Para aqueles que têm o costume de adicionar açúcar, uma boa pedida seria reduzir ou retirar totalmente. (Klaus Vedfelt/Getty Images)
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Publicado em 7 de outubro de 2023 às 08h00.
Beber uma xícara de café é sinônimo de saborear uma experiência sensorial completa. Afinal, ele estimula todos os sentidos, desde o olfato até o paladar. Para entender mais sobre o assunto e apresentar dicas de como você pode potencializar as sensações provocadas pelo café, conversamos com Rodolfo Zanin, Doutor em Ciência de Alimentos, Especialista em café e Fundador da Accio Café.
De modo geral, ao consumir café, as principais percepções são de amargor, adstringência, acidez, corpo e doçura. Porém, isso não é uma regra, uma vez que o seu sabor é extremamente complexo e depende de vários fatores. A forma de produção no campo e o processo de torra, por exemplo, influenciam bastante. Se de um lado os cafés fermentados conferem aromas mais frutados e florais, devido à ação dos microrganismos no pós-colheita, de outro, os cafés naturais apresentam notas mais adocicadas, de nozes e chocolate.
É importante ressaltar que as duas espécies de café mais importantes, Canéfora e Arábica, possuem composições químicas distintas, o que resulta em diferentes características sensoriais. A primeira tem concentrações superiores de cafeína, motivo pelo qual expressa um amargor mais pronunciado. Já a segunda, dispõe de um aroma mais complexo e suave.
Uma forma de treinar o seu paladar para aproveitar ao máximo a experiência sensorial provocada pela bebida, é degustar cafés com origem conhecida, independentemente da espécie. Outra sugestão é se aventurar e provar cafés fermentados, o que ajuda bastante a sentir a acidez, as notas frutadas e os florais.
Para aqueles que têm o costume de adicionar açúcar, uma boa pedida seria reduzir ou retirar totalmente. Dessa forma, segundo o especialista, será possível perceber com mais detalhes tudo o que a bebida tem a oferecer. Por fim, preste atenção durante a degustação, procure sentir todas as notas e tente descrevê-las. Quando já estiver mais experiente, um exercício interessante é consumir o mesmo café preparado por diferentes métodos e tentar perceber as diferenças.
Em relação ao gosto de cada coffee lover, Rodolfo explica que o café bom é aquele que melhor se adapta ao seu paladar. “A preferência é muito particular, depende do meio onde a pessoa vive, das suas experiências e da sua possibilidade de acesso a uma diversidade de produtos”.
Sim. Segundo Rodolfo, cafés de qualidade possuem um agradável aroma de torrado, bem como atributos de acidez, doçura, amargor e frutado e sob medida. Por outro lado, os de má qualidade têm uma característica de queimado pungente, sem aroma e sem corpo. Além disso, apresentam notas intensas de adstringência e sabor residual muito pronunciado. O consumidor não precisa chegar no estágio de pós-compra para saber se o café tem qualidade, basta verificar se o produto possui o selo da ABIC e se certificar.