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Coronavírus: China participará da Semana de Moda de Milão pela internet

A ausência de representantes de um terço do consumo mundial do luxo custa milhões de euros para um dos setores mais vitais da economia italiana

Desfiles de moda: Itália foi um dos primeiros países a proibir a entrada de chineses (AFP/AFP)

Desfiles de moda: Itália foi um dos primeiros países a proibir a entrada de chineses (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 16h45.

A Semana de Moda de Milão abre nesta terça-feira com um ato inédito, ao se conectar pela internet com a China, depois que o novo coronavírus obrigou estilistas, compradores e jornalistas daquele país a deixarem de viajar.

A ausência de representantes de um terço do consumo mundial do luxo, além da crise, custa milhões de euros para um dos setores mais vitais da economia italiana.

Como o show deve continuar, as grandes casas italianas como Armani, Fendi, Prada, Versace e Gucci apresentarão suas novas coleções femininas para o outono e inverno.

Durante cinco dias, o calendário agendou 56 desfiles, 96 apresentações e cerca de 40 eventos especiais na capital da Lombardia.

Três importantes estilistas chineses, Angel Chen, Ricostru e Hui confirmaram que não poderiam viajar para Milão porque a Itália foi o primeiro país europeu a proibir todos os voos de e para a China desde 31 de janeiro de 2020.

Além disso, o fechamento dos ateliês de produção dessas marcas impede o atendimento dos pedidos das coleções.

A ausência da China pesa. As salas para a exibição de suas marcas, onde compradores internacionais e proprietários de butiques de luxo de todo o mundo se encontram, estarão menos lotadas.

“O impacto econômico do vírus por enquanto não pode ser calculado, embora as medidas tomadas pelo governo chinês não tenham precedentes”, reconheceu a Camera Nazionalle della Moda, responsável pela organização da semana de moda.

A redução das exportações para a China custou nada menos que 100 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, segundo algumas estimativas, e chegará a 230 milhões se a crise continuar durante o primeiro semestre.

Para compensar a ausência, a Camera Nazionalle della Moda decidiu criar uma ponte digital entre Milão e China e lançar a iniciativa chinesa “We Are With You” (Estamos com vocês).

Assim, os compradores chineses terão acesso à transmissão de desfiles, preparativos, entrevistas com criadores e apresentações ao vivo, quase como se estivessem no coração de Milão.

A marca Prada até mudou o calendário de seus desfiles, para fazer sua apresentação no início da quinta-feira e facilitar o horário pra sua clientela asiática.

Os criadores chineses também serão os principais protagonistas, graças ao gigante chinês Chic Group patrocinador do desfile de oito marcas chinesas emergentes, que apresentarão suas coleções na Fashion Town. Os estilistas não estarão presentes fisicamente, mas na forma virtual através de links de vídeo.

Apesar disso, as principais marcas italianas continuam anunciando o fechamento de suas lojas na Ásia (Fendi, Prada, Versace), bem como ou congelamento dos investimentos no setor de varejo, como aconteceu com a Moncler na semana passada.

A entrega dos pedidos registra atrasos significativos. As grandes marcas têm feito importantes doações para o estudo do vírus com o objetivo de acabar com ele o mais rápido possível.

A Versace doou 1.300.000 euros, Kering um milhão de euros e LVMH 2 milhões de euros.

Até o momento, quase 2.000 pessoas morreram na China continental e mais de 72.000 foram infectadas.

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