A série Bridgerton surpreende sem clichês, com burgueses e nobres negros no século 19. (Liam Daniel/Netflix/Divulgação)
Julia Storch
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 16h52.
Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 17h18.
Após o sucesso de O Gambito da Rainha, a Netflix já tem uma série concorrente para desbancar o trono: Bridgerton. Baseada nos romances de Julia Quinn e produzida por Shonda Rhimes, a série tem um por trás das câmeras que impressiona em números, foram feitas mais de 7.500 peças de roupas para incorporar os looks do século 19, em personagens, a Rainha da Inglaterra é uma mulher negra (interpretada por Golda Rosheuvel), e na trilha sonora, uma orquestra de cordas toca sucessos de Ariana Grande, Billie Eilish e Maroon 5.
Lançada há duas semanas, a série já é a quinta produção original da Netflix mais assistida no streaming. Além disso, a Netflix espera que mais de 63 milhões de casas assistam a produção nas primeiras quatro semanas desde o lançamento.
Bridgerton começa com garotas se arrumando para debutarem para a Rainha Charlotte. Mas ao contrário das meninas de 15 anos do século 21, as da série sofrem com espartilhos e adornam suas cabeças com imensas penas. A figurinista da série, Ellen Mirojnick, que já trabalhou em filmes como Instinto Selvagem e Malévola, e recebeu um prêmio Emmy de Melhor Figurista em 2013, contou à revista The Cut como foi o processo de produção dos mais de 7.500 figurinos da série, que conta com oito episódios e dez bailes. “O primeiro passo é olhar para o período em que está trabalhando, e depois ampliá-lo. O resultado é uma versão mais funk, mais alta e mais selvagem do século XIX”.
Realmente, as roupas contam com cores neon, diversos cristais Swarowski, e perucas em tons pastel que não fazem parte do universo de 1800, mas sim, das famílias Featheringtons e Bridgerton da série. A primeira família retrata os novos ricos, que desejam a aceitação social. Já a família que dá o nome à série está no topo da camada social, é admirada pela sociedade e cumpre as formalidades impostas pela época.
Mirojnick conta ao The Cut sobre o processo de caracterização das famílias. “Nos livros, quando Julia Quinn falou pela primeira vez sobre os Featheringtons, ela os descreveu como sendo pegajosos, feios e ácidos. Quando Chris Van Dusen criou a série, isso foi traduzido. Não os achei feios, eu os achei divertidos. Vesti-los era como decorar um bolo. Foi tão doce, divertido e ousado.”
Para identificar as famílias, a assinatura dos Featheringtons são borboletas e a dos Bridgertons, abelhas. Durante as cenas do primeiro baile, é possível identificar a personagem Penelope Featherington usando um vestido com estampa de borboleta.
Além deste detalhe do figurino, outro que não passa desapercebido é o decote. Mirojnick conta ao The Cut que “no período da Regência, com silhueta império, o destaque é a beleza do seio. [Com o espartilho por baixo do vestido] tudo sobe e se concentra na beleza do seio.” Para os personagens principais, foram produzidas mais de mil peças de roupas para cada, desde roupas íntimas aos vestidos luxuosos.
Conforto não foi um adjetivo que os atores e atrizes puderam utilizar nas gravações. Primeiro, pelo uso dos espartilhos e roupas pesadas. Depois, pela época do ano em que a série foi filmada, durante o inverno europeu com diversas cenas externas. A série, gravada na Inglaterra, contou com locações em Londres, Bath e Yorkshire.
Para a equipe, o desafio foi ainda maior. Algumas filmagens foram feitas próximas às residências reais, e precisaram ser gravadas rapidamente. A estação do ano acabou com todas as folhagens e flores das árvores, assim arbustos e árvores de plástico tomaram conta dos jardins, além de muita grama sintética cobrindo as naturais, queimadas pela neve. “Além das árvores falsas, passamos a manhã com maçaricos derretendo o gelo que estava aparente no cenário”, contou o designer de produção Will Hughes-Jones à Architectural Digest. “É o glamour dos filmes!”