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Desfile no Sábado das Campeãs, no Rio, é de emoção e orgulho

O desfile começa às 21h15; escolas prometem um espetáculo para o público que estará na Marquês de Sapucaí

Mangueira: vencedora do Carnaval do Rio será a última a desfilar (Raphael Dias/Getty Images)

Mangueira: vencedora do Carnaval do Rio será a última a desfilar (Raphael Dias/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 9 de março de 2019 às 11h42.

O rigor do desfile oficial e a preocupação com os jurados vão ser deixados de lado neste Sábado das Campeãs, quando as seis escolas mais bem classificadas no Carnaval de 2019 do Rio de Janeiro prometem um espetáculo para o público que estará na Marquês de Sapucaí. A campeã, Mangueira, volta à passarela, bem como a Viradouro, a Unidos de Vila Isabel, a Portela, o Salgueiro e a Mocidade Independente de Padre Miguel.

O desfile começa às 21h15 e, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), a primeira a se apresentrar será a Mocidade Independente de Padre Miguel. Em seguida, virão Salgueiro, Vila Isabel, Unidos do Viradouro e Mangueira, que deve desfilar por volta das 2h40 de domingo (10).

Mocidade

A Mocidade Independente de Padre Miguel, sexta colocada e primeira a desfilar neste sábado, não precisou fazer grandes reparos nos carros alegóricos por causa do trajeto de ida e volta do Sambódromo após a apresentação oficial durante o carnaval. Hoje serão feitos apenas retoques na própria concentração para a entrada na Marquês de Sapucaí.

Segundo o diretor de Carnaval da Mocidade, Marquinho Marino, as alegorias não sofreram avarias no transporte e que houve apenas revisões mecânica e elétrica. Ele disse que o público terá uma nova visão da Mocidade que, no desfile oficial, passou pela Marques de Sapucaí já com dia claro e hoje se apresentará à noite. "Agora a gente vai mostrar realmente o que são os nossos carros porque de dia a iluminação não é a mesma. E é evidente que há uma perda muito grande na comparação com as escolas que estavam na noite", afirmou.

Salgueiro

O diretor de Carnaval do Salgueiro, Alexandre Couto, destacou que o cuidadoso trabalho feito no barracão para o transporte das alegorias até Passarela do Samba e para o retorno após o desfile oficial garantiu a conservação dos carros, que não exigiram reparos. "Temos uma equipe e uma logística que leva e traz os carros para a avenida perfeitamente. É um trabalho com que não me preocupo, os carros voltam em perfeitas condições. Vamos fazer um desfile no mais alto nível e nas mesmas condições do desfile oficial." Couto descreve o transporte das alegorias até o Sambódromo como uma "verdadeira viagem", porque o caminho é árduo. Algumas alegorias chegam a ter 20 metros de cumprimento, 8 de largura e 15 de altura. "Por isso, a gente pode ter que fazer uns reparozinhos na concentração, mas hoje a escola está prontinha para desfilar."

Segundo Couto, o Salgueiro vai se apresentar muita descontração e comemorar o desfile feito na madrugada de segunda-feira, após superar dificuldades na preparação do carnaval. "Foi uma grande vitória diante do desafio de fazer carnaval no Salgueiro por causa da guerra política [correntes de poder dentro da escola] que teve no ano passado. Só de vir ao desfile das campeãs já é uma grande vitória."

Portela

A Portela fez pequenos reparos de peças que se soltaram das alegorias. Segundo Júnior Schall, integrante da Comissão de Carnaval da Portela, o número de componentes que desfilam hoje pode ser menor, pois muitos não moram no Rio e já voltaram às cidades de origem. Schall ressaltou que a escola tem se mantido entre as primeiras colocadas, o que leva os portelenses a preservar as fantasias porque "sabem" que vão voltar à avenida para o desfile das campeãs. "A Portela tem o maior quantitativo nos desfiles das campeãs. Há seis anos voltando nas campeãs, o componente da Portela se acostumou a desfilar duas vezes. Sem que isso possa parecer arrogância, ele preserva a fantasia, leva para a casa, guarda."

