(Divulgação: 10'000 Hours/Getty Images)
Colunista
Publicado em 7 de abril de 2024 às 07h07.
Não é novidade que o brasileiro ama beber café. Seja para dar energia ao acordar pela manhã ou na pausa do trabalho durante a tarde, a bebida é paixão nacional. Afinal, ela está presente em 98% dos lares no país.
Como se já não bastasse ter tantos atributos prazerosos, o café também é um excelente aliado na busca de um estilo de vida mais saudável. Ele é capaz de prevenir doenças neurodegenerativas e potencializar a prática de exercícios físicos.
Para entender mais sobre o assunto e trazer dicas relevantes, conversamos com Silvia Oigman, Coordenadora do Projeto Café e Cérebro, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), e membro do Comitê Café e Saúde, da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Confira!
Segundo a pesquisadora, estudos sugerem que consumidores habituais de café possuem uma maior expectativa de vida e têm menores chances de desenvolver Diabetes do tipo 2 e doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e o Alzheimer.
A bebida ainda auxilia na prevenção da perda de memória durante o envelhecimento, e, também, de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. "Isso acontece porque o café contém centenas de outros compostos bioativos além da cafeína, como, por exemplo, os ácidos clorogênicos, que são fortes antioxidantes", explica.
A cafeína, uma das substâncias presentes no grão, é amplamente reconhecida por sua capacidade de melhorar o desempenho, uma característica que a torna popular entre atletas e entusiastas do exercício físico. Ao ingeri-la, é possível potencializar o resultado.
Estima-se que a dose de cafeína no café preparado deve estar dentro da faixa de 3 a 6 mg/kg para uma pessoa de 70 Kg. Portanto, duas xícaras de café, consumidas cerca de 45 minutos antes, favorecem a prática de atividades físicas, na maioria dos indivíduos, reduzindo a fadiga e melhorando a resistência e a força muscular.
O consumo moderado de café pode promover mudanças positivas no humor e no comportamento humano, como o aumento de energia, o bem-estar, a sociabilidade, a disposição e a motivação para trabalhar, bem como a melhora da autoconfiança e da função cognitiva, incluindo maior estado de alerta e foco mental, vigilância, aprendizagem e memória.
A cafeína também pode auxiliar na busca de um estilo de vida mais saudável. Afinal, ela é capaz de potencializar o efeito de medicamentos analgésicos no caso de dores de cabeça e enxaqueca.
Porém, Silvia faz um alerta: "A cafeína ingerida em excesso pode causar efeitos prejudiciais à saúde, resultando em um estado de excitação e ansiedade, taquicardia, dor de cabeça, palpitação, insônia, inquietação, nervosismo e tremores, que são mais perceptíveis nas pessoas que a metabolizam de forma mais lenta no organismo.
Além dos aspectos genéticos, esse desempenho é influenciado por diversos outros fatores, como idade, gravidez, alimentação, medicamentos e condições médicas preexistentes. Tais elementos têm potencial de retardar a eliminação da cafeína. Uma parcela da população pode ter o sono perturbado pela substância e, por esse motivo, recomenda-se que seu consumo seja interrompido até oito horas antes de dormir".
De acordo com a pesquisadora, há um consenso entre as principais autoridades regulatórias do setor de alimentação de que, na maioria dos adultos, o consumo de até 400 mg de café por dia, o equivalente a quatro xícaras de café coado de 100 mL ou duas doses de 50 mL de espresso, não representa risco. Já as crianças, com idades entre cinco e oitos anos, devem limitar a ingestão de cafeína em uma quantidade de até 3,0 mg por quilo de peso corporal ao dia, pois há influência no desenvolvimento cerebral, no equilíbrio do cálcio e na duração do sono.
Café é sinônimo de sabor e, também, de saúde. Aproveite os benefícios da bebida e desfrute de um estilo de vida mais saudável. Mas, lembre-se: em casos específicos, é indicado consultar um profissional de saúde que possa fornecer aconselhamento personalizado.