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Com pandemia, máscaras tornam-se novo acessório de moda

Maioria das máscaras segue um padrão discreto; algumas, no entanto, fogem dessa regra

Máscara: uso da proteção pode ajudar na contaminação pelo novo coronavírus (Marcello Zambrana/Anadolu Agency/Getty Images)

Máscara: uso da proteção pode ajudar na contaminação pelo novo coronavírus (Marcello Zambrana/Anadolu Agency/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de junho de 2020 às 14h31.

Última atualização em 1 de junho de 2020 às 14h32.

Desde o dia 7 de maio o uso de máscaras passou a ser obrigatório pelas ruas de todo o Estado de São Paulo. De item opcional na luta contra o contágio do novo coronavírus, todos passaram a precisar utilizá-las após decreto do governador João Doria (PSDB).

A maioria das máscaras, tal qual os carros na cidade, segue um padrão discreto no rosto daqueles que por um motivo ou outro precisam sair às ruas - de cores preta, branca ou azul marinho, combinam sem alarde com o tradicional cinza paulistano. Algumas, no entanto, fogem dessa regra monocromática e chamam a atenção pela forma como combinam com o restante da roupa ou pelo carinho com o qual foram escolhidas.

A reportagem do Estadão ouviu algumas histórias sobre como foram feitas, compradas ou obtidas. Enfim, quais são os motivos das estampas e outros detalhes a respeito desse inusitado item do vestuário que, ao que tudo indica. veio para ficar.

Vestindo jaqueta verde militar, boné estampado e óculos escuros, o haitiano Edwigt Espera, de 33 anos, os últimos sete morando no Brasil, compunha o modelo "street wear de sobrevivência das ruas do pós-normal" com seu pano preto de estampa branca amarrado no rosto. "O uso das bandanas é muito comum no meu país, são fáceis de achar, baratas e muito simples de usar", resumiu ele, antes de sumir pelas alamedas grafitadas da Vila Madalena.

Em seguida, surge o desempregado Marcio de Oliveira Souza, de 50 anos. "Era inspetor de alunos de uma faculdade em Higienópolis e fui demitido em janeiro desse ano. As coisas já não estavam fáceis antes desse vírus aparecer, imagine agora", completa. Vestia uma máscara camuflada preta, branca e cinza, que ganhou da esposa. As mulheres, aliás, parecem mesmo ser as grandes provedoras de máscaras dos parceiros, namorados, maridos e filhos.

A printer Milena de Oliveira, 27 anos, que exerce seu trabalho de designer em um ateliê de impressão, que o diga. Com o parceiro, o tatuador Jefferson Torquato, de 31 anos, exibiam intrigante máscara de pano com estampas de motivos tropicais. "Fiz essas duas máscaras a partir de uma ecobag antiga que tinha produzido. Ela estava em casa, cortei o pano, costurei, coloquei os elásticos. O desenho fui eu que fiz também."

Para combinar com a máscara artesanal, os dois vestiam um clássico das ruas paulistanas: calça de sarja preta e camiseta branca.

Mas toda regra tem uma exceção e, nesse caso, isso foi atestado pela história da professora aposentada Selma Bitelli, de 62 anos fotografada com uma máscara azul clara com desenhos discretos de coroas portuguesas, formando um elegante degradê com sua camiseta estampada de pássaro. "Ganhei minha máscara do meu filho", resumiu orgulhosa.

No Largo da Batata, caminhava a elegante corretora de imóveis Jucilene de Jesus Cintra, de 43 anos. Sua máscara rosa ornava altiva com uma camiseta de mesma cor, casaquinho branco realçando as cores vivas da composição.

"Você está focalizando na foto a minha camisa também? Escolhi porque combina com a cor da máscara, percebeu? O turbante eu coloquei porque meu cabelo está muito grande e sem corte, desse jeito dou uma disfarçada", dispara. A máscara foi comprada com outras que adquiriu de um costureiro boliviano, em uma rua paralela ao largo.

No semáforo em direção à Marginal do Pinheiros, o motoboy Rafael Vicente, de 36 anos, aguardava o verde do sinal para seguir apressado e vencer o vírus, a crise e as contas que não param de chegar, tudo isso no entanto, sem esquecer o bom humor, evidente na máscara comprada no Brás. O apetrecho exibia uma estampa com o detalhe de um clássico das tardes de tantas gerações, o bigode do Seu Madruga, personagem do seriado mexicano Chaves.

Na ciclovia da Faria Lima transitava com sua inseparável bike Fábio Tenório, de 40 anos. Ele trabalha numa bicicletaria próxima à Faria Lima e usa todo dia o veículo de duas rodas para se transportar pela cidade.

Adivinhem a máscara - no seu caso uma bandana - que usava? Um pano cinza com multicoloridas bicicletas. "Já tenho essa bandana faz uns dois anos e já a usava para me proteger do frio. As orelhas, principalmente. Agora, claro, passei a usar mais", afirma.

As estampas temáticas não param de aparecer pela Avenida Faria Lima. A bancária Daniella Souza, de 27 anos, exibia caveiras mexicanas. "Adoro esses desenhos, minha mãe achou esse modelo e me deu de presente", disse, antes de entrar apressada no banco.

O designer Alessandro Pontes, de 44 anos, comprou por meio de uma rede social uma máscara com divertidos desenhos de cães. "Pesquisei alguns lugares que estavam vendendo máscaras que fugiam um pouco do comum até achar essas." A advogada Renata Leuzzi, de 35 anos, vestia uma com motivos florais comprada de "umas meninas que vendiam na frente do Pão de Açúcar da Gabriel Monteiro da Silva".

Por fim, os últimos fotografados foram o motorista de aplicativos José Augusto Faria, de 44 anos, com seu filho o pequeno Gabriel, de 4 anos. Eles exibiam as tais máscaras discretas, mas a fofura do pequeno Gabriel chamou a atenção da reportagem e rendeu um belo retrato de pai e filho. Uma cena que nos mostra que a delicadeza e a alegria estão sempre presentes, mesmo em momentos difíceis como esse

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