A apresentadora e o primeiro guia de todos (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 17 de setembro de 2020 às 15h30.
Devastadora para o setor de restaurantes, a pandemia não impediu que o novo Guia Michelin RJ & SP saísse do forno. A edição de 2020 será anunciada no próximo dia 25 diretamente do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Será uma cerimônia virtual, sem plateia, transmitida ao vivo, a partir das 18h30, pelo canal oficial do Michelin no Youtube (acesse aqui). Chefs conhecidos darão um tempero extra ao evento — da cozinha do hotel, darão dicas culinárias para os espectadores. Quem foi escalada para apresentar o evento é a Didi Wagner, que comanda o programa Lugar Incomum, do Multishow. Ela concedeu a seguinte entrevista a Exame Casual.
Você tem o hábito de incluir visitas a restaurantes com estrelas Michelin em suas constantes viagens?
Sempre acompanhei as avaliações do Michelin. E todas as visitas aos restaurantes estrelados ficaram marcadas na memória. Lembro de uma viagem, no esquema mochilão, que fiz pela Europa com uma amiga quando tinha 18, 19 anos. E contando cada franco e libra, porque ainda não existia o euro. Terminamos a viagem em Paris, onde, coincidentemente, a mãe da minha amiga se encontrava. Ela convidou a gente para jantar e nos levou a um restaurante com 3 estrelas Michelin. Nunca tinha tido uma experiência do tipo, que segue viva na memória. É uma experiência que vai além da gastronomia. O foco do Michelin é a comida, claro, mas também envolve o ambiente, o serviço, a atenção dada aos detalhes. Fiquei muito encantada com aquela experiencia, até porque foi um contraste e tanto com a penúria da viagem toda.
Lembra do nome do restaurante?
Não lembro, mas já tive a oportunidade de conhecer diversos restaurantes 3 estrelas Michelin. São sempre impactantes. Em Paris fui ao Le Pré Catelan, dentro de um bosque, uma coisa fantástica. Em se tratando de um 3 estrelas é sempre caro. É inevitável. Mas não fica caro quando você observa tudo que recebe em troca. São sabores inusitados, pratos criados pelo chef com exclusividade. É sempre uma experiencia especial, que não é rápida. Acaba se tornando um evento.
Que outros estrelados visitados não saem da sua memória?
Vários. Já jantei no Per Se, em Nova York, quando o Leonardo DiCaprio jantava também. No Eleven Madison Park, na mesma cidade, no Le Pré Catelan, no Alma, em Lisboa, no L'Ambroisie, em Paris... Não lembro todos de cabeça. E não posso deixar de citar os brasileiros como o D.O.M, do meu amigo Alex Atala.
O que representou a chegada do Michelin no Brasil, em 2015?
A versão brasileira do guia colocou o Brasil no mapa da gastronomia mundial. Mostrou que nós temos restaurantes que não devem nada aos mais consagrados do resto do mundo. Para os chefs é ótimo porque ajuda a movimentar o mercado. Estrelas são chancelas, algo pelo qual os chefs anseiam, batalham.
O prêmio deste ano tem um sabor diferente em razão da pandemia, que atingiu em cheio o setor?
Se teve um setor que foi muito afetado foi o dos restaurantes e bares. Acho incrível essa capacidade do ser humano de se adaptar a novas realidades e aos diferentes desafios que surgem. Por isso achei muito bacana a decisão de manter a premiação neste ano. Vai ser uma apresentação diferente, virtual, com a participação de pouquíssimas pessoas, sem público presente. É importante reconhecer os restaurantes que se destacaram mesmo num ano tão complexo, tão desafiador. Vai ajudar a movimentar o mercado, injetar um pouco de otimismo e entusiasmo para todos que dependem desse meio.
Já voltou a frequentar restaurantes?
Quando senti que havia uma certa segurança recorri ao delivery algumas vezes. Me deu uma sensação boa poder ajudar um pouco esse setor. Mas só voltei a pisar num restaurante desde o início da quarentena no último domingo. Fui comer pizza num restaurante ao ar livre no litoral de São Paulo. Vou ser sincera. Estava apreensiva antes de chegar, mas lá tive uma ótima sensação. Senti que todos os cuidados estavam tomados ali. E fui supercautelosa: levei álcool em gel e só tirei a máscara realmente quando estava na mesa. Tive a sensação de que a vida está sendo retomada aos poucos. Não fiquei insegura, apreensiva. Sinto falta dessa movimentação, da socialização, do convívio em sociedade. Entendo a importância do isolamento social e cumpri muito direitinho todas as recomendações. Fiz o exame PCR ontem e, graças a Deus, não tive contato com o novo coronavírus. Torço para que, com a devida segurança, a gente possa voltar a sentir um pouco de vida novamente.