Embalagem ecológica: solução reduz o desperdício no campo e o consumo de novos recursos para produção. (Brayan Gómez e Rafael Boada)
Vanessa Barbosa
Publicado em 18 de junho de 2016 às 07h40.
São Paulo - Sabe a famosa lei da conservação da matéria que diz "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"? Em um mundo de produção e consumo desenfreados, felizmente, é possível encontrar produtos cujo ciclo de vida imita a lógica da natureza.
Um exemplo promissor vem de um projeto desenvolvido pelos designers colombianos Brayan Stiven Pabón Gómez e Rafael Ricardo Moreno Boada — uma embalagem ecológica feita de fibra de bananeira, algo aparentemente simples, mas com benefícios potenciais imensos para o meio ambiente, as pessoas e a economia.
A Colômbia é um dos cinco maiores exportadores de banana no mundo, com 45 mil hectares de área cultivada. Com o projeto, a dupla dá vida nova às fibras do pseudocaule da bananeira (o "caule" verdadeiro é subterrâneo), um material geograficamente abundante e comumente descartado pelos agrircultores.
O ciclo é todo fechado, atendendo ao princípio do design cradle-to-cradle ("do berço ao berço", em português) que, em linhas gerais, preconiza que, ao final do seu ciclo de vida, um produto e suas partes constituintes possam ser reinseridos na produção, evitando o desperdício e reduzindo o consumo de novos recursos, proposta contrária ao design cradle-to-grave ("do berço au túmulo"), que tem como fim o lixo.
Nesse caso, o processo começa com a retirada das camadas fibrosas do pseudocaule da bananeira, que passam por desinfecção e esterilização com vapor de água, de acordo com a descrição do projeto.
O material "cru" é então moldado para tornar-se uma embalagem. Para ligar suas partes, os designers utilizam cola biodegradável feita a partir de batatas, e o rótulo é impresso com uma tinta biodegradável.
Segundo os designers, essa combinação garante a resistência do produto a alimentos quentes, a líquidos e, de quebra, assegura a biodegradabilidade da própria embalagem. No final, o material pode ser facilmente compostado e servir de adubo para as plantações de banana. Nada se perde, tudo se transforma.
"A embalagem de fibras de bananeira poderia substituir o plástico e o papel, além de oferecer uma experiência natural para o usuário, conscientizar o agricultor e gerar alternativas de desenvolvimento sustentável para comunidades locais", dizem os criadores.