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Com sete meses de preparação, Andréa Cruz, CEO da Serh1, subiu o campo base do Everest

Um convite inesperado fez Andréa Cruz, fundadora e CEO da consultoria Serh1, retomar o montanhismo e viajar até Nepal

Andréa Cruz: trilhas e caminhadas que vão de São Bento do Sapucaí, em São Paulo, ao Nepal (Leandro Fonseca/Exame)

Andréa Cruz: trilhas e caminhadas que vão de São Bento do Sapucaí, em São Paulo, ao Nepal (Leandro Fonseca/Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 5 de maio de 2024 às 08h42.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 16h43.

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Na virada do ano de 2018 para 2019, ­Andréa Cruz, fundadora e CEO da Serh1, consultoria especializada em gestão de carreira, decidiu colocar uma meta para o novo ano: fazer um mergulho e uma viagem longa para passear. Mas os planos mudariam rapidamente e, em vez do fundo do mar, Cruz foi parar a mais de 5.000 metros de altitude no Everest. O convite veio de uma amiga que, para comemorar seus 30 anos, desejava levar um grupo para a maior montanha da Terra. “De cara eu achei uma loucura, não estava preparada fisicamente para andar nem 300 metros”, conta. “Além disso, elas tinham 30 anos e eu era a mais velha, com 43.”

Cruz ficou atenta ao planejamento da viagem, em que iriam mais cinco pessoas e o preparador Carlos Santalena. “Quando ele disse que todos ali eram amadores, me senti confiante para embarcar. Tenho uma ligação muito forte com a natureza.” O mês era março, e a viagem aconteceria em outubro. “Uma vez por semana, uma delas me ligava para saber como eu estava. Mas no fundo eu entendi que elas queriam monitorar se eu estava me condicionando e treinando, porque esse tipo de atividade exige um treino diário.”

Para Cruz, a viagem seria uma forma de voltar ao montanhismo, atividade que pratica desde a infância. “Pensei que não conseguiria chegar ao campo base do Everest, mas que de qualquer forma a viagem seria um incentivo para voltar a treinar. Sou baiana, quando eu era criança ia com frequência com a minha família para a Chapada Diamantina. Fazia camping com meu pai, e hoje agradeço a ele por ter feito isso comigo na infância. Mas hoje não me chame para acampar”, brinca.

Além do conjunto de montanhas na Bahia, Cruz costuma frequentar o Parque Nacional do Itatiaia e a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, em São Paulo.

Antes de chegar ao Nepal, Cruz se aventurou pelo Peru. Aos 20 anos, a executiva decidiu ir sozinha para Cusco e seguir até Machu Picchu. “Peguei o guia Lonely Planet, e uma das dicas era procurar passeios de empresas que os europeus contratavam, pois eles costumam ser mais atentos aos equipamentos de segurança.” Assim, Cruz seguiu para a montanha com um grupo de alemães.

“O brasileiro tem características como o improviso e a espontaneidade, e isso me fez subestimar Machu Picchu. Achei que seria uma trilha simples, já que muitas pes­soas fazem. Por lá, comi muita carne e bebi álcool, e acabei sofrendo os efeitos da altitude.” Da viagem ficaram alguns aprendizados, como não fazer viagens de aventura sozinha e respeitar os limites que a natureza impõe.

“A montanha tira todas as suas máscaras. Ela mostra quem você é de verdade.” – Andréa Cruz, fundadora e CEO da consultoria Serh1 (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Uma lição que Andréa trouxe do Nepal foi como lidar com a mente em momentos desafiadores. “Você vai chorar, vai ter medo, vai travar e vai ficar feliz com coisas muito simples. Você precisa ter equipamentos seguros, não importa se é de uma marca cara, pois não é isso que vai fazer você conseguir chegar ao topo. Você vai emprestar seu bastão ou até mesmo beber água do cantil de alguém que você pouco conhece.” A caminhada durou dez dias. Apenas ela e outra amiga chegaram ao final do trajeto, a 5.364 metros de altitude.

Quando completou a caminhada, a executiva decidiu que quando voltasse ao Brasil finalmente concretizaria seu sonho de ter um cachorro da raça golden retriever. O animal, que acompanhou a entrevista dormindo nos pés de Cruz, foi batizado de Nepal, e costuma acompanhá-la em caminhadas.

As lições aprendidas nas montanhas também são aplicadas no trabalho de Cruz, que há 11 anos fundou a Serh1, consultoria voltada para a gestão de carreiras. “Após um ano da viagem ao Nepal, a empresa aumentou em quatro vezes”, diz.

Um dos trabalhos de Cruz é o programa de aceleração de carreira para altos executivos e consultorias para lideranças trabalharem com grupos diversos. Google, Renner, Decathlon, Johnson & Johnson e Vivo são alguns de seus clientes.

“Para mim, todo executivo deveria começar um hobby do zero. Somos acostumados a liderar, a dar ordens o tempo inteiro e a pensar nas coisas que o dinheiro paga. Mas, na montanha, nada disso vale. Na viagem nos juntamos com outros grupos, e lá havia um presidente de uma grande empresa que decidiu voltar de helicóptero. A montanha tira todas as suas máscaras. Ela mostra quem você é de verdade.” As próximas montanhas que Cruz deseja conhecer são o Kilimanjaro, na Tanzânia, e o Mont Blanc, na fronteira ítalo-francesa.

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