" de um jogo de gráficos pixelizados típico dos anos 1980, como "Pac-Man" e "Space Invaders". "Um mundo muito simples, antigo", diz Moore.
Cansado de ser o vilão da história, condenado dia após dia a destruir um edifício que o "agradável" Felix conserta imediatamente com o seu martelo mágico, Ralph foge para outros videogames para tentar conquistar uma medalha de campeão, indispensável para recuperar um pouco da autoestima.
"O que eu achei interessante sobre ele é que ele é um personagem cheio de imperfeições", disse à AFP John C. Reilly, a voz de Ralph na versão original.
"Ele acha que sabe tudo, quando na verdade não sabe nada, ele é muito seguro de si mesmo, semeia a bagunça, comete erros, é ganancioso e egoísta", explica o ator, de 47 anos, rosto conhecido do cinema americano, visto recentemente em "Carnage" (2011) de Roman Polanski.
"No começo, ele sente pena de si mesmo, culpa o mundo inteiro por seu infortúnio. E então ele percebe que as soluções não vêm de fora, mas que temos que buscá-las dentro de nós", acrescenta.
Durante suas aventuras, Ralph vai descobrir mundos muito diferentes do seu, começando com o hiper-realista de "Duty of Heroes", um jogo de luta na tradição de "Call of Duty". "Havia um contraste interessante entre o seu mundo e o de 'Heroes Duty', muito agressivo e realista", com gráficos "angulares e de formas afiadas", diz Moore.
Para completar o quadro, o diretor inventou um jogo de "perseguição" batizado de "Sugar Rush", onde Ralph vai encontrar uma amiga na pessoa de Vanellope von Schweetz, uma garota travessa e solitária.
"Sugar Rush", um mundo de gráficos coloridos inspirados nos desenhos japoneses, "um lugar que parece ser um mundo para as crianças, inocente e bonito", mas essas paisagens doces e coloridas escondem uma realidade mais escura, ressalta Moore, um grande fã de jogos de videogame, assim como John C. Reilly.
"Eu sou da primeira geração de jogos. Passar do pinball ao 'Space Invaders' foi um salto enorme", lembra o ator. "Eu era viciado. Mas hoje, não jogo mais. O mundo tornou-se um videogame".