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Conheça o hotel mais antigo de Londres com suítes que homenageiam escritores e estilistas

Cercado pelos parques Green e Hyde está o Brown’s Hotel. Com 192 anos, a hospedagem com cinco estrelas é a mais antiga da capital inglesa

Fachada do Brown's Hotel, em Londres. (Divulgação/Divulgação)

Fachada do Brown's Hotel, em Londres. (Divulgação/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 13 de março de 2024 às 13h42.

Última atualização em 15 de março de 2024 às 11h07.

Diversos lugares na Europa possuem histórias que provavelmente passam despercebidas por turistas desatentos. Ao andar pelas ruas de grandes capitais como Londres, Paris ou Roma, é certo que irá se deparar com alguma construção, monumento, ou até loja que conta a história daquele povo e local. Na capital da Inglaterra, o luxuoso bairro de Mayfair é um destas regiões históricas e que narra a história da realeza, nobres e burgueses da cidade de Westminster.

Cercado pelos parques Green e Hyde, em um quadrilátero entre as famosas ruas Piccadilly, Regent e Oxford está o Brown’s Hotel. Com 192 anos, a hospedagem é a mais antiga da cidade.

Assim como a história do bairro, o hotel inaugurado em 1832 presenciou as mudanças e crescimento da cidade, assim como hospedou indivíduos ilustres como Franklin Roosevelt que passou sua lua de mel na propriedade, além dos escritores Stephen King, Agatha Christie, que se especula que tenha baseado seu livro At Bertram's Hotel no Brown's Hotel, e Rudyard Kipling, que considerava o hotel um local inspirador para sua escrita e escreveu The Jungle Book em um dos quartos da propriedade. O autor batiza o maior quarto do hotel.

Suíte Kipling, em homenagem ao escritor Rudyard Kipling, que se hospedava no hotel. (Divulgação/Divulgação)

Atualmente circulam pelo hotel rostos conhecidos como os modelos Kate Moss e David Gandy e a atriz Ffelicity Jones. Por lá, também foi realizada a primeira ligação telefônica na Europa, feita por Alexander Graham Bell em 1876 a James Ford, com a ajuda de uma linha telegráfica privada instalada entre o hotel e a casa dos Ford em Ravenscourt Park.

Porém, não é somente das histórias de outros séculos que vive a propriedade. Adquirida por Rocco Forte em 2003, o hotel passou por uma reforma de 24 milhões de libras, e foi reinaugurado em 2005. Sir Rocco, como é chamado pelo staff, comumente circula pelas dependências, assim como sua irmã e sócia Olga Polizzi, que é responsável pelo design de interiores das propriedades.

Uma das novidades recentes do hotel é a suíte assinada pelo estilista Paul Smith. O espaço apresenta móveis e arte que fazem parte do dia a dia do diretor criativo e que podem ser encontradas no escritório de Paul em Covent Garden, como a impressionante fotografia de Christopher Simon Sykes da Chatsworth House e a cadeira de couro dos anos 1970 de Mario Bellini.

“Ser convidado a projetar um espaço para uma instituição tão icônica de Mayfair foi um grande privilégio, e eu me diverti muito no processo!”, diz Smith. “Assim como o Brown’s faz com seus quartos, projetamos cada boutique Paul Smith de maneira diferente para celebrar a individualidade da área, que é apenas uma das razões pelas quais o projeto me atraiu. Em um nível mais pessoal, estou muito satisfeito por termos conseguido incluir objetos que me inspiram pessoalmente e espero que, por sua vez, inspirem os hóspedes da suíte”.

Suíte Paul Smith, assinada pelo estilista britânico. (Divulgação/Divulgação)

Várias das colaborações notáveis de Paul Smith aparecem no ambiente, incluindo sofás, mesas e artigos de couro de sua recente coleção 'Everyday Life' com a empresa italiana de móveis de luxo DePadova; Lâmpadas Type 75 da parceria de longa data com a marca britânica de iluminação Anglepoise; e cobertores de lã xadrez desenhados por Paul para a empresa de design Maharam.

A parceria surgiu através da amizade entre Smith e Polizzi, cliente de longa data da loja de Paul Smith a poucos passos do hotel.

A escolha por um quarto confortável está entre os pontos principais da escolha por um hotel. Decoradas individualmente, as 115 suítes são divididas entre a Kipling, Sir Paul Smith, The Dover, além de quatro suítes deluxe, três suítes família com dois quartos, quatro suítes clássicas, duas suítes Brown’s, quatro estúdios, seis quartos família, sete quartos clássicos,16 suítes junior, 21 quartos superiores, 22 quartos executivos e 32 quartos deluxe.

