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Como a Ventura se tornou 'a ótica dos famosos' com óculos de até R$ 79 mil

Com a terceira geração na gestão, a empresa combina inteligência artificial, consultoria de estilo e processos artesanais para produzir até 5.000 peças por ano

Felipe Ventura: 15 pares de óculos em seu acervo (Ventura/Divulgação)

Felipe Ventura: 15 pares de óculos em seu acervo (Ventura/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 08h00.

Última atualização em 9 de setembro de 2025 às 09h22.

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De tédio ninguém sofre ao entrar na loja da Ventura, no bairro paulistano dos Jardins. Em longas estantes pelas paredes estão centenas de óculos de todos os formatos e cores. Tem armação com teia de aranha e estilo op art, de metal e de acetato, fabricados em todos os lugares, do Brasil à Indonésia.

Algumas peças são fabricadas pela própria Ventura, em um processo que combina inteligência artificial com o trabalho artesanal em acetato italiano com personalização e cocriação para desenvolver armações exclusivas sob encomenda ao gosto de cada cliente.

Outras são garimpadas em feiras e pequenas óticas independentes ao redor do mundo. A diversidade de opções tem atraído de políticos a grandes empresários, de artistas a influenciadores. Os óculos da Ventura estão no figurino de novelas, peças e shows.

“Atendemos com horário marcado, levamos em conta o estilo pessoal de cada cliente, estudamos os formatos de rosto e a cor de pele”, diz Felipe Ventura, a terceira geração da família no setor da ótica. “É um trabalho de cocriação mesmo, em que ouvimos muito cada pessoa que vem aqui e contribuímos com nossa especialização e nossas sugestões. Esse é o nosso diferencial.”

Cada óculos especial leva dois meses para ficar pronto

A Ventura concilia inteligência artificial com consultoria de estilo e processos artesanais. A primeira etapa dura cerca de duas horas. Numa primeira conversa, Felipe faz um mapeamento do estilo de vida e da personalidade do cliente, em que aspectos como hábitos diários e linguagem corporal são considerados. Desse papo define-se a forma, o volume e a cor da armação, geralmente em acetato italiano Mazzucchelli.

No meio da loja fica uma máquina chamada Ivision, que custa 130.000 reais. O aparelho realiza 12 medidas faciais detalhadas, como distância temporal, proeminência das maçãs do rosto e distância entre as pupilas.

Com armação e lentes definidas tem início um trabalho manual de 20 etapas, como criação do molde e polimento, seguido por cerca de dois meses de fabricação e pelo menos 45 horas de trabalho. A Ventura trabalha com produção terceirizada.

“Temos parceiros, pequenos artesões pelo Brasil que conforme o design da peça e o maquinário utilizado, sei onde consigo alcançar o resultado esperado”, diz Felipe. “Somos um estúdio, nosso trabalho é totalmente manual, um a um.” Por ano, a Ventura produz entre 3.000 e 5.000 mil óculos. Segundo Felipe, o crescimento em vendas tem sido de 20% em relação ao ano anterior.

Parte do acervo disponível na Ventura é uma curadoria de pequenas marcas feitas pela família Ventura em viagens. Entre as opções disponíveis quando a reportagem da EXAME Casual esteve lá destacavam-se uma peça da Pray, marca de Nova York, por 6.900 reais, um par da italiana Glare, por 5.400 reais, e um óculos francesa da Pierre, por 8.600 reais.

Há opções mais caras, como um Gold&Wood, de Luxemburgo, pelo preço de 14.400. No topo de linha está um par com hastes e ponte de ouro 18K, bastante delicado, feito sob medida, que chega a custar 79.000 reais.

 Marília Gabriela e Mel Lisboa entre as celebridades

O avô paterno de Felipe tinha uma ótica, chamada Elegante. A Ventura mesmo foi fundada em 1988 por Deborah e Francisco, pais de Felipe, na casa em que a família morava então, na rua Bela Cintra, no bairro paulistano dos Jardins. Hoje lá funciona apenas a loja. Enquanto o casal atendia os clientes, Felipe passeava entre as estantes das peças.

A base de dados de clientes conta hoje com cerca de 50 mil nomes. Uma das primeiras personalidades a usar óculos Ventura foi Marília Gabriela. “Ela nos procurou quando estava no auge com o programa ‘De Frente com Gabi' com a ideia de ter vários óculos para compor seu look dependendo do entrevistado”, lembra Felipe.

“Quando o entrevistado era um político, por exemplo, usava um óculos discreto. Já se fosse um cantor extravagante, como Supla ou Baby do Brasil, apostava em peças com volume e cores”, conta. “O sucesso foi tão grande que criamos a primeira linha de óculos de um artista no Brasil e passamos a vender em óticas de todo o país. Virou sua marca registrada.”

Jô Soares também era cliente da casa. “Um dia fomos chamados para ir até a casa dele. Levamos óculos de todos os formatos, tamanhos, cores e materiais. Ele foi muito gentil provou e ouviu todas as nossas indicações. Mas no final escolheu um modelo da nossa marca Ventura e pediu para fazermos réplicas em todas as cores possíveis.”

Mais recentemente, Mel Lisboa pediu apoio para o musical em homenagem a Rita Lee, em cartaz. “Todos os óculos do figurino foram pensados a partir das referências de cada época. O apoio a cultura está em nosso DNA, sempre somos lembrados pelos figurinistas e produtores quando o assunto é transformar um personagem”, diz Felipe, ele mesmo dono de um acervo de 15 peças. “Escolho o que usar dependendo do programa, entre ir ao estádio ver o Corinthians e sair com amigos para beber vinho.”

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