Schall destacou ainda a participação da comunidade portelense nas atividades da agremiação, como os ensaios que ocorrem às quartas-feiras. "São cerca de 2,5 mil pessoas dentro de um universo de 3,5 mil componentes, o que significa que temos quase o total de gente da quadra da Rua Clara Nunes, 81, ensaiando lá e se aplicando. Esse número é bem favorável", afirmou. Ele lembrou que homenagem à cantora Clara Nunes era um pedido antigo dos portelenses. "Emoção não é quesito, como andaram falando aí, mas no momento em que se abre mão da emoção - e a Portela não pode fazer isso de modo algum - a gente fica carente demais de poder apresentar um espetáculo a altura do que o povo precisa." Para ele, não há como falar de Clara Nunes, ainda mais em Portela, sem se emocionar."

Vila Isabel

Terceira colocada, a Vila Isabel precisou fazer poucos reparos nas alegorias e fantasias voltar à Marquês de Sapucaí. O nível de peças danificadas foi baixo, e a Vila voltará 100% para a avenida, informou o coreógrafo Patrick Carvalho, integrante da Comissão de Carnaval. "A Vila está inteira para o desfile." Patrick, que recebeu nota máxima dos jurados, lembrou a tensão do desfile oficial e disse que neste sábado haverá mudanças. "Quando eu virava a mesa [que era usada pelos componentes para a coreografia] só fazia os truques para os jurados. No sábado, quero fazer isso para a avenida inteira. Vou modificar para acrescentar esse grande show para o público."

Para Patrick, a preparação de uma comissão de frente mexe muito com o emocional, porque vários aspectos têm de ser analisados para a execução dos movimentos, e a carga de ensaios é elevada. Ele comparou a comissão de frente a um filho que a pessoa cria para o jurado bater, se quiser. "É muito desgastante, o emocional, a saúde, a família. Então, quando vêm os 40 pontos, é um alívio, e você não sabe de onde sai aquele peso." No desfile das campeãs, a escola vem descontraída, reafirmando a mensagem de que as pessoas precisam respeitar mais os museus. "No Brasil não valorizam muito. As pessoas entram nos museus e ficam tirando selfies."

Viradouro

A vice-campeã, Viradouro, também não precisou fazer reparos nas alegorias. O presidente da escola de Niterói, Marcelinho Calil, disse que as equipes que trabalham no barracão da escola acompanham o transporte e que, a cada ano, evoluem os preparativos para definir rotas de ida e volta para que os carros possam ir e voltar sem problemas. "A Viradouro vai levar a mesma energia, a mesma pegada de domingo. O desfile não tem a mesma adrenalina da competição, mas, para nós, não vai ser problema. Todo mundo vai estar mais leve, diante do que a escola passou nos últimos anos", destacou Calil. Depois de um período na Série A, antigo Grupo de Acesso, a volta ao Grupo Especial, considerado a elite do carnaval do Rio, é em clima comemoração, acrescentou.

Para o carnavalesco Paulo Barros, o desfile do vice-campeonato será menos tenso: "as pessoas estão felizes com o retorno ao carnaval em grande estilo e em altíssimo nível. Pode ter certeza de que a gente tentará reproduzir o nível de qualidade apresentado no domingo de carnaval [3]", afirmou. "Com a escola mais leve, mais solta, menos preocupada em preencher certas funções, mas, com certeza, o brilho no olhar, como diz o samba, vai ser o mesmo. Pode ficar tranquilo que a gente vai fazer um grande espetáculo no sábado."

Mangueira

O intérprete Marquinho Art'Samba, da Mangueira, mostrou-se confiante no envolvimento do público pelo samba-enredo da escola, considerado o melhor deste ano. "É um desfile menos técnico e com muito mais emoção. No desfile oficial tem certos tons em que a gente tem que ficar comedido. No desfile do sábado, posso botar mais cacos e me comunicar mais com o público, o que gera mais emoção."

Marquinho espera que, durante o "esquenta" para o desfile, ainda no Setor 1, o mais popular das arquibancadas do Sambódromo, possa cantar dois ou três sambas com os quais a Mangueira foi campeã, além de sambas de quadra. "O esquenta da Mangueira costuma ser emocionante, e vamos fazer algo mais voltado ao público", afirmou. Para Marquinho, o samba foi além das expectativas no desfile oficial. "No pré-carnaval, quando um samba é muito falado, ou é o mais ouvido, fica aquela dúvida para saber se ele acontece nesse período e, quando chega o desfile, isso não se repete. A comunidade estava cantando muito o samba, e logo, quando a bateria saiu do primeiro box e teve uma paradinha [no som dos ritmistas] no Setor 3, e o público veio abaixo, a gente percebeu que na avenida ia fluir bem. O público cantou muito o samba", lembrou o intérprete da escola campeã.

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