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Com salários de milhões, brasileiros reforçam futebol chinês

Depois de propostas milionárias, foram para lá Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes e Felipão, os três últimos técnicos da seleção brasileira, e um punhado de bons jogadores como Robinho, Diego Tardelli e Jadson.

Felipão (REUTERS/Sergio Perez)

Felipão (REUTERS/Sergio Perez)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2015 às 10h50.

São Paulo - Mesmo em baixa no cenário mundial, jogadores e técnicos brasileiros estão sendo contratados para dar um novo impulso ao futebol chinês. Depois de propostas milionárias, foram para lá Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes e Felipão, os três últimos técnicos da seleção brasileira, e um punhado de bons jogadores como Robinho, Diego Tardelli e Jadson. Paralelamente, os chineses estão no Brasil para buscar a inspiração direto na fonte. É uma imigração para treinar e compartilhar o que viram.

Os dirigentes do Shandong Luneng compraram em julho do ano passado o CT que pertencia ao Desportivo Brasil, em Porto Feliz, no interior de São Paulo. O complexo de 160 mil metros quadrados tem cinco campos oficiais, piscina, sala de musculação e alojamento. Tudo voltado para as categorias de base.

Com isso, o trabalho é realizado em duas frentes: a contratação de estrangeiros para a equipe profissional e a manutenção de CT de ponta para desenvolver as categorias de base. Todo o ambicioso projeto do clube do técnico Mano Menezes e dos brasileiros Diego Tardelli, Aloísio e Junior Urso é propiciar a chegada de um clube chinês às principais ligas europeias.

A estrutura em Porto Feliz foi o QG da seleção de Honduras durante a Copa e atualmente recebe chineses de até 20 anos. No intercâmbio, eles treinam e fazem amistosos com equipes locais, correndo atrás de um estilo de jogo menos oriental e mais brasileiro. "Viemos ao Brasil para procurar um novo desafio para alcançar e superar nossa limitação", disse o supervisor das categorias de base, Liu Jin Bao, que acompanha os 27 garotos do time sub-14.

O grupo vai ficar um mês no Brasil para uma série de amistosos contra adversários de diferentes níveis. Na visita que o jornal O Estado de S.Paulo fez ao CT, na última quarta-feira, os chineses eram só alegria. Fizeram 5 a 0 em um time da própria Porto Feliz.

Apesar do placar, algumas fraquezas ficaram evidentes. Os orientais não se arriscam, evitam o drible e chutam pouco a gol. Lances individuais são raros. Por outro lado, são bons no domínio de bola e no passe, têm ótima organização tática, disciplina e velocidade.

O técnico Yuan Wei admite que falta competitividade. "Quando viajam para fora do país, os garotos não têm tanta autoconfiança e coragem. Na parte técnica, talvez estejam no mesmo nível, mas a confiança faz falta", disse. A humildade de vir aprender reflete sonhos modestos. O objetivo é apenas ser titular, como diz o meia Wang Yushuo, de 14 anos, que fez dois gols no amistoso. "O Brasil nos ensina o ritmo de jogo e a liberdade de improvisar".

O coordenador técnico do Desportivo Brasil, Rodrigo Pignataro, aposta que o planejamento trará resultados. "Eles têm fundamentos mais apurados do que o brasileiros nessa faixa etária. Aqui, há uma deficiência de não se preocupar, por exemplo, a ensinar um destro a chutar com a perna esquerda", avaliou.

Grana

O investimento mensal no CT é de R$ 1,2 milhão. Toda essa dinheirama e também aquela das contratações são, em grande parte, do governo chinês, direta ou indiretamente, em escala federal ou local. Os clubes da primeira divisão são de propriedade privada, mas contam com a colaboração do governo. "A China está com o poder do dinheiro. O jogador vai para onde a condição financeira for melhor. A bola é redonda é qualquer lugar do mundo", disse Roberto de Andrade, presidente do Corinthians.

Edson Tavares, primeiro brasileiro a trabalhar como treinador na China, explica que os repasses públicos aumentaram com a chegada do presidente Xi Jinping ao poder, no ano passado. Ele sonha com a China como potência do futebol. Plano ambicioso. O país mais populoso do mundo é um zero à esquerda no futebol mundial e ocupa a 84.ª posição no ranking da Fifa. Seu melhor resultado foi o 31.º lugar na Copa de 2002, que teve 32 seleções.

Na outra ponta da história, dos brasileiros que vão para lá, a aposta é arriscada. Isso ficou claro na Copa América deste ano. Depois de começar como titular da seleção brasileira, o atacante Diego Tardelli foi perdendo espaço e virou reserva. O mesmo aconteceu com Everton Ribeiro, que atua nos Emirados Árabes Unidos. Dunga reconheceu a diferença técnica, tática e física dos dois para o restante do grupo. Eles dificilmente serão chamados durante as Eliminatórias para a Copa de 2018.

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