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Culto aos santos continua enraizado entre os católicos

O culto aos santos, vistos como intercessores ante a figura de Deus único, continua muito arraigado entre os católicos


	Culto na igreja: por tradição, cada ofício tem seu santo padroeiro, dos marinheiros até os caçadores
 (VEJA)

Culto na igreja: por tradição, cada ofício tem seu santo padroeiro, dos marinheiros até os caçadores (VEJA)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2014 às 13h42.

Paris - O culto aos santos, vistos como intercessores ante a figura de Deus único, continua muito arraigado entre os católicos, sem que o debate sobre os supostos milagres abale sua fé.

Por tradição, cada ofício tem seu santo padroeiro, dos marinheiros até os caçadores, passando pelos vinicultores ou curtumeiros.

Os cristãos de todas as tendências veneram os apóstolos, mortos sob o martírio, e os padres da Igreja.

Os calvinistas têm sua Catedral de São Pedro em Genebra e os luteranos deram o nome de São Tomás a várias igrejas.

No entanto, os protestantes, hostis à proliferação de festas religiosas na Idade Média (havia até 80 dias de feriados em homenagem a santos padroeiros), não canonizam ninguém desde a Reforma dos séculos XV-XVI. E em suas orações se dirigem diretamente a Deus, sem intermediários.

Odon Vallet, historiador francês das religiões, explica que, no geral, "quanto mais distante parece Deus, mais se recorre a modelos próximos, os intercessores. Esta necessidade de proximidade é manifestada nas religiões monoteístas".

"Entre os muçulmanos não se fala em santos, mas há uma veneração pelos patriarcas da Bíblia e os companheiros do Profeta", acrescenta.

"Entre os judeus, se observa um respeito parecido pelos profetas e os patriarcas, como Abraão. Os túmulos de Raquel ou David são visitados com muita frequência", explica Vallet.

No politeísmo dos gregos antigos ou dos romanos, os deuses e semideuses não eram santos e, com seus acessos de cólera, suas paixões e seus caprichos, tinham muito a ver com os humanos.

Curas inexplicáveis

A questão mais complicada hoje em dia é a dos milagres.


Na Idade Média, a ciência e a medicina não estavam autorizadas a especular muito sobre as curas inexplicáveis, considerados sinais inequívocos de uma intervenção divina.

"Foi preciso esperar até o início do século XX e da descoberta de medicamentos contra as convulsões para que as crises de epilepsia não fossem mais consideradas resultado de uma 'possessão diabólica' e sim uma desordem neurológica", recorda Jean-Claude Monfort, psicogeriatra do hospital Saint Anne de Paris.

A ciência parece colocar no banco dos réus os milagres necessários para a beatificação (apenas um) de uma pessoa ou sua canonização (dois).

Segundo o dr. Monfort, "é incontestável que a fé pode causar uma melhora física ou psicológica e, talvez, curas".

O melhor argumento é o exigente registro de milagres do santuário de Lourdes (69 em 150 anos), reconhecido, inclusive, no mundo científico não religioso.

Odon Vallet observa que figurar neste registro de milagres supõe superar toda uma batalha de obstáculos.

O médico-chefe de Lourdes, o dr. Alessandro de Franciscis, explica que o santuário "não é um lugar de atendimento médica e sim um lugar de peregrinação, aberto a uma experiência de humanidade".

"Para que se realize um milagre, uma cura inexplicável, mas verificada e duradoura, o homem deve achar em si mesmo recursos difíceis de mobilizar na vida cotidiana sem ter fé".

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