Xampus sólidos da Simple Organic. (Simple Organic/Divulgação)
Julia Storch
Publicado em 13 de junho de 2022 às 16h51.
Última atualização em 15 de junho de 2022 às 15h06.
Foi a partir de trabalhos voluntários na Amazônia, como cirurgião bucal em comunidades ribeirinhas que o dentista Luciano Mazitelli decidiu se aprofundar na pauta da sustentabilidade envolvendo saúde bucal. Após dois anos de desenvolvimento, Mazitelli lançou em maio a Sana Green, marca de pastilhas que substituem a pasta de dentes. O dentista não é o único que se enveredou pelo caminho dos produtos sem água. Nas gôndolas de farmácias e e-commerces é possível encontrar produtos sólidos para cabelos, como xampus e condicionadores, para a pele, como desodorantes, balms, primers e de higiene bucal.
Para higienizar a boca, basta molhar a escova de dentes, mastigar a pastilha sabor hortelã, que começará a espumar, e escovar os dentes normalmente. “Um dos meus desafios era deixar [as pastilhas] o mais parecido com uma pasta de dente possível. Mas feitas com ingredientes naturais e sem químicos sintéticos”, explica o dentista.
Para isso, foram necessários dois anos de desenvolvimento. No início, a ideia era um pó que deveria ser salpicado na escova de dentes. Porém, o produto não era prático. Até que Luciano assistiu um vídeo de dicas de acampamento, em que a pasta de dente era dividida em gotas para viagem, e teve o insight de desenvolver pastilhas.
Os comprimidos são vendidos em embalagens de vidro com 70 unidades, por 30 reais. Também é possível comprar o refil, embalado em um pacote de papel. Em breve, entrarão no portfólio da marca novos sabores de pastilhas, escovas de dentes com cabo de bambu, enxaguantes bucais no formato de pastilhas efervescentes e fios dentais feitos a partir do casulo do bicho da seda.
Na marca de clean beauty, Simple Organic, as pastilhas de dente também estarão à venda em breve. A pastilha Taste poderá ser tanto mastigada, quanto usada com a escova de dentes. “Além da sustentabilidade, o produto se encaixa muito com o dia a dia das pessoas, que pode ser carregado como uma balinha na bolsa”, comenta Patricia Lima, fundadora da marca.
“Acreditamos na monodose de produtos, que é uma tendência, mas que nem sempre é viável pela embalagem e pelo custo, mas neste produto conseguimos aplicar”, diz Lima.
Dos produtos mais vendidos da marca, dois são sólidos. O primer blur effect e o balm de olhos. “O balm é muito vendido pela praticidade. As mulheres costumam usar o produto ao se deitarem na cama para dormir, é um produto para hidratar os olhos e para evitar a linha finas. É um skincare rápido. Já os homens, principalmente os heterossexuais, se sentem mais confortáveis com o primer para o controle de oleosidade na pele. Eles gostam do stick porque é prático e rápido de usar. São dois produtos do mesmo formato, mas que têm apelos diferentes em como as pessoas aplicam”, explica Lima.
O desenvolvimento de produtos sólidos também aconteceu através dos consumidores da marca. “Desde o primeiro ano da Simple, as pessoas pedem por uma linha de sólidos. Mas para mim não fazia sentido lançar só por lançar”. Para Patricia, os produtos da marca precisam ter boa performance e serem sustentáveis. “Hoje, o que mais tem no mercado são linhas de sólidos que contém sintéticos na fórmula”, diz.
Os xampus não contêm sulfatos, inimigos da vida marinha e que deixam o cabelo com frizz. Durante a pandemia, as pessoas passaram a cuidar mais do couro cabeludo. Com isso, a fórmula de xampus contém niaciamida, que dentre os diversos benefícios, ajuda no fortalecimento da pele e ácido hialurônico.
A mesma premissa acontece na B.O.B, que começou com a introdução de xampus e condicionadores em barra em 2018. Atualmente a marca conta com barra de limpeza facial, máscaras capilares, linha kids e sabonete íntimo no portfólio.
Desde junho, foi introduzida a linha de desodorantes, seguindo a proposta da marca em compor um “banheiro zero plástico”.
Com quatro versões de desodorantes disponíveis, refrescante, suavizante, purificante e intensivo (50 gramas, 55 reais cada), os fundadores não queriam reinventar o modo de utilização do produto, mas adaptá-lo. “Desenvolvemos um produto sem água, mas sem mudar a rotina no banheiro”, diz Victor Lichtenberg, co-fundador da marca.
“Hoje quando você compra um cosmético convencional, a composição é de 80% água e 20% de princípio ativo”, comenta Lichtenberg. Sem água na composição, há mudança na logística, com menos volume a ser transportado, embalagens que podem ser de papel e maior durabilidade do produto.
Para além do lucro, a Simple Organic visa promover a beleza limpa. "Por exemplo, abrimos parte da lucratividade linha de sólidos para que ela seja competitiva. Eu prefiro que a gente tenha um produto acessível para o consumidor do que fortalecer o estigma de produtos naturais e fórmulas limpas são caras", finaliza Lima.