O tradicional chá da tarde

O país reconhecido pelo consumo de chás apresenta um cardápio dedicado às infusões de folhas. Logo no hall de entrada do hotel está o Drawing Room, tradicional salão de chá inglês, que às tardes oferece por 75 libras uma seleção de delicados sanduíches no pão de forma recheados com salada de ovos, salmão defumado, pepino, presunto com mostarda e camarão. Além de um vasto cardápio de chás, a refeição é finalizada com uma seleção de doces folhados, bolos, petit fours. O chá também pode ser acompanhado por espumantes.

Para se perder no tempo, durante o chá há um pianista tocando, e nas paredes, uma seleção de livros para aproveitar a tarde.

Seleção de sanduíches, doces e chás no Drawing Room. (Divulgação/Divulgação)

Clássicos britânicos com assinatura italiana

Filho de Charles Forte, hoteleiro italiano naturalizado inglês, Sir Rocco nasceu na Inglaterra, mas inclui referências italianas em suas propriedades. No Brown’s Hotel, a coquetelaria do bar Donovan são assinadas pelo barman Salvatore Calabrese, ou “o maestro”.

Recentemente, Calabrese e Federico Pavan, diretor de mixologia da casa, lançaram o menu Evoke, com o intuito de apresentar diferentes emoções através de coquetéis.

“O menu Evoke é uma verdadeira viagem. Cada sabor lembra uma fase da minha vida. O primeiro gole me lembra a infância, ao percorrer minha paleta me lembro da minha adolescência. Mas o mais importante é o gosto residual, a experiência que idade traz, a sabedoria e quem eu sou agora. Um bom coquetel te dá tudo isso, te leva numa viagem do início ao fim”, diz Calabrese.

Com um cardápio que remete à um livro de fotografias, estão as criações como o drinque Red, feito com tequila Patron Reposado, Amaro Santoni, Ancho Reyes, um licor natural feito de pimentas ancho e poblano cultivadas no México, pimenta vermelha e Montelobos Mezcal.

Outro drinque com destaque no menu é o Adrenalina, que combina gim Old Tom, alcaçuz, vinagre balsâmico, Grand Marnier, Anniversario Amaro, um licor com uma mistura cuidadosa de mais de 30 ervas. Para harmonizar, aperitivos italianos, como tábua de embutidos como mortadela, presunto cru, salame e gorgonzola, e frituras como arancini e frango à milanesa.

O bar homenageia o fotógrafo inglês Terence Donovan não apenas com seu nome, mas com as fotografias espalhadas pelas paredes do ambiente.

Bar Donovan, em homenagem ao fotógrafo Terence Donovan. (Divulgação/Divulgação)

Arte e história em Mayfair 

Existem diferentes versões de Londres dentro de Londres. A cidade de nove milhões de habitantes proporciona diferentes tipos de turismo. Museus com artefatos de todos os cantos do mundo, museus de moda, locais históricos da cena musical, restaurantes com culinária de diferentes países, palácios e parques são algumas das atrações que a cidade oferece.

Em uma manhã ou tarde pelo bairro de Mayfair é possível conhecer parte da história da aristocracia da cidade. Para quem prefere uma visita guiada, um bom par de tênis e a companhia de Maeve Doyle são recomendados. A curadora, crítica de arte e diretora artística da Maddox Gallery, canadense vive há mais de duas décadas no bairro e é capaz de contar detalhes dos antigos monumentos do bairro e dos novos artistas que aparecem nas galerias do bairro.

Cada edição do Art Walks do Brown’s Hotel, que acontece de março a abril, possui um tema diferente, desde moda até colecionar arte e arte artesanal. Os hóspedes são conduzidos por alguns dos espaços criativos favoritos de Maeve em Mayfair, descobrindo segredos no caminho, enquanto ela compartilha seu conhecimento e dicas valiosas para ajudar a aproveitar ao máximo o diversificado cenário artístico de Londres.

A caminhada dedicada às artes visuais inclui uma passagem pela galeria Halcyon, que possui a maior coleção de obras de Andy Warhol, em seguida, Maeve encaminha os visitantes à Sotheby’s, uma das casas de leilões mais renomadas do mundo, onde é possível observar obras que serão vendidas pela casa.

Além disso, o passeio proporciona conhecer as personalidades por trás das galerias, que, assim como Maeve, compartilham informações de arte e do bairro.

Além de arte ao redor do hotel, há ainda lojas tradicionais do país, como a chocolateria Charbonnel et Walker Ltd., fundada em 1875, e escolhida pela Rainha Elizabeth II, como seus chocolates preferidos, e a Floris London, perfumaria de 1730 que guarda as fragrâncias preferidas de Winston Churchill, Marilyn Monroe e Oscar Wilde. Boa localização e atenção para aproveitar os clássicos de Londres em Mayfair.

Diárias a partir de 815 libras, para abril. Suíte Sir Paul Smith a partir de 4.565 libras por noite com café da manhã.

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