Flávia Saraiva: "no caso da ginástica artística, os baixos com coxas fortes levam vantagem por terem mais equilíbrio em traves e menos peso para o apoio", diz médico especialista (Lars Baron/Equipa/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2016 às 15h39.
Se você também está acompanhando as Olimpíadas, muito provavelmente já reparou que o formato dos corpos dos atletas pode variar conforme a modalidade que cada um deles pratica.
"Essas mudanças dependem de idade, raça, esporte, lesões e intercorrências, tempo de prática, nível em que é praticado (profissional ou não) e o número de competições em que o atleta se envolve ao longo do ano e da carreira", explica o Dr. Ricardo Nahas, médico do esporte e coordenador do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital 9 de Julho, de São Paulo.
Segundo o especialista, as modificações ósseas ocorrem durante o crescimento e o desenvolvimento, ou seja, até a fase de adulto jovem. Após a maturação, as adaptações ocorrem sempre de acordo com o estímulo.
Ou seja, se treinar força, o corpo ficará musculoso; se treinar resistência, ficará esguio e fino. "À medida que a idade avança, as alterações são possíveis, mas mais difíceis de serem obtidas, devido ao envelhecimento do organismo", comenta.
Além disso, de acordo com o médico, as adaptações sempre são reversíveis, embora as deformidades não sejam. "Assim, ao desenvolver lateralidade (quando um lado se torna maior e mais forte que o outro), podem acontecer desvios no eixo dos membros por resposta adaptativa ao esporte praticado desde a infância.
Dessa forma, algumas deformidades só poderão ser corrigidas cirurgicamente, quando necessário", alerta.
Como algumas modalidades alteram o formato do corpo
"Na natação, é comum que o atleta tenha ombros largos e braços fortes para poder desenvolver o nado de maneira rápida. As pernas, embora utilizadas, participam menos do que em outros esportes, como no futebol. Se o nadador for velocista, terá músculos definidos. Se participar de maratonas aquáticas, terá maior quantidade de gordura e músculos resistentes", aponta o Dr. Ricardo.
"Se praticado antes de completar o crescimento, o futebol provoca a abertura dos joelhos pela ação muscular exigida no esporte, o que causa o joelho de 'cowboy', mais ou menos típico de futebolistas. Para o apoio em uma perna só e para ter potência de chutes, as coxas devem ter músculos fortes, o que as deixa visualmente grandes e grossas", destaca.
"No basquete, os jogadores precisam ser altos, pela própria natureza do esporte. Eles são fortes e velozes para poder arrancar em um curto espaço e não desequilibrar nas disputas de bola", continua.
"Depende da posição em quadra, mas os jogadores de vôlei devem ter pernas fortes para os saltos e braços fortes para os ataques, que também devem ser velozes e potentes", atenta.
"No atletismo, se o atleta for velocista ou saltador, é preciso ser alto e ter potência muscular nas pernas. Os fundistas, por sua vez, têm baixo peso, baixa estatura, músculos resistentes e pouca gordura corporal", conta.
"No caso da ginástica artística, os baixos com coxas fortes levam vantagem por terem mais equilíbrio em traves e menos peso para o apoio dos saltos, argolas, cavalo e barras. Os braços fortes são também indispensáveis nos aparelhos em que há suspensão e sustentação do corpo", ressalta.
"Quem pratica ciclismo tem na coxa volumosa o principal destaque físico, até pela necessidade desse 'motor' no esporte. Essas pessoas devem ser flexíveis para se 'esconderem' da resistência do ar, posição característica em que o esporte os coloca", finaliza.