Francis Ford Coppola, cineasta: diretor explicou que utilizou a máquina enquanto tentava dar sentido ao material que tinha acumulado durante as gravações (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 10h28.
Tóquio - O cineasta americano Francis Ford Coppola recebeu nesta terça-feira uma surpresa em Tóquio: a máquina de escrever que ele deixou há 35 anos na capital japonesa quando gravava o filme "Apocalipse Now" e que o ajudou a finalizar sua obra.
Durante uma entrevista coletiva para falar sobre um prêmio que recebeu no país asiático, a dona de um hotel de Tóquio, no qual Coppola se hospedou após rodar cenas do filme nas Filipinas, apareceu e entregou o objeto.
O diretor explicou que utilizou a máquina enquanto tentava dar sentido ao material que tinha acumulado durante as gravações, nas quais teve que lidar com problemas econômicos, o ataque cardíaco de seu protagonista e tufões que destruíram os cenários.
"Estava deprimido e em meio a um desastre financeiro, portanto vim ao Japão para pensar e escrever", afirmou.
Boa parte da entrevista coletiva girou em torno daquela etapa de sua carreira, na década de 1970, quando também produziu "O Poderoso Chefão" (1972), "A Conversação" (1974) e "O Poderoso Chefão II" (1974).
"Essa época agora é vista como uma fase impressionante da minha carreira. Mas todos esses filmes, inclusive "O Poderoso Chefão", foram recebidos com ceticismo. Na verdade, não me dei conta de que tinha sobrevivido a esse período até 15 ou 20 anos depois", lembrou.
"Muitos me perguntam: "Por que seu filmes não são mais tão bons quanto antes?". Para ser sincero, não importa o que eu faça agora, não saberei realmente como meu trabalho foi recebido até que se passem 15 ou 20 anos", acrescentou.
Coppola explicou que ao completar 60 anos, em 1999, ele decidiu que não queria mais competir com seu "próprio trabalho anterior" e voltou a ser um "estudante" para rodar três filmes "pequenos e raros": Velha Juventude (2007), "Tetro" (2009) e "Twixt" (2011).
Dessa forma, ele disse pretender "matar o diretor de todos os filmes anteriores para fazê-lo renascer".
"Esse é o processo no qual estou atualmente. Quando as pessoas me perguntam no que estou trabalhando agora não tenho vontade de contar porque seria uma conversa de cinco horas de duração", afirmou ao se mostrar esperançoso em relação ao futuro do cinema.
"Nem tudo já foi inventado. Ainda há muitas e excitantes fronteiras para serem rompidas!", explicou no discurso oferecido junto com o restante dos ganhadores do Praemium Imperiale 2013.
Os premiados desta última edição são, além de Coppola, o pintor italiano Michelangelo Pistoletto, o escultor britânico Antony Gormley, o arquiteto, também britânico, David Chipperfield e o tenor espanhol Plácido Domingo, que não pôde comparecer à entrevista.