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Depois de áudio racista , conselheiro pede renúncia e se afasta do Santos

A gravação foi feita há cerca de três anos em um grupo de uma torcida independente, a 'DNA Santista'.

Santos: por meio de uma nota oficial assinada, 15 pessoas repudiaram a atitude do ex-dirigente (Divulgação/Divulgação)

Santos: por meio de uma nota oficial assinada, 15 pessoas repudiaram a atitude do ex-dirigente (Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2019 às 17h16.

Santos - Depois de ter áudio racista vazado na última quinta-feira, Adilson Durante Filho pediu renúncia do Conselho Deliberativo do Santos e afastamento definitivo do quadro associativo do clube neste sábado. A informação é do perfil oficial da equipe alvinegra no Twitter.

Ele foi diretor de futebol do time profissional entre 2008 e 2009 e vinha ocupando anteriormente o cargo de secretário-adjunto de Turismo do município de Santos.

A gravação foi feita há cerca de três anos em um grupo de uma torcida independente, a 'DNA Santista'. Na ocasião, 'Adilsinho', como era conhecido, fez comentário racista e sua fala foi divulgada nas redes sociais. "Sempre que tiver um pardo... O pardo o que é? Não é aquele negão, mas também não é o branquinho. É o moreninho da cor dele. Esses caras, você tem que desconfiar de todos que você conhecer. Essa cor é uma mistura de raça que não tem caráter", afirmou.

Ele foi além: disse ter respaldo acadêmico em sua declaração. "É verdade, isso é estudo. Todo pardo, mulato, tu tem que tomar cuidado. Não mulato tipo o P.. (um membro do grupo), o P... é tipo índio, chileno, essas por**. Tô dizendo um mulato brasileiro. Os pardos brasileiros. São todos mau-caráter. Não tem um que não seja", explanou, depois de dizer que estava "entre amigos" no início do áudio.

Ainda na quinta-feira, o Santos publicou uma nota na qual relembrou nomes como Pelé, Pepe, Coutinho e Zito para "ressaltar a harmonia entre negros e brancos" que fizeram história com a camisa do clube e afirmou "repudiar qualquer forma de racismo", mas não citou o nome de Adilson.

O ex-dirigente, por sua vez, também se pronunciou em nota, na qual pediu "desculpas a todos que se sentiram ofendidos". Ele afirmou ter se tratado de "um momento de infelicidade, onde foi levado pela emoção" e diz "não ter preconceito de cor, raça ou credo".

O prefeito da cidade de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, divulgou nota repudiando as falas do secretário e afirmou que ele está suspenso enquanto durar sua licença. Naquela tarde, Adilson se licenciou do cargo de secretário-adjunto de Turismo.

Na sexta-feira, um grupo formado por membros do Conselho Deliberativo do Santos cobrou publicamente uma punição a Adilson. Por meio de uma nota oficial assinada, 15 pessoas repudiaram a atitude do ex-dirigente, que também já foi diretor das categorias de base do time. Eles acusaram Adilson de cometer um "crime inafiançável".

"Os conselheiros do Santos FC abaixo-assinados vêm a público para repudiar o conteúdo racista do áudio. Ao argumentar que uma determinada raça 'não tem caráter', o autor comete crime inafiançável. Pior ainda, diz que sua fala é baseada em 'estudos'. Esse tipo de argumento era usado pelo nazismo na década de 1930 e, de maneira alguma, pode ser retomado nos dias de hoje", ressaltou a nota.

"Dada a gravidade do conteúdo, os conselheiros solicitam que o Santos FC tome as medidas cabíveis para extirpar esse tipo de pensamento do clube. Enquanto cidadãos, também defendemos que a Prefeitura de Santos faça o necessário para que nós não tenhamos um prestador de serviço com tal pensamento".

Por fim, a nota também lembrou jogadores negros que brilharam com a camisa do Santos: "Temos muito orgulho de torcer para um time que teve Pelé, Dorval, Mengálvio e Coutinho na linha de ataque mais famosa do mundo".

A nota oficial foi assinada pelos seguintes conselheiros: André Dantas, Cláudio Henn, Fabio Sartori, Guilherme Kastner, Jefferson Oliva, José Eduardo Lopes, Luciano Nunes, Marco Scandiuzzi, Nemésio Gomez Alonso, Nino Fidalgo, Renato Ramirez, Rogério Damásio, Rubens Passos, Vágner Lombardi e Vitor Loureiro Sion.

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