Vinhos: as sugestões são da Cellar, Evino, Portus Cale e Wine. (Alexander Spatari/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 20 de abril de 2021 às 17h16.
Última atualização em 24 de abril de 2021 às 09h46.
Em 2020, mais de 6 milhões de pessoas se tornaram consumidores de vinho no Brasil, segundo a consultoria Wine Intelligence. Na disputa por esse comprador inexperiente, estão milhares de rótulos, distribuídos por diversas lojas, supermercados, importadoras, lojas e comércios eletrônicos. Uma overdose de opções. Ganha quem consegue facilitar a escolha. Foi pensando nisso que o Evino, maior e-commerce de vinhos da América Latina, contratou a Pipa.
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A Pipa entende de vinho e conhece as preferências do consumidor médio. Em uma conversa de pouco mais de um minuto, ela descobre quanto o cliente pretende gastar e em que situação ele quer beber o vinho. Sugere, então, um entre os 400 rótulos cadastrados do e-commerce. Se o cliente estiver contente, ela ainda oferece um cupom de desconto de R$ 20 (em compras acima de R$ 100, para clientes novos, e de R$ 150 para quem já cliente da Evino). Caso o consumidor não esteja satisfeito, pode fazer outras sugestões.
Apesar do apelido feminino, a Pipa não é uma funcionária, mas, sim, um chatbot desenvolvido pela startup Wine Locals, uma atendente virtual. O contrato de parceria prevê que a ferramenta da Wine Locals venderá exclusivamente vinhos do Evino por um ano, além das experiências que são o foco da startup.
Para acessar a Pipa, é preciso entrar pelo site da Wine Locals. “Ela é um programa de inteligência artificial que usa informações de mapa dos hábitos de consumo de vinho de mais de 30 mil pessoas”, diz Eduardo Souza, sócio e co-CEO do Evino. Segundo ele, para decidir o que sugerir, a Pipa cruza informações desse mapa e das fichas de cada um dos 400 vinhos cadastrados com as respostas dadas pelos clientes a 4 ou 5 perguntas.
Ela começa questionando que tipo de vinho a pessoa quer comprar: um tinto, um branco, um espumante ou um rosé. Em seguida, pergunta quanto ela quer gastar. Então, oferece sete situações de consumo diferentes para o cliente escolher como, por exemplo, “uma noite romântica” ou “curtir um Netflix”. Daí pergunta o quanto a pessoa acha que entende de vinho. Em alguns casos, pergunta também se o cliente quer um vinho tradicional ou "diferentão".
Todas essas perguntas são importantes para orientar a escolha do software, mas as duas mais importantes são a situação de consumo e o grau de conhecimento do consumidor. É aí que a Pipa precisa usar sua inteligência. O grau de conhecimento que a pessoa acredita ter, determina muito de seu comportamento enquanto consumidor. A Wine Locals divide os consumidores em cinco categorias segundo a familiaridade com o mundo do vinho: iniciantes, interessados, entusiastas, maduros e especialistas. O entusiasta, por exemplo, quer provar castas novas, regiões novas, conhecer tudo.
“O nosso objetivo principal é atingir as faixas que vão do iniciante ao entusiasta”, diz Diego Fabris, sócio-fundador do Wine Locals. “É aí que está a maior parte dos consumidores, e a maioria do conteúdo sobre vinhos dirige-se sempre para o especialista. O iniciante não sabe se ele quer um vinho com muito ou pouco tanino, com esse ou aquele aroma. Ele sabe que quer um vinho para beber em determinada situação.” Especialistas e maduros, contudo, também não são esquecidos. Há sugestões pensadas para eles também.
Como é um programa de inteligência artificial, a Pipa deve aprender sozinha ainda mais com o tempo de trabalho. Novas perguntas podem se mostrarem úteis para filtrar a escolha. Porém, como o diálogo é anônimo, o software não tem como guardar as preferências de cada cliente. “Talvez, no futuro, se possa pensar nisso”, diz Fabris. “Por enquanto, decidimos por não ser preciso fazer login porque isso agiliza o atendimento”. E a Pipa não vai ganhar uma voz humana como a da Alexa ou da Siri? “Capaz, essa coisa da voz tem um apelo forte.”
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