Casual

Conheça o gahwa, café que é símbolo de hospitalidade no Catar

A origem do "gahwa" se deu há pelo menos 600 anos, com a introdução do café etíope na região

A bebida amarelada tem consistência de chá e sabor de especiarias. (AFP/AFP)

A bebida amarelada tem consistência de chá e sabor de especiarias. (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 6 de outubro de 2022 às 09h08.

Seja em casa, no trabalho ou em qualquer outro lugar, servir café árabe é uma tradição muito presente no Catar e seus vizinhos na região do Golfo pérsico, até o ponto de ser considerado um símbolo da "hospitalidade" do país anfitrião da Copa do Mundo de 2022.

"Nem sabia que havia grãos de café aí dentro. Não tem o gosto do café que conhecemos", se surpreende Lanka Perera, cingalesa de 29 anos e moradora do Catar há três.

A bebida amarelada, que tem consistência de chá, tem forte sabor de especiarias e "se bebe quase todos os dias", acrescenta Perera. "Nossos companheiros cataris nos fazem tomá-lo todos os dias, mas não sabia como era feito ou qual era sua origem", admite depois de uma sessão dedicada ao famoso "gahwa" na Embrace Doha, um centro de cultura independente.

Todo o ritual de consumo é uma porta de entrada à cultura do emirado. A origem do "gahwa" se deu há pelo menos 600 anos, com a introdução do café etíope na região - a lenda diz que as propriedades dos grãos foram descobertas por um pastor do Iêmen - e continua com a composição da bebida, a partir de grãos de café tostados e cozidos, além do cardamomo e açafrão.

"O café italiano é muito conhecido, mas vocês sabiam que ele vem daqui, do mundo árabe? Estamos muito orgulhosos disso, pois muita gente o consome. Além do mais, é uma ótima forma de de iniciar uma conversa", explica Shaima Sherif, diretoria geral do Embrace Doha, localizado no coração de Al Wakrah, ao sul da capital catari.

"Símbolo de generosidade"

O "gahwa" é um símbolo de hospitalidade que se oferece aos visitantes. (AFP/AFP)

Nas majlis (locais de recepção e centros de sociabilidade, principalmente masculinos), é o chefe de família que prepara o "gahwa" para seus convidados e a bebida é oferecida pelos filhos mais jovens.
A orientação é que o café deve ser servido com a mão esquerda em uma cafeteira tradicional chamada "dallah" e dividido em pequenas taças com o nome de "finjans", que devem ficar cheias até um quarto de sua capacidade para que não se queime a mão direita, utilizada para consumir a bebida. A degustação também é acompanhada de tâmaras.

A forma de comunicar que já se está saciado é agitando o "finjan", em vez de comunicar em voz alta. Este costume é uma herança do passado em que pessoas surdas serviam nos "majlis", uma forma de evitar o vazamento de assuntos políticos ou militares.

"O símbolo do café faz parte de nossa história. Em centenas de anos, o país mudou, mas o café, não", ressaltou Sherif.

Em 2015, uma iniciativa dos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Omã e Catar fez o "gahwa" ser aceito como patrimônio cultural imaterial da Humanidade.

"Servir o café árabe é um aspecto importante da hospitalidade nas sociedades árabes e é considerado um símbolo de generosidade", acrescentou a Unesco.

É uma forma de "hospitalidade calorosa", dizem os organizadores do Mundial de 2022, especialmente em relação às preocupações de outros países sobre a recepção de torcedores LGBTQIA+ no torneio.

Conheça a newsletter da EXAME Casual, uma seleção de conteúdos para você aproveitar seu tempo livre com qualidade.

Acompanhe tudo sobre:BebidasCaféCatarCopa do Mundo

Mais de Casual

Angelina Jolie vai colocar Ferrari GT 250 à venda em leilão em Paris; veja valor

Fábrica da BMW em SC começará a produzir primeiro carro híbrido plug-in nacional

Hario inaugura espaço gastronômico único no mundo em São Paulo

Dia do Bartender: conheça 5 profissionais importantes para a coquetelaria paulistana