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Destaque na Copa, intérpretes têm futuro na TV ao vivo

Diretor executivo do SporTV planeja repetir experiência do programa É Campeão, em que quatro comentaristas, de nacionalidades distintas, conseguiam se entender

Cannavaro, Matthaus e Passarella participaram do programa "É Campeão" (Sportv/Divulgação)

Cannavaro, Matthaus e Passarella participaram do programa "É Campeão" (Sportv/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 16h06.

São Paulo - Não será preciso esperar pela Olimpíada ou pela Copa de 2018 para se deliciar com a magia de uma mesa redonda ao vivo em que quatro idiomas diferentes se entendem entre si e se fazem entender pelo telespectador.

Diretor executivo do canal SporTV, Raul Costa Jr. não revela o nome do santo, ainda, por razões contratuais, mas adianta ao Estado que planeja repetir muito em breve a experiência adquirida no É Campeão, programa realizado ao vivo durante o mundial no Brasil, com ex-capitães de quatro países distintos.

"Deu muito trabalho, mas valeu a pena", diz Costa Jr. "No início estava até um pouco engessado, mas logo foi ganhando ritmo", avalia Costa Jr.

Antes que os verdadeiros protagonistas entrassem em cena, conta ele, cerca de vinte testes foram feitos com atores que estudaram o ritmo de falar de cada participante: o italiano Fábio Canavarro, o argentino Daniel Passarella, o alemão Lothar Matthäus e Carlos Alberto Torres - embora o brasileiro não demandasse intérprete para o público, teria de ser entendido pelos demais participantes, que usavam fones para entender o que os outros diziam, incluindo o apresentador, André Rizek.

Responsável pela seleção e pelo treinamento dos intérpretes que trabalharam para o SporTV durante a Copa, o francês Yves Bergougnoux dá uma dimensão do expediente.

"Tivemos dois desafios. A primeira foi tentar encontrar as soluções linguísticas para fingir que ali havia quatro pessoas falando em português, como se estivessem aqui. Pelo fato de um ter de esperar pela tradução do outro, era difícil conseguir exatamente o mesmo ritmo de conversa de bar, com interlocuções. Mas a gente achou soluções, sobretudo para o alemão, em que o verbo ou a partícula que dá sentido à frase fica no final, e isso atrasava um pouco a interpretação, no início", conta Bergougnoux.

O segundo desafio foi "formar uma equipe que a priori não era especializada em futebol e que vinha dos quatro cantos do País, com idades entre 27 e 76 anos, e integrar todo mundo", diz.

Com 49 anos de vida, ele já tem mais tempo de Rio de Janeiro do que de terras francesas, e faz questão de diferenciar o termo "tradutor" de "intérprete", função que exerce e que denomina também os profissionais que selecionou.

Coube a Bergougnoux ainda a escolha dos intérpretes responsáveis pela tradução das entrevistas coletivas dadas pelos atletas durante todo o mundial, o que implicou a contratação de 26 profissionais para 12 idiomas.

O time do É Campeão era formado por George Bernard Sperber (alemão/português), Juan Hersil (espanhol/português), Martha Moreira (alemão/espanhol), Ursula Pabst (espanhol/alemão) e Marcello Lino (italiano/português).

Todos eram expediente em cabines montadas em uma sala da técnica, vizinha ao estúdio onde os ex-capitães faziam o programa, na Ilha Fiscal, no Rio. "Não podíamos correr riscos de delay ou de ter qualquer problema de compreensão agravado pela distância", explica Raul Costa Jr.

Em suma: nunca antes uma mesa de futebol demandou tanta engenharia e conteúdo intelectual. Que venham outras, no rastro dos "legados da Copa".

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