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Consumo de café aumenta nos EUA mesmo com cafeterias fechadas

As vendas de café em supermercados dos EUA aumentaram 31% em março, 6% em abril e 11% em maio

Cafeterias: muitas das icônicas redes de café dos Estados Unidos ainda estão fechadas, mas isso não significa que a demanda esteja em queda (Getty Images/Reprodução)

Cafeterias: muitas das icônicas redes de café dos Estados Unidos ainda estão fechadas, mas isso não significa que a demanda esteja em queda (Getty Images/Reprodução)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 8 de junho de 2020 às 13h09.

Muitas das icônicas redes de café dos Estados Unidos ainda estão fechadas, mas isso não significa que a demanda esteja em queda, de acordo com a Olam International, umas das maiores tradings da commodity do mundo.

A corrida dos consumidores para estocar a marca de café favorita impulsionou as vendas em supermercados e até on-line, disse Vivek Verma, responsável pela divisão de café da empresa, com sede em Cingapura. A tendência mais do que compensou a queda no setor de serviços de alimentação: o consumo de café subiu cerca de 1,5% a 2% nos três meses até maio nos EUA, segundo estimativas da Olam.

Com a propagação do novo coronavírus, medidas de isolamento social reduziram as vendas. Muitas cafeterias ainda estão fechadas e, embora redes como Starbucks tenham algumas lojas abertas, os consumidores só podem comprar para levar ou pelo drive-thru na maioria dos estados. A expectativa de menor demanda por café contribuiu para a queda dos preços futuros do grão.

“No começo, todo mundo pensava que a Covid mataria a demanda”, disse Verma por telefone de Cingapura. “Para países que não tomam café, onde é mais parte da socialização, pode haver alguma queda, mas nos países consumidores, o consumo até o momento parece mais forte na comparação anual.”

As vendas de café em supermercados dos EUA aumentaram 31% em março, 6% em abril e 11% em maio, em comparação com o ano anterior, disse Verma, citando dados da empresa de análise Nielsen.

Com as preocupações sobre o impacto do coronavírus e a desvalorização cambial no Brasil, maior produtor de café do mundo, os preços do grão arábica acumulam baixa de 11% desde o fim de fevereiro. No cado do robusta, a queda é de apenas 3% no mesmo período, já que a variedade é mais usada no café instantâneo e blends tomados em casa.

Apesar da queda das cotações, a Olam espera que a oferta global fique aquém da demanda em 3,3 milhões de sacas na temporada que termina em 30 de setembro. Embora a operadora projete déficit de grãos arábica de 6,8 milhões de sacas, o mercado robusta pode mostrar superávit de 3,5 milhões. Atualmente, a previsão é de que o mercado mundial tenha excedente de 5,7 milhões de sacas na próxima temporada, de acordo com Verma. Uma saca pesa 60 kg.

O consumo fora de casa deve ter caído de 50% a 85%, disse Verma. Na Europa, os dados da Alemanha, maior consumidor, mostram um aumento do consumo de 3% em abril e maio.

A Olam opera suas duas unidades de café solúvel no Vietnã e na Espanha com 100% da capacidade, e a empresa está preocupada com interrupções no fornecimento, pois a crise do Covid-19 piora nos principais produtores. A empresa criou um fundo para ajudar agricultores de países como Peru, Colômbia, Uganda e Brasil, onde a colheita já está em andamento.

Os fundos serão usados para oferecer treinamento, bem como para garantir suprimentos médicos, kits de higienização e equipamentos de proteção, disse Verma. Alguns dos maiores clientes da Olam, como Nespresso e J.M. Smucker - dona da marca Folgers - também estão contribuindo.

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